O preconceito democrático
Também na política e no trabalho, tal como na escrita, a imaginação deve estar a par da empatia.
De facto, é humanamente impossível experimentar tudo aquilo porque os outros passaram e viveram.
Por isso é que a literatura é essencial na ajuda e na compreensão dos indivíduos, até dos mais monstruosos.
Um grande romance é aquele onde a complexidade dos indivíduos nos é demonstrada através da voz expansiva de cada personagem.
Só assim uma obra pode ser democrática.
Ora qualquer obra genuinamente democrática – como qualquer indivíduo sinceramente democrata – não é aquela que advoga a democracia, mas sim a que incorpora na sua génese esse conceito fundamental.
São abjectos todos aqueles que vêem o mundo a preto e branco, extasiados pela virtude das suas próprias ficções.