Olho para o céu e vejo tudo escuro. Será que já não há estrelas? Depois penso no voo desatento dos pardais. Alguém se foi embora. Há sempre alguém que se vai embora. Há sempre alguém que fica sozinho.
A ACISAT deseja-vos um Bom Natal. Eu não sei que vos diga. Olho para as ruas e elas estão desertas. Só os postes e as luzes me recordam a civilização. Tudo o resto é desalento. Não sei que vos diga. Eu vou com as estrelas.
Desço as escadas na margem esquerda do Tâmega e fotografo o rio brilhante que mansamente corre por debaixo da Ponte Romana. Depois ponho-me a sonhar com viagens enigmáticas. Inundam-se-me os olhos de água.
Volto sempre ao lugar donde parti. Não sei se vá, se regresse. Teimosias, dizia a minha avó. Quando chego, quero partir. Quando parto quero regressar. Quando vou, deslizo. Quando resisto, perco-me. Não sei se regresse. Não sei se vá. Limito-me a observar o lento passar dos momentos.
Dizem por aí que vamos ter Pai Natal ainda durante muito tempo. É que o Engenheiro Sócrates aumentou-lhe também a idade da reforma para os 100 anos. As renas já fizeram saber ao patrão que vão entrar em greve ainda antes do fim do ano.