Terça-feira, 31 de Janeiro de 2006

Os ramos das videiras desenham quase sempre curvas verdadeiramente sinuosas.
Depois o fotógrafo deseja captar a luz solar que foge.
Foge a luz mas não foge a beleza simples dos dias e das noites.
Tento eternizar sentimentos.
Ficam-me nas mãos apenas saudades eternas.
Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2006

De mil em mil visitas pretendo publicar,
sempre que possível,
um autoretrato reflexivo quanto baste.
Aqui fica o segundo.
Estão de parabéns os visitantes.
Desculpem a cara de pau.

Põe-se o Sol lá para os lados do barroso.
Hoje enchi-me de olhar para o ar.
Passeei logo pela manhã em busca de um sorriso sincero.
Só encontrei rostos fechados.
Vão maus os tempos.
Vai mal a vida.
Anda desesperada a alma dos homens e mulheres de boa fé.
Outros tempos virão.
No entanto continuo a viajar sempre para outro lado.
Para o lado de lá.
Agora apetece-me descansar.
Revejo de olhos fechados as fotos que não tirei.
Domingo, 29 de Janeiro de 2006

É o céu que nos deslumbra.
É o azul que nos equilibra.
É a beleza que nos destroi.
Uma imagem vale mais que mil palavras.
Para sempre.
Um olhar está para além do que é inteligível.
Sábado, 28 de Janeiro de 2006

Há falta de melhor, sobra sempre um espaço no telhado onde podemos colocar os vasos para que as plantas recebam a luz do Sol antes das outras.
Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2006

Nunca me canso de passear pelas ruas antigas da minha cidade.
Há por ali tanta história, tanta memória, tanta ternura, que me esqueço de onde venho e para onde vou.
Voam sempre por ali almas ancestrais e saudosas.
Por vezes sinto-as tocando as paredes, as portas e as janelas.
Quase sempre lhes mando mensagens para os meus antepassados.
Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2006
O Jardim Público é hoje um espaço sitiado.
Sem espaço para se poder observar o Brunheiro.
Alguém colocou paineis opacos para reduzir as vistas de um espaço público.
Porque será?
Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2006

Quando o cansaço toma conta do nosso corpo é sempre bom ter um banco disponível para descansar.
Terça-feira, 24 de Janeiro de 2006

Por vezes, quando olhamos para o céu vemos coisas insólitas, como é o caso destas telhas colocadas em posição vertical.
Segunda-feira, 23 de Janeiro de 2006

Nas pequenas nervuras das folhas das árvores corre a seiva
que permite que cresçam.
São esses movimentos imperceptíveis
que possibilitam o milagre da vida na terra.
Esse é o movimento vital.
Domingo, 22 de Janeiro de 2006

Não interessa a quantidade de água.
Não nos limitam as margens.
Não nos mete medo a diferença.
Só nos incomoda a indiferença e a desistência.
Há sempre vida e futuro para além do que dizem os permanentes.
Quem não sabe sair a tempo pode ser levado pela enxurrada.
O futuro é sempre plural.
Viva a Madalena.
Sábado, 21 de Janeiro de 2006

Anjos de pedra não voam.
Para eles o céu fica sempre alto de mais.

Um repuxo de água em Chaves é uma redundância.
Como estamos em período de reflexão eleitoral, aqui fica a água que não presta para consumo mas que serve para nos transmitir uma mensagem de inutilidade compulsiva.
Existe sempre algo de mais profundo que uma ideia consentida, e é esse o sentimento de utilidade democrática.
A nossa liberdade existencial leva-nos sempre à liberdade como condição humana.
Há sempre algo que se move mesmo quando a inquisição pretende o contrário.
Glorifiquemos a poesia e a liberdade de expressão.
Sexta-feira, 20 de Janeiro de 2006

Cescem ervas daninhas nos nossos campos.
Mas, mesmo belas, essas ervas não deixam de ser nocivas.
Quinta-feira, 19 de Janeiro de 2006

Acordei atordoado.
Passei toda a noite a sonhar com o comboio em que ia passar férias ao litoral e regressava cheio de saudades e de certezas no futuro da minha terra.
Uma andorinha não faz a Primavera.
Nem um pardal povoa uma terra.
Alguém vai ter que responder pelo assassinato do interior.
Estou em crer que há muita gente na política verdadeiramente implicado.
A seu tempo a verdade será evidente.
Quarta-feira, 18 de Janeiro de 2006

Ainda não vai lá muito tempo e estas escadas estavam constantemente a ser subidas e descidas por adultos e crianças.
Agora sentem saudades desses tempos.
Os proprietários foram para o Litoral, lá para o Sul, ou Centro.
Aqui os que restam definham na inércia da cidadania.
Os que vão já não voltam.
A terra fica dorida e só.
Só nos resta morrer sozinhos.
Terça-feira, 17 de Janeiro de 2006

Estou à tua porta e tu foste para Lisboa.
Passo à tua porta e toco na campainha.
Depois dizem-me que já não há pachorra para aturar os chatos da província.
Alguém vai ter que proteger a terra dos nossos antepassados.
Serás tu?
Vais e vens de jipe, vais e vens, vais e vens, vais e vens... vais.
Já não vens.
Será que fazes cá falta?
Segunda-feira, 16 de Janeiro de 2006

Nesta casa já há muito tempo que ninguém bate à porta.
Os seus donos foram para o litoral, lá para o sul.
Vêm cá de ano a ano e ficam na casa de familiares.
Dizem que têm saudades desta sua terra.
Mas, lá no fundo, estão sempre a suspirar por ir embora.
A província é uma chatice.
Aqui já as aranhas puseram a sua mensagem.
Domingo, 15 de Janeiro de 2006

Penso nos seres humanos que se aqueceram com o calor do sol acumulado dentro deste alpendre.
Agora aquecem-se lá as aranhas e outros pequenos animais.

Já ninguém se senta nos bancos do jardim em tempo de lazer.
Já não há lazer, só a fazer.
Já não há fazer, só há dizer.
Já não...
Sexta-feira, 13 de Janeiro de 2006

Vou por aí a baixo e não vejo ninguém.
Só os gatos se enrolam no seu ronronar incomodativo.
As pessoas foram todas embora.
Agora dizem que têm saudades da terra.
Mas uma terra não vive de saudades.
Um território povoa-se com gente, não com memórias.
Chaves merecia melhores filhos, mas parece que só tem enteados.
Quinta-feira, 12 de Janeiro de 2006

O interior da cidade de Chaves cada vez se degrada mais.
Já não há pessoas. Foram todas para fora.
Muitas delas ainda se agarram às memórias.
Só que essas brumas cada vez são mais etéreas.
São as ruínas do interior.
Já não há pessoas. Foram todas para Lisboa.
Até os cemitérios ficam abandonados.
Quarta-feira, 11 de Janeiro de 2006

Olha-se para cima e vemos flores, janelas e um céu demasiado azul.
Terça-feira, 10 de Janeiro de 2006

A Ponte Romana de Chaves é um lugar privilegiado
para se observar o lento deslizar das águas do Tâmega.
Segunda-feira, 9 de Janeiro de 2006

Este é um dos primeiros voos dos aeroplátanos flavienses.
Domingo, 8 de Janeiro de 2006

Enaltece-me...
Não me de"grades".
Sábado, 7 de Janeiro de 2006

Plátanos que sobem e descem.
O azul é o fundo eterno.
Sexta-feira, 6 de Janeiro de 2006

Num dia triste, uma ponte triste olha para um rio triste.
Parece que nada mexe, nem a água que corre debaixo dos arcos se dá conta do seu mínimo deslizar.
Amanhã é outro dia.
No entanto a ponte é a mesma. Só que esta água já não passará segunda vez debaixo destes arcos.
Quinta-feira, 5 de Janeiro de 2006

No início uma árvore frondosa parece um singelo arbusto.
Depois cresce.
É então quando a árvore toma conta de si própia.
Finalmente a árvore expande-se e triunfa.
É o triunfo do verde. É o triunfo dos verdes. É o triunfo da natureza.
Quarta-feira, 4 de Janeiro de 2006

Se observarem bem, existe um galo de latão lá bem no cimo do telhado.
São os pormenores que tornam a vida interessante.