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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

18
Fev07

A alminha dos passarinhos

João Madureira

 

 

Eu gosto muito de passarinhos. Do seu chilrear e da paleta policromática das suas penas. Do seu corpo franzino, da sua intrínseca fragilidade, da sua beleza espontânea.

Um pássaro sempre foi para mim o símbolo inabalável da liberdade.

Eu considero-os muito. Respeito-os e presto-lhes homenagem. Sou incapaz de viver sem ouvir o seu pipilar, sem os sentir por perto.

Por isso os conservo em casa dentro de bonitas e ergonómicas gaiolas que são o que de melhor se pode dar a um passarinho. Poleiros espaçosos, arame anti-ferrugem, sementes dietéticas, bebedouros espaçosos. E só quem ouve o cantar feliz de um passarinho na sua gaiola é capaz de perceber o bem que fazemos a esses seres frágeis e delicados que nos fazem sempre pensar num ser superior.

É muito difícil conceber Deus sem pássaros por perto.

Pássaros numa gaiola, roupa a secar ao sol e Deus dentro de um livro da catequese são a imagem perfeita da extraordinária alma humana.

 

17
Fev07

É preciso ter cuidado

João Madureira

 

 

É preciso ter cuidado com os cães.

E também é preciso ter cuidado com os homens e com feito de estufa e com as marés negras e com o consumo desenfreado e com a inflação e com o défice do Estado e com o endividamento das famílias portuguesas e com a guerra do Iraque e com o Irão e com Israel.

É preciso ainda ter muito cuidado com a condução nas estradas e com os alimentos transgénicos e com a gripe das aves e com a brigada de trânsito e com o excesso de gordura na alimentação e com as bebidas alcoólicas e com o consumo do tabaco e com o consumo das drogas leves e com o consumo das drogas semi-leves e com o consumo das drogas duras e com o consumo das drogas muito duras

E igualmente preciso ter muito cuidado com as drogas duríssimas e é preciso ter cuidado com os traficantes de todas essas drogas e de dólares falsos e de roupa contrafeita.

É preciso ter cuidado com as aves, especialmente com as migratórias, e é preciso ter cuidado com as alergias e com as constipações e com o sal na comida e com os fundamentalistas islâmicos e também é preciso ter muito cuidado com os socialistas. Especialmente com a nova vaga de socialistas que não usam gravata, nem princípios, nem valores, nem ideologia.

É preciso ter muito cuidado quando se vota porque agora uma pessoa vota num socialista e sai-lhe um primeiro-ministro demasiadamente preocupado em fechar todo o interior do país: as escolas, os tribunais, os hospitais, os centros de saúde, as esquadras da PSP e as da GNR e as freguesias e os concelhos.

 

16
Fev07

Não sei se…

João Madureira

 

 

Não sei se é da sombra, se é do sol, se é do estio, ou da velhice, ou pura insinuação.

Não sei se é da ardência, ou da depressão, se é da sede, se é da fantasia, se é da dor, ou do amor, ou da angústia, ou da missão.

Não sei se é da fome, ou da razão, ou da neurose, ou da absolvição.

Se calhar toda a culpa é do cão.

Não sei se é da felação, ou do cio, ou da exaustão, ou dos dias, ou das fantasias, ou da insolação.

Não sei se é da missa, ou da alienação, ou culpa do vizinho, ou excesso de sugestão.

Não sei se é de propósito, ou fruto da imaginação.

Não sei se a culpa não é mesmo toda do cão.

Não sei se é culpa de Deus, ou efeito da oração, não sei se é resultado do facto, ou produto da imaginação.

Não sei se é da hipótese, ou por causa do sermão, não sei se é de propósito, ou por falta de educação.

Não sei mesmo se a culpa não é toda da porra do cão.

Não sei se é do capricho, se é da formalização, se é semente do vício, ou vigor da exaltação.

Não sei se é do espírito, ou da consideração, se é fruto do cansaço, ou mesmo da fornicação.

Não sei se é da sede, ou da aflição, ou da opacidade, ou da transfiguração.

Não sei se é da raiva, ou da comiseração. Não sei se é da calma, ou se é culpa do cão.

Não sei se é da vista, se é do coração, ou se é da alergia, ou da constipação.

Não sei se é da dor de cabeça, ou fruto da auscultação, ou se é da paciência, ou resultado da frustração. Ou mesmo culpa de Maio, ou da ruminação.

Não sei se é do cavalo, ou se é culpa do cão.

Não sei se é dor de alma, se é pura aversão.

Não sei até se será sim, ou simplesmente não.

 

15
Fev07

Já estou farto de dançar

João Madureira

 

 

Ora agora viras tu, ora agora viro eu, ora agora viras tu, viras tu mais eu. E vai de roda, e vai de roda, e vai de roda e troca o par. E vai de roda, e vai de roda, e vai de roda e toca a rodar. Água leva o regadinho, água leva o regador, e roda e toca, e toca e roda, e água leva a roda do regadinho que baila e torna a virar. Ora agora bailas tu, ora agora viro eu, ora agora bailas tu que eu já me estou a chatear.

As mulheres não cantam, gritam. Os homens não tocam, arrebunham os instrumentos. Os dançarinos saltam. As dançarinas meneiam-se sem graça, antes com esforço. E eu para aqui estou vestido como nunca ninguém se vestiu, a dançar modinhas que nunca ninguém dançou, com bilhinhas de barro de Nantes que dão à água um sabor estranho.

E os basbaques a olharem para nós como se gostassem muito de folclore.

Os portugueses nem folclore de jeito têm. Parece o mesmo de Trás-os-Montes ao Algarve. Sempre as mesmas danças de roda com par, de mãos erguidas ou na cintura. Sempre a pular e a rodar. Então o bailinho da Madeira é pavoroso, parecem velhos com reumatismo a arrastar os pés pela calçada, com um testo na cabeça e uns bonecos de madeira a agitarem-se como macacos histéricos.

Que rico folclore, parecem cabras no monte.

Que desengraçado é o nosso folclore. É bem o espelho da nossa pobreza cultural, pois das outras nem é bom falar. Homens vestidos com calças pretas, colete às três pancadas, camisa branca. E mulheres de saias e saiotes, blusas e xailes. E colares de ouro. Sempre a mesma música estridente e monótona, os mesmos berros arreliadores, as mesmas batidas no bombo: bumba, bumba, catrapumba, catrapumba, bumba, bumba.

14
Fev07

Eu sou do norte

João Madureira

 

 

O musgo nas árvores indica sempre o norte.

Eu sou do norte, mas não tenho norte, nem sorte.

A minha avó dizia-me: vai para oeste; e eu dirigia-me para este, nunca para sul. Eu sou do norte, do norte geográfico, do norte magnético, do norte polar. Eu sou do norte e posso até ser de todos os outros pontos cardeais, mas nunca por nunca posso ser do sul.

O sul é o oposto do norte e eu sou do norte, do norte geográfico, do norte magnético, do norte afectivo e nostálgico. E da saudade. O norte é saudade. O norte é o oposto do sul. O norte é verde e o sul é cinzento. O norte é a direcção certa. É o ponto cardeal de referência.

Eu sou do norte porque gosto.

O meu avô dizia-me muitas vezes: vai para este e eu dirigia-me para leste, nunca para sul. O sul é confusão. O norte é o norte. O sul não sei bem aquilo que é. Mas uma certeza tenho: o sul não é o norte. O sul é o oposto do norte. Ora uma coisa não pode ser ela própria e o seu contrário. Isso só é possível ao nível da física quântica. Mas essa física é uma ciência “nanitiva”. Por isso não serve de exemplo para a nossa dimensão. Além disso o meu avô não percebia nada de física quântica. A bem dizer nem da outra física percebia algo que se visse. No entanto também ele era do norte. Tal como eu, também tinha pouca sorte, mas era do norte. Eu sou do norte. O meu avô era do norte. A minha avó também. E os meus pais igualmente. A minha família é toda do norte. Por isso eu sou do norte, nunca do sul. Eu sou do norte. De todos os “nortes” possíveis.

Eu sou do norte. O norte é deslumbramento, ficção, carinho, dicotomia, afirmação, camaradagem. Mas camaradagem sã, camaradagem de direita, camaradagem do tipo da que existe na tropa, não camaradagem de esquerda. Essa é a camaradagem do sul.

No norte os ventos são agrestes, a vegetação é densa, o frio é agressivo, as pessoas afirmativas e os animais domésticos são domésticos, os outros é que não. Ao contrário do sul, onde há animais domésticos que são selvagens e animais selvagens que são domésticos e, pasme-se, existem até animais que nem sabem se são domésticos ou selvagens. Por isso são do sul. O sul é confusão.

 No norte os rios são caudalosos, os céus limpos, os caminhos encantados, as casas sóbrias, os frutos doces. No norte os frutos doces são doces. Ao contrário do sul onde os frutos doces por vezes amargam e onde os frutos amargos por vezes também amargam.

No norte os vegetais são suculentos, a poesia simples, a comida diversificada, os sorrisos sinceros, as palavras quentes, os gestos duros, os olhares sinceros, os jardins nostálgicos, os monumentos eternos, as pedras grandes, o musgo fofo, os peixes saborosos, as aves coloridas e alegres, os desejos inevitáveis, o amor denso, o carinho sofrido e o lume forte.

Por isso eu sou do norte, de todos os “nortes”. Nunca serei do sul.

Ser do norte é um desatino, é dor que dói e não se sente e tudo o que se segue. Ser do norte também é ser original. Camões era do norte.

Ser do sul é um acaso. Camões não era do sul. Camões era do norte.

Já Cavaco Silva é do sul e está tudo dito.

José Sócrates é do norte. Bem, ele não é bem do norte. Por exemplo, não é tão do norte como eu. Mas é do norte, porque, como atrás expliquei, quem não é do sul, só pode ser do norte.

Ser do norte é orgulho.

O sul é o sol do meio-dia, um sol castigador, um sol que come a sombra dos seres vivos.

O norte vê o sol a deslocar-se no horizonte. O norte sabe o que é a beleza e o seu oposto.

 

13
Fev07

A estranheza dos dias

João Madureira

 

 

O mundo hoje parece-me mais estranho do que ontem. E ontem o dia foi bastante estranho.

Nasceram-me olhos de mosca. Por isso te multiplico sem que te apercebas. Só o verde se agrega.

Está o tempo velho. E eu também.

O sol está inclinado sobre as pedras das muralhas.

Hoje também o sol está estranho.

Os meus olhos de mosca multiplicam as imagens. Todas as imagens que se movem.

Também as imagens estão velhas como o tempo. E estranhas como o sol. E esquisitas como o dia de ontem.

O tempo está fixo junto à sombra das muralhas. As muralhas esqueceram-se do seu propósito, por isso se deixam tombar pausadamente sobre o tempo que envelhece.

Tudo isto contemplo com os meus olhos de mosca, até a imagem de um homem que morre sem experiência.

Os meus olhos poliédricos multiplicam os teus passos, por isso saltas de fotograma em fotograma.

Os meus olhos de mosca decompõem a luz. É essa decomposição o sentir do tempo.

Os meus olhos de mosca fragmentam a física quântica, por isso passas a ser um átomo louco que reside onde nunca está. É essa a sua génese.

Os meus olhos de mosca não choram, nem se abrem, nem se fecham. Só observam. Fixam as imagens e desmultiplicam-nas até não se aperceberem qual é a verdadeira.

Para os meus olhos de mosca, as imagens envelhecem muito depressa. Tornam o tempo feroz.

É a ferocidade do tempo responsável pelo envelhecimento.

O tempo exige sempre mais tempo. Este tempo, o tempo passado, o tempo do futuro. O futuro do tempo. Todo o tempo.

Tudo é tempo.

O tempo tem a ferocidade dos deuses. Por isso nos enlouquece, porque não se enxerga. Mas está sempre aí.

 

12
Fev07

Plung, ping, plung, pang, plung, ping, plung...

João Madureira

 

Plung, plung, plung, plung, plung, plung, plung, plung, plung, pang, pong, ping, peng, pang, pong, pang, pong, ping, peng, pang, plung, plung, plung, plung, plung, plung pang, pong, ping, peng, plung, plung, plung, plung, plung, plung, pang, pong, pang, pong, ping, peng, pang, pong, ping, plung, plung, plung, plung, plung, plung pang, pong, ping, pang, pong, plung, plung, plung, plung, plung, plung, pung, ping, pang, pong, ping, pang, pong, ping, pang, pong, pung, ping, pang, plung, plung, plung, pang, pong, pung, plung, plung, plung, plung, plung, plung ping, pang, pong, ping, pang, pong, pung, ping, pung, ping, ping, peng, pung, ping, pung, ping, ping peng, pung, ping, pung, ping, ping, peng, pung, ping, plung, plung, plung, plung, plung, plung, pung, ping, ping, peng, pung, ping, pung, ping, ping, peng, pung, ping, pung, ping, ping…

11
Fev07

Eu sou água

João Madureira

 

 

Eu sou água. Um campo explosivo de hidrogénio e oxigénio desfazendo as margens do apocalipse.

Eu sou a água que arrefece os reactores das centrais nucleares.

Eu sou a água que se mistura com o sangue para o tornar líquido.

Não sei se me vês, mas faço de conta que sim. E isso basta-me.

Eu sou água. E isso basta-me. Água em todos os estados.

Deus é feito de água. Água em estado permanente.

Eu sou a velhice da água.

Eu sou o hidrogénio explosivo das margens.

Eu sou o oxigénio persistente do teu respirar.

Eu sou a água do teu respirar. O seu vapor simbólico.

Eu sou o fogo da água permanente de Deus.

Eu sou água em êxtases sucessivos, conforme a vontade surda de te voltar a imaginar.

Eu sou a tua vontade de falar.

A água salgada das lágrimas do teu prazer.

Eu sou a tua água vital.

 

10
Fev07

Para sempre

João Madureira

 

Voltarei, eu sei que voltarei. Eu volto sempre. Nisso sou como o criminoso que volta sempre ao local do crime. E é esse o meu castigo.

Sonho sempre em voltar. Correr mundo, mas voltar.

Já não consigo precisar por onde andam os teus passos. Voam-me as recordações na memória. É difícil defini-las.

Os teus passos têm o som da melancolia, o longo desenho do nevoeiro quando submerge o vale.

Recordo-te passeando rente às paredes das casas, olhando o caminho como se ele fosse uma miragem.

Eu atrás de ti e tu sempre a afastar-te, rente às paredes e perseguindo o destino do caminho.

Pintei os teus passos na minha cabeça, seguindo a vereda do rio quando a chuva persiste em desenhar circunferências nas linhas da água.

Tu não vais e eu volto. Sei que voltarei para descansar. Sei que voltarei para ter paz. Sei que voltarei para te seguir. Só que desta vez dar-te-ei a mão para que me ajudes a encontrar o caminho. A determinação do teu caminho.

Voltarei. Eu sei que voltarei deixando para trás as obsessões, as obsessões metafísicas dos teus olhos que se abrem com a delicadeza do voo das borboletas.

Voltarei, eu sei que voltarei. Só não sei é como. Mas também não importa. O que interessa é voltar. Voltar como quem caminha na loucura calma do entardecer.

Voltarei, eu sei que voltarei. Para sempre.

 

09
Fev07

A noite que a luz descansa

João Madureira

 

Liberta-me da tua noite.

Liberta-te da minha noite.

Faz desta noite a noite de todas os dias, de todos os teus dias

a partir desta noite.

Hoje, pelo menos, liberta a noite que há em ti.

Liberta também a luz que a ilumina.

Hoje é a noite da luz, da nossa luz que ilumina as ruas da cidade.

Peço-te, ao menos hoje, liberta a cidade da luz.

Liberta a luz

da noite, da tua noite, da minha luz.

Liberta a noite da luz,

a luz

da noite.

Por favor, peço-te, liberta a noite, a tua luz, a noite que adormece de olhos abertos.

Por favor, liberta a tua luz que explode na noite, na noite de todas as noites.

Agora já podes descansar. A luz da noite, por fim, adormeceu.

 

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