A árvore inquieta
Sinto-me como um leão enjaulado. Dou voltas e voltas e não me consigo lembrar da última vez que saí contigo. Agora só leio e escrevo. E dou voltas. De vez em quando espreito lá para fora mas só vejo uma pequena árvore que nunca sai do sítio, tal como eu. Sinto-me como uma árvore que está lá fora à espera de entrar no quarto e escrever. Cada vez procuro mais ser como uma árvore que espera apanhar sol e escrever com as suas raízes poemas essenciais. Não consigo ter paz, só inquietação. Uma inquietação que mata. A vida é inquietação. E por mais voltas que dê, a conclusão é sempre a mesma. Por isso escrevo em busca da resposta para o sentido da vida. Mas a vida tem essa disposição inquietante para se transformar num labirinto concêntrico onde nos perdemos de cada vez que tentamos encontrar-nos. E em cada encontro nos separamos para mais tarde nos encontramos e depois nos tornarmos a perder e de seguida nos tornarmos a encontrar. Sempre em círculos concêntricos, sempre às voltas, sempre em busca de respostas, sempre à procura de um sentido para a vida.