Esta é a escola da minha terra.
Ou melhor, esta era a escola da minha terra porque para o ano vai encerrar.
Esta é a construção moderna que veio substituir o edifício antigo situado no centro da Torre de Ervededo e que antes de ser escola foi tribunal e prisão.
Agora as crianças da minha localidade vão rumar a outro edifício situado no Couto de Ervededo para aí aprenderem as primeiras letras.
Isto porque o Ministério da Educação vai fechar as escolas do primeiro ciclo com menos de dez alunos. Isto é, cerca de mil e quinhentas em todo o país.
Na escola para onde se deslocam nada vão encontrar de melhor nem de mais específico do que na que vão deixar. O que quer dizer que as condições de aprendizagem vão continuar a ser irrisórias. Nada acrescentam. Tudo fica na mesma perante o argumento falacioso da aposta na qualidade pedagógica invocada pelo Ministério da Educação.
O encerramento de estabelecimentos de ensino num país que precisa tanto de apostar na educação é, apesar dos argumentos invocados, um contra-senso. Porque por cada escola que se fecha, ainda que tenha poucos alunos, criam-se vários problemas, nomeadamente aos alunos, aos pais e até às comunidades onde estão inseridas.
Então se a tudo isto juntarmos o facto desta cega e autista decisão ter sido tomada por um Governo que enche a boca na aposta do conhecimento, da qualificação, do desenvolvimento e da luta contra a desertificação do interior, vemos quanto as palavras sobram na boca dos políticos.
Por isso os protestos já se iniciaram e, estou em crer, vão alastrar por esse interior fora.
Quem encerra uma escola sabe perfeitamente que essa decisão vai ser definitiva em termos da liquidação dessa mesma localidade, transformando-a num cemitério fantasmagórico, onde os espectros e os espíritos se instalarão e aí bailarão com os espíritos dos nossos antepassados.
Porque uma escola sempre foi para nós um símbolo um símbolo de progresso a que tivemos direito enquanto cidadãos de um país que precisava de um povo culto e civilizado.
E é este símbolo que agora acaba.
Mas lá diz o povo que quem ferros mata com ferros morre.