Estas são as visões minuciosas.
Pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, pling, plooong…
O vento louco desliza pela montanha à procura do vale. Uma criança põe o dedo numa pedra fria. A lua repete-se no rio. Ignoro quem dorme. O tempo contempla a noite desconcentrada. As estrelas envolvem a água rutilante. O silêncio é luz.
Não é a alma que fixa o dia. É o brilho da chuva. Lembra-te que no silêncio das vozes indistintas há ainda dores por ler.
Este é o homem que não existe, certo de que não existia, porque o seu espaço é claro e reservado.
As horas inclinam-se e cantam, tu, porém, inclinas o rosto para o tempo da razão.
De geração em geração, as leis são manifestas.
Deitado repousa o pássaro de fogo que ameaça a tensão da tua língua que permanece presa na desordem da matéria como se tu fosses apenas um sistema de sangue nervoso pulsando junto às raízes da dança poderosa que é fonte geradora do desejo e por isso há quem diga que as raparigas já não são divinas mas o mar vive para matar saudades do sal da terra e as portas enfrentam o nada como se de nada se tratasse e assim crescemos com a boca cheia de água e com incêndios altíssimos chegados no tempo da respiração irrequieta e a alegria salta no peito soberano dos cavalos e alguém apoiado na harmonia sonha que é louco e assim sucessivamente…
Este mundo é tão absurdo que para se conquistar o poder é preciso espezinhar a amizade.
A conquista do poder é como um conto de Henry James: deliberadamente ambíguo.
Mas estou em crer que o exercício do poder é como um conto de Melville: não se consegue explicar.
No entanto, quando penso nestas coisas tristes, socorro-me Ataar, o místico poeta persa autor do d’A linguagem das Aves, e rezo: «Senhor, se te adoro por temor do Inferno, queima-me no Inferno, se te adoro com a esperança do Paraíso, exclui-me do Paraíso; mas se te adoro por ti mesmo, não me negues a tua imperecível formosura».
Passamos uma vida a intuir coisas. Por exemplo, para Borges existe transmissão de pensamento e, na sua opinião, é algo que acontece constantemente. Estamos sempre a receber mensagens. E a enviá-las também. Dizem que é dessa troca que surge a amizade, o amor, a inimizade e até o ódio.
Recorrendo novamente a Borges: “Tudo isso não provém do que se diz, mas sim do que se sente”.
Pling, plang, plong, pling, pling, pling, plong, plang, ping, ping, ping, ping, plang, plong, ping, ping, plang, plong, pling, pling, pling, plong, plang, ping, ping, ping, ping, plang, plong, ping, ping, plang, plong, pling, pling, pling, plong, plang, ping, ping, ping, ping, plang, plong, ping, ping, plang, plong, pling, pling, pling, plong, plang, ping, ping, ping, ping, plang, plong, ping, ping, plang, plong, pling, pling, pling, plong, plang, ping, ping, ping, ping, plang, plong, ping, ping, plang, plong, pling, pling, pling, plong, plang, ping, ping, ping, ping, plang, plong, ping, ping…
Retorna a escuridão. As faíscas do lume agigantam-se para o abismo. Há um alento nas coisas feitas que são exemplos para o convívio. Fica-se sempre mais maduro quando partilhamos a amizade. Brilham os sorrisos nas mesas rápidas da magia do sangue, da música e das vozes abertas que aumentam os homens. Brilham as mãos abertas nos sorrisos dos amigos.
Quando se escreve as letras descascam-se. O silêncio acode ao sangue. A velocidade dos mapas estremece como as folhas dos livros sagrados.
A chuva abre os corpos quando o dia tropeça nos ramos dos violinos. Junta-se o sonho com a chuva. Descobri que as asas descem à velocidade das cores.
O espírito vem do ar. Os espíritos invocadores depressa protegem as crianças.
As mulheres verdes dançam num mar de gemidos.
O espírito que purifica a terra vem do ar. Daí também vem a chuva e o sol e a noite e as estrelas.
Os magos sofrem com a rude beleza do vício das glicínias. Elas não sofrem por causa da beleza. Elas são a beleza.
O ar é o segredo. A imagem forte do ar. A imagem forte da suspensão. A imagem rápida dos olhares loucos dos amantes.
Por fim as ilhas acolhem de braços abertos os anjos deslumbrados.
Toda a dor vibra. Nas noites coladas de respiração, os movimentos atónitos intrínsecos dos gemidos ferem e produzem orgasmos. Sinto que sou como um membro directo em rota de colisão com um corpo inteiro onde uma estrela vibrante percorre as fibras dos órgãos depurados. Não é dor. Nunca é paixão. É uma casa astrológica movida pelo ciciar dos suspiros.
Gravam-me nos olhos o sabor intenso do sonho. Não há violência nas minhas visões, só a brancura da ameaça de morte. O espelho é uma nebulosa perfeita. Só o nó da natureza atrapalha o sexo nuclear. Há na inspiração uma claridade assimétrica. Ainda há quem queira voar nas fendas profundas e bivalves de desejo.
Plínio, na sua “História Natural”, afirma que não existe ninguém mais desgraçado nem mais orgulhoso do que o ser humano, e que nenhum ser tem a vida tão frágil nem uma paixão tão ardente.
Uma estrela selvagem fere os olhos dos deuses. Tu cantas à porta do paraíso. A ideia move-se sem melancolia. No teu colo a eternidade é uma zona perfeitamente delimitada. Os animais sonhadores cantam as cidades antigas. Tu és o braço esquerdo de uma rapariga de Jerusalém. A tua alma cresce como a fúria de um caçador.
O mundo não acaba nas mãos cheias dos milionários. O tempo enrola-se como um gato que adormeceu ao sol. O silêncio toma conta do mundo e as folhas sombrias dos abetos caem redondas na inércia das sombras das utopias. Tu sabes que sim, que a língua é como um fluxo de seiva sufocante. Os teus dedos são como rios tristes que deslizam na pele húmida.
Mais uma violência atravessa as salas espelhadas das estações. O lume repete a exaltação das chamas da inocência. A tua boca ilumina os animais obscuros. Cerca-me o teu rosto na truculência da matéria. Alguém presente o crime de escrever a frase magnífica.
Plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling, plong, plong, pling…
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