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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

30
Nov08

Não me tentes

João Madureira

 

 

Não me tentes com a teoria de arrasar tudo. Sei que alguém pegou na máquina fotográfica e pôs a tua cabeça a levitar. Com todo o caudal sumptuoso do pavor alguém exige voltar ao princípio. O que é isto, meu deus!

29
Nov08

Correm loucas as vozes

João Madureira

 

 

Vêm devagar as cores das palavras. Correm loucas as vozes arrefecidas da neve forte. É fria a rede de jardins que ilustram a minha infância. Ou o que resta dela. Pelas tuas mãos se mede a nostalgia dos exemplos. Tu estás dentro de mim por isso te sinto como um meteoro.

 

28
Nov08

A loucura

João Madureira

 

 

A loucura é uma despedida dolorosa.

As barcas do inferno gritam sobre as águas enquanto as pontes iluminadas estruturam a passagem das almas obcecadas.

Toda a largura do céu exacerba a boca da noite.

 

27
Nov08

As mãos fortes

João Madureira

 

 

Têm tantos dedos as mãos fortes!

Andam no ar prodígios de destruição.

Arde-me a acumulação dos dedos na voragem das mulheres sentadas.

Dizem que Deus ajuda as mulheres amadas.

Dizem também que Deus ajuda a eternidade amarga da beleza.

O amor acumula-se por debaixo dos nomes.

 

26
Nov08

O silêncio…

João Madureira

 

 

Animais irrompem pelas barreiras do frio e respiram por delírios carregados de devassidão. Têm cabeças cruéis fervilhando de sombras, perfurando pedras de som por entre a transparência da pele. As nervuras das agulhas pungem a paixão dos paredões de luz. O vazio das vírgulas multiplica-se na desarrumação do silêncio. As asas vingativas dos insectos arquejam na altura das montanhas. As tensões vingativas dos corpos incendeiam o delírio das imagens poliédricas. Também o vácuo vertical irradia cerimónias ásperas de enlevo. São as vozes do vazio quem multiplica as pétalas do silêncio. O silêncio celebra as aparições claras. O silêncio ferve. O silêncio coloniza o vazio. O silêncio invade os parques varridos pelos animais obscuros. O silêncio dorme a teu lado como uma maldição. O silêncio…

23
Nov08

Ver o tempo e as nuvens

João Madureira

 

 

“Isso sacudia-as, soprava-lhes nas cabeças, viviam numa época nervosa, e qualquer coisa não batia certo, cada um se achava inteligente, mas todos juntos sentiam-se estéreis. E se ainda por cima tivessem talento – e a sua imprecisão de modo nenhum excluía isso – o que se passava nas suas cabeças era como ver o tempo e as nuvens, os comboios, os fios telegráficos, as árvores e os animais e todo o cenário animado do nosso querido mundo através de uma vidraça estreita e suja; e ninguém iria notar facilmente isso na sua própria janela, mas apenas na do vizinho.”

 

O homem sem qualidades – Robert Musil

 

22
Nov08

A receita secreta de José Sócrates

João Madureira

 

 

“Mas depois veio um senhor chamado Bismark que pelo menos uma coisa boa fez: mostrou que a política não se faz nem com discursos nem com inteligência! Apesar dos seus lados sombrios, conseguiu que, desde o seu tempo e até onde a língua alemã alcança, todos ficassem a saber que na politica não há nada a esperar de inteligência e discursos, mas tão-somente da reflexão silenciosa e da acção.

 

 

O homem sem qualidades – Robert Musil

 

21
Nov08

Receita para grevistas

João Madureira

 

 

“Mas também noutras esferas se passava muita coisa que era difícil de descrever em palavras, de tal modo que a alma pressentia, como um rufar de tambores, algo de invisível que ainda não dobrou a esquina. Os funcionários dos reais e imperiais telégrafos faziam pela primeira vez greve, de forma altamente inquietante, a que se deu o nome de resistência passiva e que consistia, nada mais nada menos, em se observar com o maior rigor e estrita pontualidade todos os regulamentos de serviço; e depressa se constatou que a estrita observância de todas as leis era mais capaz de levar à paralisação de todo o trabalho do que o faria a mais desbragada anarquia.”

 

O homem sem qualidades – Robert Musil

 

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