Quem és tu?
- Olá, quem és tu?
- Sou o homem vazio.
- O T. S. Eliot?
- Por favor não me encadeies com essa luz.
- Que luz?
- Prometes não lançar essa luz sobre mim?
- Prometo.
- Olá, quem és tu?
- Sou o homem vazio…
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- Olá, quem és tu?
- Sou o homem vazio.
- O T. S. Eliot?
- Por favor não me encadeies com essa luz.
- Que luz?
- Prometes não lançar essa luz sobre mim?
- Prometo.
- Olá, quem és tu?
- Sou o homem vazio…
Li algures que a existência não possui grande interesse, a não ser nos dias em que a poeira da realidade se mistura com areia mágica, em que qualquer vulgar incidente se torna energia romanesca. É esse o princípio da escrita.
“A sabedoria não se recebe, todos temos de a descobrir por nós mesmos, depois de um trajecto que ninguém pode fazer por nós, que ninguém nos pode poupar, porque é um ponto de vista sobre as coisas”.
Proust (Elstir) – Em Busca do Tempo Perdido – À Sombra das Raparigas em Flor
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Ainda há-de chegar o dia em que vamos poder dizer de um político português, tal como o personagem principal do romance de Proust referindo-se ao seu amigo Robert Saint-Loup: “A sua cabeça fazia lembrar aquelas torres de antigos baluartes cujas ameias inutilizáveis permanecem visíveis, mas que foram interiormente adaptadas a bibliotecas”.
Nenhum de nós sabe ao certo onde se encontra aquilo que procuramos. Muitas das vezes até fugimos do lugar para onde nos convidam, sem suspeitarmos de que era ali onde podíamos encontrar a razão dos nossos pensamentos. Ou a pessoa certa.
A religião, que é a política por outros meios, costuma viver das verdades eternas.
Só que a História demonstra, para nosso grande espanto, que cada verdade eterna contém, pelo menos, outra verdade, se não várias, idênticas a ela.
Qualquer homem sensato deve, por isso, revelar profunda desconfiança quando se trata de verdades eternas.
Ninguém, no seu perfeito juízo, é capaz de negar que elas são imprescindíveis, mas estou convencido de que quem as toma à letra é louco.
Alguns ideais humanos contêm exigências tão exorbitantes que podem levar qualquer pessoa à desgraça. E só há uma maneira de o acautelar: evitar, desde logo, levá-los completamente a sério.
À medida que avançamos na vida, perguntamo-nos como é que chegámos a ser aquilo que somos, porque temos prazer com determinadas coisas, porque partilhamos determinada visão do mundo, porque exercemos esta ou aquela função, ou o porquê do nosso carácter. E é nesse preciso momento que nos damos conta que a partir daí as coisas já não irão mudar muito.
Podemos até concluir que fomos enganados, porque não há ninguém que consiga descobrir em lugar nenhum a razão suficiente para que tudo tenha acontecido como aconteceu, porque é certa a possibilidade de tudo ter acontecido de outra forma.
Aliás, raramente o que acontece depende da iniciativa dos homens, antes resulta das mais variadas circunstâncias, dos caprichos, da vida e da morte das outras pessoas. Quase sempre o que acontece vem ter connosco no momento próprio e inadiável.
Os ideais têm qualidades curiosas, os melhores são mesmo capazes de se transformarem no seu contrário quando os queremos seguir à risca.
Ontem, enquanto via e ouvia no telejornal o primeiro-ministro e a chefe da oposição, lembrei-me de uma frase de Voltaire que diz que os homens só utilizam as palavras para esconder os pensamentos e só se servem dos pensamentos para justificar as suas injustiças.
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