O sentido da vida
Miguel Torga escreveu coisas que se assemelham muito ao sentido da vida: “Os poetas são a possibilidade sonora duma saudade eterna; mas a realidade é uma forma quotidiana da vida.”
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Miguel Torga escreveu coisas que se assemelham muito ao sentido da vida: “Os poetas são a possibilidade sonora duma saudade eterna; mas a realidade é uma forma quotidiana da vida.”
Actualmente a Direita anda muito entretida a negar qualquer diferença assinalável com a Esquerda, no sentido de a esvaziar.
Verdade seja dita, a esquerda comunista - antigamente a forma mais atrevida dessa ideologia -, vai-se diluindo num vago e inofensivo “progressismo” perfumado de ecologismo serôdio. E a outra esquerda, hoje toda enfiada no PS, vai-se infiltrando no Estado, na Banca e nos grandes lóbis socais e políticos. Por isso a Direita, vítima do seu artifício, tornou-se vaga e anódina. E a Esquerda ocupou o lugar da governação baseada apenas em pressupostos liberais, alicerçando toda a sua táctica e estratégia no poder económico e na justificação financeira.
Afinal, um socialista de agora assemelha-se muito a um comunista que bebe Coca-Cola e come hambúrgueres no Macdonalds.
Estou convencido que a literatura vai realmente acabar. E, paradoxalmente, nunca houve tanta gente a escrever e tanto medíocre a publicar. A todos os impérios, após o apogeu, adveio a queda.
Vivemos já no tempo da literatura de massas. O povo pede e o escrevinhador redige imbecilidades umas atrás de outras, pela simples condição do sucesso e do dinheiro.
O que por aí se vende às carradas já não é a Bola ou a Maria, mas sim Paulo Coelho ou Margarida Rebelo Pinto.
Sinais dos tempos. Tempos tristes e desoladores.
A opção baliza-se entre a estranha vida dos desconsolados sexuais e a mais pura idiotice religiosa. Pelo meio ainda temos o jornalismo barato, onde já não cabe, nem o cheiro da arte, nem os pós da originalidade. Mas a vida é assim. E a humanidade segue em frente.
Alguma razão assiste ao homem para se banhar na mais indigente superficialidade espiritual. No fundo foi ele quem inventou a poesia e a religião e também é ele quem as vai destruir. Mesmo afirmando a pés juntos que não.
Acabaram os tempos da literatura generosa. É que os homens já o não são.
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Parece que os homens têm a tendência genética para a estupidez. Nunca a ciência evoluiu tanto e nunca o mundo sofreu tamanha onda de religião e misticismo. É a globalização anacrónica. O homem sabe que não existe Deus mas teima em chamá-lo à liça. Se não fosse idiota, seria trágico.
Tal atitude na Idade Média era compreensível, pois não existia qualquer ciência objectiva. Por isso as seitas se liquidavam umas às outras. A cristandade desbastava a moirama e os islamitas malhavam forte e feio nos partidários de Santiago. Só na morte emparelhavam: a terra alagada de sangue e os campos juncados de esqueletos.
Tudo isto na defesa da Fé e na boa paz do Senhor, fosse ele Pai de Cristo ou Alá, mentor de Maomé.
Mas agora, meu Deus, agora sabemos de que lado está a verdade. Actualmente todos os dogmas foram desintegrados pela razão da ciência. Mas qual o quê! Parece que quanto mais o Einstein é estudado mais pregadores se descobrem e bruxas e zangões montam lojinhas de adivinhação.
Segundo uma sondagem mundial feita pela TNS euroteste/Gallup para o Fórum Económico de Davos, relativa ao nosso país, os Professores têm a profissão na qual os portugueses mais confiam e a quem dariam mais poder, cerca de 42%. Os que recolhem menos confiança são, como não podia deixar de ser, os políticos, com cerca de 7%.
PS – Proteger a causa honesta, \ Ter dos tristes dó profundo, \ Trocar-lhe a sorte funesta, \ Senhor, a glória do mundo, \ Ou a não há, ou é esta.
Nicolau Tolentino – “Memorial a Sua Alteza”
Passam os anos e a certeza toma forma de maldição. De Lisboa só nos chegam directivas que nos matam por definhamento.
Razão tinha eu quando, de visita à capital do nosso descontentamento, pressentia que circulava em meu redor um perigo eminente.
Todas as semanas nos chegam de Lisboa notícias da guerra territorial. Em troca de impostos enviam-nos ambulâncias para morremos em andamento, à velocidade do progresso que por lá constroem.
Hoje está na moda embelezar a existência com flores, lindas flores, coloridas, viçosas, acetinadas. Só que não cheiram.
Da beleza sempre me impressionou aquela que é básica. Um naco de pão centeio, um pedaço de presunto barrosão e um copo de vinho do Gorgoço são a beleza perfeita. São lindos aos olhos de quem os observa, cheiram bem e sabem ainda melhor.
Aos adoradores de rosas, aqui fica um conselho: comam-nas e que lhes faça bom proveito.
Pensava-se que a sociedade democrática que arquitectámos depois de 1974 nos ia conduzir à senda da liberdade, fraternidade e igualdade. Estou agora convencido de que o que verdadeiramente nos trouxe foi mais enganos, desilusões e palavras, um imenso cardápio de frases feitas e conceitos bacocos. A cada dia que passa torna-se mais evidente que o “homem democrático” se acovardou. Apesar de falar em vontade, em amor, em solidariedade, o que acumula é inveja e ódio.
Miguel Torga definiu com um rigor exemplar, e com a sabedoria dos visionários, tal situação: “Não há hoje homem no mundo que ao fim de cada dia não tenha um crime a roer-lhe a consciência: a vilania de ter bajulado um superior, a humilhação de não ter colaborado num protesto, a desonra de ter aplaudido uma mentira.”
Escrever é morrer mais um pouco.
Copular é poder mais um pouco.
Poder é copular mais um pouco.
Poucar é poder mais um cópulo.
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