Bolinhos de amor
Os adeptos das feiras são muito dados a festejar. São muito folgazões. Dizem-se muito solidários. E muito amigos dos seus amigos. Respeitam a cultura local. E a global. Mas têm a intrépida vontade de construir um mundo novo. Só não sei se tal teimosia é um bom ou mau presságio. Mas se é teimosia reflecte determinação. E, sendo assim, sugere vontade.
Gostam muito de ver, experimentar, deduzir, polemizar, discutir e catequizar.
São superiores a dar conselhos, a orientar-nos no melhor negócio, a pôr intenção em tudo o que é humano. E, como todos sabemos, tudo o que é humano é relativo. Como relativa é a minha disposição para usar gravata.
Mas se quase todos os gostos são relativos, com muito bem verbaliza o nosso povo, a minha paixão pelos bolinhos de amor é absoluta. Sobretudo se forem de feira.
Os bolinhos de amor têm a particularidade de serem caseiros. Bem, nas feiras tudo é caseiro, muito caseirinho, muito tradicional, muito conforme a nossa cultura ancestral. E a nossa cultura ancestral é, indesmentivelmente, muito caseirinha, muito arranjadinha, muito singela.
A verdade é que nós gostamos muito daquilo que é nosso. Somos muito educadinhos e espertinhos. E gostamos muito de feiras.
Quando vou a uma feira sinto-me
Quem me conhece sabe bem da minha fixação pela doçaria. Sou especialmente doido pela doçaria campestre. A conventual provoca-me perturbações existenciais.