É preciso ter lata!
Antigamente havia pouca lata e muito latoeiro.
Agora há cada vez mais lata e os latoeiros estão em vias de extinção.
Antigamente também existia muita precisão de baldes de baixo custo. Pois as necessidades eram muitas e diversas.
Havendo alguma lata a bom preço, que não era fixo, mas era baixo, relativamente, claro está, o trabalho lá se ia fazendo. Os pacientes latoeiros faziam bacias, almotolias, funis, jarros, mas, sobretudo, caldeiros.
Actualmente tal produto foi substituído pelo plástico, que é ruim de destruir, mesmo pela terra, e possibilita a produção em série.
Sendo o plástico matéria barata e bastante maleável, relativamente, claro está, aproveitam-na agora para confeccionar vários coisas, desde logo a muita e famosa comida, mas também próteses, roupa, carros, sorrisos e até caras e corpos.
Também há muito dinheiro de plástico. E caras plásticas. E políticas plastificadas, tal e qual os cartões de crédito e de débito.
Ainda não fizeram nenhum primeiro-ministro de plástico, mas pelo caminho que isto leva, já não falta tudo.
Bem vistas as coisas, até temos um presidente que é um “cara de pau”.
Mas lata, lata, possuem-na, em quantidades assinaláveis, os mais variados autarcas espalhados pelo interior do país que proclamam aos quatro ventos a sua aposta no desenvolvimento, na educação e na cultura. Facto que tem provocado a debandada geral dos portugueses para o litoral.
Mas com esse tipo de lata já não se fabricam caldeiros, só se imprimem gazetas de província.
É que hoje come-se muito mais do que soía e por isso as necessidades são outras.