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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

20
Nov06

... e pleng!

João Madureira
2004_0905chavesaguasetembro10055.JPG
Plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang, plang…
19
Nov06

Mendigos

João Madureira
2004_0918chavestarde0074.JPG
Têm agora os pedintes direito a fila para a esmola.
Por causa do seu novo estatuto profissional e remuneratório, quem quiser dar esmola a um pobre tem de se por na fila e esperar a sua vez.
No seu novo contrato de trabalho, os mendigos passam a ter direito a férias, décimo terceiro mês, progressão na carreira por mérito e avaliação anual do desempenho. Podem também passar recibo que abate na declaração de IRS. Muitos deles vão mesmo poder ingressar na Função Pública, só que com perda de alguns direitos.
Por seu lado, os católicos vão poder progredir mais e melhor nas suas carreiras religiosas se derem esmolas substanciais, mas, sobretudo, se elas forem aplicadas no fomento do emprego, na revitalização da economia e no desenvolvimento das novas tecnologias postas ao serviço da comunidade, especialmente na transmissão das missas de domingo via Internet.
Aqui os benefícios são doados em géneros ligados à liturgia eclesiástica e, sobretudo, à aposentação a que todos passam a ter direito depois da morte. Dado que, com este governo, as reformas só vão poder ser gozadas depois da passagem à vida eterna.
Tal facto desencadeou já um protesto por parte dos agnósticos que, por não gozarem desse estatuto especial, se encontram num beco sem saída. Ou deixam de ser agnósticos e se convertem ao cristianismo, para assim passarem a ter os mesmos direitos constitucionais, ou permanecem na sua teimosia e ficam fora deste novo contrato colectivo de trabalho. O que é manifestamente antidemocrático e, até, uma intolerante intromissão nas crenças, usos e costumes, ou seja, na esfera privada de cada cidadão, seja ele católico ou não.
Contactado o sindicato dos mendigos, declarou que tal discriminação não lhes pode ser imputada, pois, para os seus sindicalizados, todas as esmolas são bem vindas, independentemente das crenças religiosas, filosóficas ou clubísticas dos benévolos dadores. No entanto dizem constatar que é às portas das igrejas, especialmente aos domingos, que os seus associados recebem as melhores esmolas. Algumas até substanciais. Nomeadamente quando se trata de políticos em tempo de campanha eleitoral e quando acompanhados da comunicação social.
Os mendigos homossexuais também já se manifestaram dizendo que continuam a ser discriminados, nomeadamente quando se encontram a pedir esmolita nas entradas dos templos. Idênticas preocupações foram referidas pelos sindicatos ou associações socioprofissionais dos transsexuais, prostitutas, africanos e ciganos.
A comunidade islâmica, sedeada no nosso país, também já tomou posição referindo que quando se encontram de turbante a pedir esmola à porta das igrejas católicas, muitos dos que lá penetram lhe dizem baixinho para irem pedir esmola para a entrada das mesquitas e que alguns deles até os insultam, comunicando-lhes para irem para a p.. que os pariu ou mesmo para as suas terras, onde estão as ditas.
Antes do alinhamento do final desta missiva, recebemos um e-mail do Ministério das Finanças a desmentir a possibilidade dos mendigos do sector privado ingressarem na função pública porque, e passamos a citar “ de pedintes estão os vários quadros de pessoal repletos”. E acrescenta: “Nada nos move contra esses profissionais, no entanto, e como muito bem diz o nosso povo, o que é demais é desgoverno, e se o povo português nos concedeu a maioria absoluta foi para governar e não para fazer o contrário, como foi apanágio dos sucessivos governos que nos precederam.
A bem da Nação”.
18
Nov06

Não me fodas...

João Madureira
2004_0605Chavesdiversos0060.JPG
Sim, eu não comento.
Não, eu só lamento.
Talvez, eu estou atento.
Ó... ó... ó... Á... á... á... Sem agá, ou acento grave...
Não, eu só lamento.
Sim, eu não comento.
Talvez, eu estou atento.
O resto são cantigas.
Sem comentários.

Não me comas...
17
Nov06

Bailes

João Madureira
2004_0918chavestarde0075.JPG
Desde o tempo dos bailes no Pingue-Pongue que não me divertia tanto sem sair quase do lugar.
Lembro-me que nesses tempos a nossa maneira de dançar, independentemente da música, se baseava quase na prosélita postura de não mexer os pés. E por ali andávamos a experimentar a nossa sexualidade envergonhada apertando a menina até ela se queixar.
São momentos tão doces e ternos que me pergunto se verdadeiramente os vivi ou sonhei.
A música era do Santana. Outras havia, mas a dele é que nos dava tesão. O “Samba Pa Ti” ou o “Oye Como Va” eram autênticos convites à dança do aperto.
Por vezes até se realizavam outros bailes em quartos escuros ali para as bandas da Rua dos Gatos ou artérias limítrofes. As donzelas ficavam muito vermelhas ainda mesmo antes de entrarem nos exíguos quatros que não aguentavam mais do que três ou quatro pares. Os rapazes espremiam-se muito tentando perscrutar protrusões tímidas, mas ardentes. O resto vinha por acréscimo. E era um acréscimo muito carinhoso: alguns beijos embasbacados, mas saborosos; alguns apalpanços subtis, mas determinados; segredos suspirados, palavras de amor balbuciadas; e outros pormenores não prioritários, mas extremamente deliciosos.
Era tudo pura adrenalina: os olhares, as posturas, o andar, os penteados, as borbulhas, os odores, os sorrisos, os espíritos ardentes.
Eram aquelas tímidas raparigas princesas dos aspectos.
Davam-nos algum prazer e punham-nos a sonhar com algo mais, que, mesmo conjecturado, era uma senda um pouco obscura e pejada de indecisões e insipiências.
A adolescência é o momento mais doce na vida de um ser humano.
É a idade da experimentação. E quem experimenta sempre alcança.
E é aí que entra a dança. Ou o baile.
16
Nov06

Exposição

João Madureira
2004_0606Chavesdiversos0091.JPG
Sugiro que não me voltes a incomodar com minudências.
Estou na minha fase brilhante.

Não sei se é a cor ou a forma o que me aproxima dos objectos.
Sinto-me tentado a experimentar a sorte de descobrir novamente o prazer de nada fazer a não ser olhar os potes que se amontoam à minha volta.

Houve alturas em que coleccionava desconsiderações.
Hoje concentro-me na leitura de poemas chineses em francês.

Com a poesia chinesa tudo ganha luz.
Por dentro tudo fica iluminado.
Tudo.

Em dias assim todo o universo à minha volta ganha uma resplandecência transbordante.
15
Nov06

Não te iludas

João Madureira
2004_0905chavesaguasetembro10052.JPG
– Ai as nuvens. Ai as nuvens. Estou nas nuvens…
– Estás é bêbado.
– Estou é babado.
– Não te iludas. Estás é bêbado.
– Estou fadado.
– Estás, estás…
– Eu gosto é de água.
– Quando estás bêbado ficas irónico.
– Isotópico?
– Irrisório.
– Cheio de água?
– Sou o vinho da…
14
Nov06

Vai-me custar partir

João Madureira
2004_0606Chavesdiversos0001.JPG
– O que é a beleza?
– Não sei.
– Vai-me custar partir.
– Porquê?
– Por causa da beleza das nuvens.
– Então não partas. Fica.
– Não posso. Sou mortal.
– Então deixa-te ficar mais um pouco.
– Sim.
– Não te aflijas.
– Vai-me custar partir.
– Porquê?
– Por causa da beleza do céu e das nuvens e dos teus olhos.
– O que é a beleza?
– Não sei. Apenas sei o que é belo e aquilo que não o é. E para isso não há uma definição. É mais uma intuição. Qualquer pessoa intui aquilo que é belo. A beleza não é um conceito, é um sentimento.
– Afinal tu sabes o que é a beleza.
– Ai sim.
– Sim. A beleza é um sentimento.
– Achas?
– Tu própria o disseste.
– Isso que eu exprimi é apenas intuição.
– Por isso é belo.
– Achas?
13
Nov06

... e plang!

João Madureira
2004_0905chavesaguasetembro0008.JPG
Plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong, plong…
12
Nov06

Exaltação em azul

João Madureira
DSCF0003.JPG
Tu és azul, eu sou serra.
Tu és tudo e eu sou além.

Quando tu falas eu fico denso.
Quando te exaltas, eu calo-me.

Digo-te: gosto das tuas quimeras.
O que vem a seguir é sempre azul.

Exaltação azul.
Exaltação.
Azul.

Tensão azul.
Tesão.
Azul.

Elevação azul.
Azul.
Azul.

Norte.
Sorte azul
Norte.
Azul.
Azul.

Gosto das tuas quimeras
Ainda sou o que fui
Tu até és mais do que eras.
11
Nov06

Sempre

João Madureira
2004_0512Luzia0010.JPG
Por ti voltarei sempre.
Sempre e para sempre.
Por ti voltarei.
Por ti.
Voltarei por ti. Para sempre.
Sempre.
Sempre por ti.
Sempre para ti.
Sempre.
Por ti voltarei.
Voltarei sempre.
Sempre. Sempre. Sempre.
Voltarei.
Por ti.

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