Vozes no escuro
De repente deixei de te ver. De repente tudo ficou escuro. Muito escuro. Onde estás? Por favor diz-me onde estás. Diz qualquer coisa. Por favor, diz qualquer coisa para eu sentir que ainda estás aí. Vá lá. Não brinques comigo dessa maneira, que me assustas. E eu já estou assustada que chegue. Já é suficientemente assustador ver tudo escuro, agora não te ouvir é aterrador. Por favor, diz qualquer coisa. Gosto de ouvir a tua voz. Gosto de te ouvir falar. Do teu tom de voz. Da segurança da tua voz. Da tranquilidade com que dizes as coisas mais incómodas, ou as mais doces. Transmites-me paz de espírito. Onde estás? Onde estás? Onde estás? Está aí alguém? Ei, está aí alguém? Por favor, diz-me onde estás. Está aí alguém? Ei, ei, ei! Está aí alguém? Diz-me se ainda aí estás. Deixa-me ouvir a tua voz. Por favor. Ou, ou, ou, ei ei, ei! Está aí alguém? Por favor, diz qualquer coisa. Por favor. Deixa-me ouvir a tua voz. Quero ouvir mais uma vez a tua voz. Nem que seja a última. Por favor. Por favor. Por favor. A tua voz. Deixa-me ouvir a tua voz, nem que seja esta a última vez.