Obliquidades e outras encadernações
Está tudo inclinado. Uns inclinam-se para aqui. Outros inclinam-se para ali. E ainda há outros que se inclinam para acolá. Sim, todos se inclinam.
Dizem: todos nos inclinamos. Sim, todos nos inclinamos. Só que uns inclinam-se mais que outros. E sempre para o mesmo lado. Mesmo que pareça que se inclinam para outro lado, inclinam-se sempre para o mesmo.
O problema não está no lado, está na inclinação. E quando uma pessoa se inclina, o problema não reside no lado, mas na inclinação.
Não é o ângulo, é a inclinação. É a subordinação à inclinação, já que a subordinação não tem lado, só tem inclinação.
O alecrim cheira bem. Sim, o alecrim cheira bem. Cheira bem o alecrim.
De que lado é que está o alecrim?
Sim, a igreja cheira bem, cheira a perfume de rosas. Mas as rosas inclinam-se para que lado?
Hoje já o alecrim cheira a rosas e as rosas cheiram a plástico.
Para onde se inclina o cheiro de plástico das rosas?
Inclinam-se os templos para o tempo da contemplação dos templos.
Serão os templos rosas?
Será o templo contemplação?
Será o templo plástico de rosas?
Serão as rosas alecrins temporais?
Serão os templos monumentos à indigência das inclinações?
Onde há inclinações sobram os botões de rosas.
Ai os cravos! Ai as inclinações!
Sobram os botões.
Sobram as rosas.
Só não sobram as contrafacções.