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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

21
Mar06

Árvores alinhadas

João Madureira
2005_1126ChavesA11nov0004.JPG
O intrincado dos ramos nus das árvores desenha sempre linhas interessantes.
Sem folhas, as árvores reduzem-se ao essencial.
Gosto até mais de as ver assim: erectas, nobres, em descanso, reproduzindo e guardando a seiva que lhes possibilita acordar na próxima Primavera.
É por isso que as árvores morrem de pé.
20
Mar06

Mas que cruz!

João Madureira
2004_0918chavestarde0062.JPG
Num poema de Fernando Pessoa o Espírito Santo é associado a um pombo.
Pois também é essa a sensação que tenho quando olho para esta fotografia.
O Espírito Santo, cansado do tempo eterno, descansa mesmo em cima da cruz.
E a Cruz é também um sinal bem intenso do tempo que nos toca viver.
Se lá por fora nos fica a impressão que chove, o pressentimento dentro de casa é que, com este Governo, troveja. E forte.
19
Mar06

Folhas

João Madureira
2004_1208chavesDezPonteRio0001.JPG
Ali estão as folhas que me embalam os olhos.
Parecem mortas, mas apenas descansam.
Antecipo o prazer de as pisar.
Sei que elas não se importam.
18
Mar06

não entres tão depressa nessa noite escura

João Madureira
noite.JPG
Ando a ler o romance de António Lobo Antunes com o título acima respigado.
Antes de tudo, este escritor português remete-nos quase sempre para o genial William Faulkner, autor do extraordinário romance “Absalão, Absalão!”
O António é um escritor de dimensão mundial e sem pretensões moralistas, bem ao contrário de José Saramago, o eterno homem-deus que anda sempre a lembrar-nos que todos somos cegos, menos o próprio e meia dúzia de comunistas iluminados.
A cada um as suas idiossincrasias.
Do espanhol Saramago prefiro, desde logo, a sua personagem Blimunda ao autor do “Ensaio Sobre a Cegueira”.
Não seria a primeira vez que um imprudente chegava à conclusão de que ser cego é não enxergar.
Mas não há pior cego do que aquele que não quer ver.
17
Mar06

Outro dia será

João Madureira
2004_1208chavesDezPonteRio0016.JPG
Há gente que está sempre do lado de lá.
Do outro lado da margem.
Ou se não estão querem, ou aspiram, a estar.
Estar ou não estar é sempre um dilema.
O que ele tem de especial é o seu sentido absoluto de insatisfação.
Por isso quando se está do lado de cá o nosso maior desejo é atravessar o rio e chegar ao lado de lá.
Estamos sempre cá e lá.
Lá e cá.
Só os loucos respiram a beleza desta insatisfação.
Os outros suportam-na ou rejeitam-na compulsivamente por causa da fatalidade das coincidências.
É a loucura objectiva das margens.
Hoje só nos resta indefinir sombras.
16
Mar06

O paradoxo da vida

João Madureira
2004_0918chavestarde0084.JPG
Há na vida dos seres humanos um paradoxo intransponível.
Passamos uma vida inteira a aprender e quando o nosso conhecimento está amadurecido, morremos.
Passamos uma vida a armazenar informação, a desenvolver a nossa cultura e quando já temos o nosso saber devidamente desenvolvido, quando já temos a serenidade da sabedoria e da experiência, eis que a morte se aproxima e transforma aquilo tudo em nada.
Para a vida ter sentido o processo devia ser ao contrário: nascermos culturalmente desenvolvidos, cheios de sabedoria e, a pouco e pouco, atingir o estado inocente de a conseguir desprezar.
Assim a fenecimento tinha sentido e morríamos ignorantes, mas em estado puro.
Tudo se tornava mais inteligível, alguma coisa passava a ter sentido
15
Mar06

Passa por cá um rio

João Madureira
ponte ar.JPG
Passa por cá um rio que nos acaricia os olhos cansados já de ver nos objectos noticiadores tanta melancolia, tanta violência e tanta crueldade.
Nas suas águas reflectem-se sentimentos múltiplos, esperanças esgotadas e desejos esquecidos.
Passa por cá um rio que já vai sendo eterno de tanto penar.
Todos os que aqui vivem se alimentam da sua calma e ininterrupta presença.
Todos lhe devemos amor e veneração.
Ele nada pede, mas sente a falta dos que o amaram como a um filho.
14
Mar06

Homenagem a Jackson Pollock

João Madureira
2004_0605Chavesdiversos0088.JPG
Jackson Pollock, (28 de Janeiro de 1912 – 11 de Agosto de 1956) foi um importante pintor dos Estados Unidos da América e referência no movimento do expressionismo abstracto.
Pollock nasceu em Cody, no estado de Wyoming. Começou os seus estudos em Los Angeles e depois mudou-se para Nova Iorque. Desenvolveu uma técnica de pintura, criada por Max Ernst, o 'dripping' (gotejamento), na qual respingava a tinta sobre suas imensas telas; os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela. O quadro "UM" é um exemplo dessa técnica. Pintava com a tela colocada no chão para se sentir dentro do quadro. Pollock parte do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela elabora uma obra de arte. Além de deixar de lado o cavalete, Pollock também não mais usa pincéis.
A arte de Pollock combina a simplicidade com a pintura pura e suas obras de maiores dimensões possuem características monumentais. Com Pollock, há o auge da pintura de acção (action painting). A tensão ético-religiosa por ele vivida impele-o no sentido dos pintores da Revolução Mexicana. A sua esfera da arte é o inconsciente: os seus signos são um prolongamento do seu interior. Apesar de ter o seu trabalho reconhecido e com exposições por vários países do mundo, Pollock nunca saiu dos Estados Unidos. Morreu num acidente de carro em Agosto de 1956.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
13
Mar06

Espera perpétua

João Madureira
2004_1208chavesDezPonteRio0022.JPG
Reflectem-se as casas e as árvores nas águas do rio.
Os anjos de pedra da igreja contemplam estupefactos a Veiga de Chaves.
Lá ao longe descobrem ninhos e pássaros atormentados pela fuga das pessoas para a cidade.
Nas estradas circulam os carros sempre para um lado e para o outro. Sem descanso. Sem rumo. Sem sentido.
Impávida e serena, a Ponte Romana deixa passar as pessoas por cima da água sem se molharem.
Nada mais quer. Nada mais deseja.
Só lhe resta esperar pela placidez bárbara dos tempos.

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