A Cor dos Outros
“A cor não se tem por si só, a cor é-nos dada pelos outros.”
Arthur Japin – “O Preto de Coração Branco”
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“A cor não se tem por si só, a cor é-nos dada pelos outros.”
Arthur Japin – “O Preto de Coração Branco”
Quando reparo e penso na governação das sociedades modernas, lembro-me sempre, com alguma mágoa, tenho de confessar, de Boileau quando se gabou de ter ensinado a Moliére “a arte de fazer dificilmente versos fáceis”.
A verdade é que, apesar da incoerência do citado senhor, cada vez mais me embaraço nas redondas palavras dos nossos governantes.
O que eles andam a fazer todos o sabemos. E até o sofremos na pele com particular desapego e algum altruísmo.
O problema é a facilidade com que esses senhores, e senhoras, decidem por nós o que só nós devíamos decidir.
Eles são apenas socialistas cintilantes e determinados.
Nós apenas o povo que os elegeu.
Cada povo tem os governantes que merece.
Dizem que no que concerne à civilização, as fronteiras não existem.
Mas é verdade que a barbárie também as não reconhece.
«– É verdade que hoje em dia quase toda a gente usa a palavra “traidor” com demasiada leviandade. Mas o que vem a ser um traidor? Sim, o que é, com efeito? É um homem sem honra, um sujeito que, às escondidas, por detrás das costas, por um qualquer benefício insuspeito, ajuda o inimigo contra o seu povo, chegando, mesmo a desgraçar a família e amigos. É mais infame do que um assassino. E tu, faz-me o favor de acabar de comer esse ovo! Na Ásia há quem morra de fome, está aqui escarrapachado no jornal.
A minha mãe puxou o meu prato para si e acabou de comer os restos do meu ovo e pão com doce – não por força do apetite, mas por amor à paz – e rematou:
– Quem ama, não atraiçoa.»
(Uma Pantera na Cave)
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É quando deixo as estradas principais que reconheço que Portugal é um labirinto de caminhos, um sítio de terras abandonadas, aldeias quase desertas e com nomes inverosímeis.
Quando no Verão se enchem de emigrantes, o entusiasmo aparece de novo e a tristeza do abandono perde, por momentos, a sua fúria devastadora.
Até a música popular, por vezes, soa como uma sonata de Beethoven.
Há uma coisa que me enfurece: o desaparecimento daquilo que tanto demorou a fazer.
Há também uma fatalidade que me acompanha, a de, numa festa, ficar sempre na pior mesa.
Depois atrapalho-me com as conversas e apercebo-me que todos aqueles mundos interiores estão baralhados.
Até parece mentira, mas, mesmo não parecendo, as pessoas gostam mais de nós do que aquilo que julgamos.
Quando alguém se empertiga isso incomoda o tonante. Ver as próprias mazelas expostas é que dói.
Pode parecer lisonja ou parvoíce egocêntrica, mas enganam-se aqueles que consideram que o artista se dilata ou contrai pelo prazer perverso de fazer mal a alguém.
Quem é espectador sensível e atento do mundo, dificilmente consegue suprimir a lucidez, ou fechar os olhos diante do espectáculo humano.
O que o artista tira da realidade não é um roubo. É um estudo.
O que é crime é desistir de ser coerente e renunciar à dignidade humana.
Todos sabemos que não é humano ver a claridade e escolher as trevas.
Não sei que raio de sociedade é que os iluminados do costume andam a construir onde, a cada dia que passa, mais uma dezena de desempregados chora a sua instabilidade social numa aflição rigorosa.
Alguém tem de ser responsável pela desgraça.
A minha avó bem me avisou: “A vida não é boa nem é má, é aquilo que fizermos dela”.
As pessoas fazem rapidamente um juízo sobre como é a vida dos outros. E parece que isso lhes é suficiente para aturar a sua. Assim ficam contentes. Mas todos sabemos que as coisas são bem mais complicadas do que aquilo que parecem.
Muitos aspiram a não fazer nada. Outros contentam-se em fazer coisas que não servem para nada.
Mas é árduo o tempo em que não se faz nada.
Eu, pelo sim, pelo não, entretenho-me a ver o céu, o trajecto dos pássaros e a insustentável ligeireza do crepúsculo.
Os deuses devem andar desesperados.
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