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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

10
Jun06

Lá mais à frente

João Madureira
2004_0905chavesaguasetembro30008.JPG
Não há necessidade de olhares para mim com esses olhos ternos e interrogadores.
Eu não me chateio. Até gosto.
Mais a mais, não te tenho medo.
Ai ris-te. Pois ri-te à vontade. Eu não me importo. Até gosto.
Não. Não olhes para mim dessa maneira.
Não me convences. Eu não gosto de cães.
Bem, não é que não goste deles. Só que não os aprecio e acho detestável o excessivo afecto que as pessoas lhe dedicam. Lavam-nos, passeiam-nos, dão-lhe boa comida, vacinam-nos e até lhe administram contraceptivos. Já reparaste que todos os cães de agora são obesos?
Há por esse mundo fora gente que não tem nem sequer um copo de água para beber ou uma mão cheia de arroz com que se alimentar.
Os cães não são seres humanos para terem tanta atenção.
Agora há cachorros por todos os lados. Ladram, defecam, cheiram mal, mijam em todo o lado.
Eu não gosto de cães.
Ou melhor, não gosto de epidemias e o número de cães que há por aí não augura nada de bom.
O que está em causa não são os cães. É o seu número excessivo. É a sua sacralização.
As pessoas podem não ter filhos, mas têm cães.
E depois passeiam-nos pela rua, que é um espaço público que custa tempo e dinheiro a manter limpo, para que eles defequem e urinem nos passeios, nos postes de iluminação pública, nos jardins. Menos nas casas dos seus donos e nos seus jardins.
Sujam a casa de todos nós deixando as casas dos seus donos limpas e asseadas.
Reparo que começou a chover.
Fica-te bem o cabelo assim molhado.
Eu gosto de olhar para ti.
Se tivesses um cão ao lado distraía-me com coisas acessórias de que não gosto.
Bem, não é que não goste. O correcto será dizer que não aprecio. Gosto de animais que vivem nos seus espaços vitais. No seu meio. Olha, gosto de lobos. Gosto da sua ferocidade, da sua luta pela vida, de cumprirem com a sua função.
Os cães não têm função, são subsidiários, são quase indigentes.
Gosto de passear à chuva. O cabelo molhado fica-te bem, dá-te um ar vivificante.
Gota a gota enche o rio o leito.
Essa é que é essa.
09
Jun06

Demasiado

João Madureira
2004_0816quarteiracoimbra0002.JPG
– Olha para cima.
– Não quero.
– Olha para cima.
– Não posso.
– Olha para cima.
– Não posso com tanto azul. Dá-me vertigens.
– Olha para cima.
– Não consigo.
– Olha para cima.
– Deixa-me em paz.
– Olha para cima.
– Porque é que te empenhas em irritar-me?
– Olha para cima.
– Tu és a minha cruz.
08
Jun06

Distorções e alinhamentos

João Madureira
2004_0605Chavesdiversos0037.JPG
Pus uns óculos especiais para ver um eclipse e os meus olhos ficaram com distorções funcionais incomodativas.
Nada de grave, felizmente.
Mas, há sempre um mas… ou até dois, ou três.
Nada de majestoso, já se vê
Mas que é incomodativo, lá isso é.
Não é que sendo incomodativo seja uma coisa grave, mas sempre aborrece.
Mesmo aborrecido, lá vou andando.
Mesmo andando, lá vou indo como posso. Não como quero, mas sim como posso. O que não é bem a mesma coisa.
Não é nada de grave, mas é incomodativo.
Mas lá vou andando como posso.
Uns dias com a moral em cima. Outros dias com a moral em baixo.
Ainda outros com a moral nem em cima nem em baixo. Antes pelo contrário.
Nada de grave, já se vê.
Mas, há sempre um mas e outro mas e ainda outro.
Nada de grave, já se vê.
Agora lá vou indo, mas há sempre um mas. E outro. E outro.
Também comprei uns sapatos que me dão mau andar. Mas lá vou andando como posso. Não como quero, mas sim como posso.
Os sapatos até que são jeitosos, só que me apertam um pouco o dedo mindinho.
Nada de grave, já se vê. Mas no entanto é incomodativo ao andar. E eu ando muito. Não é para me gabar, mas eu ando muito. E bem. Também não é para me gabar. Mas eu ando muito, bem e depressa. Está claro que umas vezes ando mais depressa e outras mais devagar. Mas isso pouco significado tem.
Também pouco importa.
Muitas vezes vou passear para junto do Tâmega. E gosto.
Quando a distorção ocular me ataca vejo os patos às cores. Mesmo sabendo que são pretos ou brancos vejo-os das mais diversas cores. Até roxos, valha-me Deus. Patos roxos, onde é que isso já se viu? Só se for no almanaque do Tio Patinhas.
Eu não gosto de ler a andar mas às vezes acontece.
Eu gosto muito de ler. Não é para me gabar mas leio muito. E literatura de gabarito.
Eu também gosto muito de lavar as mãos no Verão.
Fico com elas frescas.
Também lavo os pés. E até lavo outras partes. Tudo por atacado.
E gosto muito de sentir a água a refrescar-me a pele.
Depois lá para a noite gosto de olhar as estrelas e de seguida ir dormir.
Até amanhã, que a história já vai longa.
07
Jun06

O pano

João Madureira
2004_1030feirasantos20001.JPG
O ser humano é muito paciente e picuinhas.
Pode querer bordar panos para pôr na mesa e em cima desses panos, cheios de buracos desenhados com cruzamentos de agulhas, colocar uma jarra cheia de lindas flores.
Depois as flores morrem, mas o pano não.
O pano só precisa de ser lavado e passado de vez em quando para manter a sua beleza fixa.
Entretanto o tempo passa, as pessoas envelhecem e morrem e o pano mantém-se incólume.
Alguém o herda, o põe em cima da mesa e em cima dele coloca uma jarra repleta de lindas flores.
Depois as flores murcham e morrem, mas o pano não.
O pano só reclama uma lavagem de vez em quando.
Depois os seus donos envelhecem, morrem e o pano muda novamente de mãos.
De novo é colocado em cima de uma mesa. E em cima dele colocam novamente uma jarra com lindas flores.
Um dia a jarra quebra-se e a água suja o pano que já foi abundantemente lavado e herdado por muita gente.
Começam a aparecer nele os primeiros sinais de velhice.
São agora visíveis os primeiros buracos.
Alguém o recorta e faz dele um pano mais pequeno para pôr numa mesinha pequena onde estão alguns objectos de estimação.
O ser humano é muito paciente. E começa tudo de novo.
Novo pano. Nova família. Nova jarra. Nova mesa. Novas flores. Talvez um gato ou um periquito na gaiola. Ou, quem sabe, alguns peixes num aquário. E o pano lá está. E as pessoas também, pacientemente a observar os peixes, ou o periquito, ou a fazer festas ao gato enquanto ele ronrona de prazer.
Também a Terra se move. E a Lua. E os cometas deslizam no céu à noite.
E o pano continua a sua saga temporal.
Não morre, mas definha.
Consome-se até desaparecer no pó do tempo.
06
Jun06

Na curva descendente

João Madureira
2004_0515Chaves0144.JPG
Vou com a corrente.
A água sobrepõe-se à pedra.
Alisa-a.
Acaricia-a e harmoniza-lhe o sentido.

Um, dois, três, foi a conta que o rio fez.
Penso que há sempre uma atitude que nos revela.
E dela somos devedores.

Agora vou na contracorrente, sem que isso me atrapalhe.
05
Jun06

Ficções

João Madureira
2004_0606Chavesdiversos0063.JPG
Sinto-me vazio.
Olho para os lados e aflijo-me.
Sinto-me vazio.
Fujo para os lados e agridem-me.
Sinto-me de lado.
Falo para a frente e silenciam-me
Olho para o vazio.
Aflijo-me no silêncio e fujo.
Fujo para o vazio.
Sento-me na margem e desisto.
Margino-me nas ruas.
Fujo para o silêncio e sorrio-me.
Desisto das ruas.
Corro para casa e desintegro-me.
04
Jun06

Tamanhos e feitios

João Madureira
2004_0711ficojulho2004-b0070.JPG
Há cavalos grandes, cavalos enormes e cavalos pequenos.
Também existem seres humanos de tamanhos idênticos na sua relação relativa.
Mas será essa uma diferença substancial e indicativa de algum facto?
Também há burros de vários tamanhos, cores e feitios.
E existem mulos, ou machos, e mulas que são o cruzamento entre cavalos e burras ou entre burros e éguas. Os filhos são estéreis.
Estes últimos são bons trabalhadores, um pouco nervosos de feitio e de comportamento instável.
Dizem que os burros estão em vias de extinção. Mas nós não acreditamos. Todos os sinais apontam em sentido contrário. Há por esse Portugal fora muito burro e muita burra. Mulas e mulos é que já há poucos. Cavalos também há muitos. E éguas. Parece que até há mais éguas que cavalos. É que as éguas fazem o mesmo papel que os cavalos e são capazes de parir lindos potros que fazem a felicidade dos seus donos.
Muitas éguas parem muitos potros. Muitos cavalos só dão despesa. Dois ou três para procriar já são suficientes numa manada. O resto é desperdício. E na nossa sociedade em crise económica o desperdício é um mal a combater.
Eu gosto de burros. Também gosto de mulas e mulos, que se parecem muito ao seu progenitor asinino por causa do seu focinho curto e orelhas grandes, e com o seu progenitor equino na estatura, configuração do pescoço e da garupa. Dizem que os mulos eram a montada preferida por clérigos, médicos e cirurgiões. Pensamos que por serem excelentes animais de carga. E aprecio, sobremaneira, a beleza altiva dos cavalos e das éguas.
Muito mais haveria para dizer mas por aqui nos ficamos, com o desejo que desfrutem da imagem e também da informação.
03
Jun06

Coisas verdadeiramente importantes

João Madureira
2004_0714chaves-noite-julho140013.JPG
Manuel, Manuel, Manuel… já te disse para não pensares tanto. Isso faz-te mal. Desinquieta-te o espírito, afasta as pessoas, põe os cães a ladrar para ti no meio da rua.
Pensar não convém. O melhor é entreteres-te com a telenovela das oito ou com o futebol, com a nossa selecção, que é tão boa, tão digna, tão ganhadora. Fosse assim o país e outro galo cantaria. Os rapazes enchem-se de dinheiro porque são mestres no chuto da bola. E aquilo é difícil à brava. Muito estudo, muito sacrifício, muitos exames, muito rigor científico, muito método, muita perseverança, muito conhecimento, muito estudar e estudar e estudar, sempre, sempre, sempre em busca da melhor média. E muito cálculo matemático, muita física, muita química e também filosofia, português, história, ciências, muita mister para aqui e para ali, muitas tácticas, muito sangue suor e lágrimas. E depois são tão generosos que aplicam o seu dinheirinho na indústria nacional: bares e restaurantes, restaurantes e cafés, cafés e pizzarias, pizzarias e bares e discotecas e casas de moda. Tudo muito nacional, muito português, muito lusitano. E depois a cerveja que se bebe quando o Ricardo marca um golo e o Figo quase marca outro e o Pauleta também, e o Deco, exemplo máximo da nossa alma lusitana, e o Simão Sabrosa e o Nuno Gomes, bem, o Nuno Gomes, bem, o Nuno Gomes tem aquele corte de cabelo que faz dele um autêntico campeão. E, mesmo em jogo, nunca deixa de se preocupar com a sua bela figura.
Manuel, Manuel, Manuel, vamos ganhar o Mundial e tu só pensas em pensar, em discutir coisas que não interessam nem ao menino Jesus.
Manuel, Manuel, Manuel, pega na bandeira e vai para a rua gritar o teu enorme orgulho em seres português. Em teres nascido neste país que é o orgulho da Europa. Um país que deu novos mundos ao mundo e países tão ricos e desenvolvidos como o Brasil, Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, e, por último, aquele país que é um exemplo mundial da generosa e iluminada alma lusitana: Timor-Leste.
Manuel, não chores que isso não resolve nada.
Toma o anti-depressivo que isso passa.
02
Jun06

Inquietações

João Madureira
2004_0727bandapardais0014.JPG
As noites calmas de Verão permitem-nos falar e passear livremente pela cidade.
Sorrimos porque estamos bem dispostos, a aragem acaricia-nos a boa vontade, o sorriso das crianças que lambem um gelado da máquina é reconfortante.
Sorrimos como quem respira.
Por vezes os carros e, sobretudo, as motas passam rápido incomodando quem deseja paz.
Mas não há paz nos sentimentos dos aceleras.
Não há paz em quem não pára para pensar.
É sempre a abrir. Sempre no limite da tolerância.
Sempre na fronteira da intolerância.
Perturbam a calma de uma noite sensata.
Não são bem vindos os que fazem do barulho a sua forma de afirmação.
Não nos deixam ter paz.
Eles próprios não a conseguem
Nem paz, nem harmonia, nem sensatez.
Um mundo feito à sua semelhança é como o inferno mas com diabos aos pares.
01
Jun06

Recortes

João Madureira
jmadmic.JPG
Hoje entretive-me a recortar jornais: títulos, imagens, desenhos, publicidade e as palavras cruzadas. Tudo isto por pura distracção.
Antigamente ainda me entretinha a fazer as palavras cruzadas, agora não. Agora é mais revistas de banda desenhada da Disney.
Gosto muito das suas histórias. São muito imaginativas, muito bem desenhadas e com várias mensagens muito actuais.
Sou fã do rato Mickey e da rata e dos patinhos sobrinhos do Donald e dos irmãos Metralha e do tio Patinhas. Adoro o tio Patinhas. Aprecio a sua modéstia, a sua dedicação à economia de mercado e o seu altruísmo liberal e certamente socialista.
Por vezes, o tio dos patinhos – que também são sobrinhos do pato rouco, pato que por seu lado também é sobrinho do pato altruísta, que por acaso namora com uma pata de que agora não me lembra o nome – parece que é um obcecado pelo dinheiro, mas qual quê? Ele é uma ave altruísta, que fala muito bem, parecendo um benemérito social-democrata que nos seus tempos de juventude foi um fervoroso comunista e que agora é simplesmente um democrata, sem nenhum ismo, nem isto, nem aquilo, nem aqueloutro.
Pois o pato é agora o centro das minhas atenções, o pretexto para muitas das minhas leituras, o lenitivo para muitas das minhas cogitações.
Esqueci-me de referir que também gosto muito do Peninha e do Zé Carioca e lembro-vos que gosto, sobretudo, do rato Mickey e, porque não dizê-lo, da rata.
Ia eu na página 69 quando começou a chover intensamente para os lados de Santo Amaro.
Fiquei empapado e o almanaque da Disney totalmente danificado.
Levantei-me do banco do jardim, enfiei-me no carro e fui ao quiosque das Freiras comprar um almanaque igual.
Sou um viciado em literatura para adultos com curso superior.
Desculpem-me a fragilidade.

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