A melancolia das migalhas
Num dia de Feira dos Santos, sentado em frente de uma frágil mesa de madeira, enquanto comíamos um prato de polvo à galega, ouvi uma discussão sobre o que era o Universo, as Galáxias, as Nebulosas e as distâncias de anos-luz que nos separam de tal imbróglio celestial tão difícil de imaginar.
Foi então quando o meu tio, virando-se na direcção da sua distanciada mulher, explicou: “A nossa Terra, ou melhor dizendo, tudo o que nela se passeia e se dá ares de importância, não passa de migalhas”.
Melancólico, e suficientemente baralhado, mandei vir outro prato de polvo à galega, um trigo de cantos, uma caneca de vinho tinto e, ainda, um Sumol para o meu filho mais novo.