A exaltação da futilidade
Vivemos os tempos da exaltação da futilidade.
O segredo misterioso desvaneceu-se e a misteriosa profundidade da sabedoria humana é, nos dias que nos tocam viver, motivo de chacota.
Eu ainda sou do tempo em que nos deixávamos inebriar pela aura misteriosa do desígnio humano e tentávamos interpretar o sofrimento em vez de exprimir a sua acção inibidora.
Considerávamos que a intenção tinha muito maior preponderância porque ocorria dentro da alma de cada um e, por isso, libertava todas as possibilidades da imaginação.
Desprezávamos interpretar a acção porque, afinal, é sempre absurda ou necessariamente controlável, não deixando nenhuma diligência à espontaneidade.
Por fim ficávamos atrapalhados com tudo o que é definido como realidade.
Será que a realidade existe?