A velocidade dos mapas
Quando se escreve as letras descascam-se. O silêncio acode ao sangue. A velocidade dos mapas estremece como as folhas dos livros sagrados.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Quando se escreve as letras descascam-se. O silêncio acode ao sangue. A velocidade dos mapas estremece como as folhas dos livros sagrados.
A chuva abre os corpos quando o dia tropeça nos ramos dos violinos. Junta-se o sonho com a chuva. Descobri que as asas descem à velocidade das cores.
O espírito vem do ar. Os espíritos invocadores depressa protegem as crianças.
As mulheres verdes dançam num mar de gemidos.
O espírito que purifica a terra vem do ar. Daí também vem a chuva e o sol e a noite e as estrelas.
Os magos sofrem com a rude beleza do vício das glicínias. Elas não sofrem por causa da beleza. Elas são a beleza.
O ar é o segredo. A imagem forte do ar. A imagem forte da suspensão. A imagem rápida dos olhares loucos dos amantes.
Por fim as ilhas acolhem de braços abertos os anjos deslumbrados.
Toda a dor vibra. Nas noites coladas de respiração, os movimentos atónitos intrínsecos dos gemidos ferem e produzem orgasmos. Sinto que sou como um membro directo em rota de colisão com um corpo inteiro onde uma estrela vibrante percorre as fibras dos órgãos depurados. Não é dor. Nunca é paixão. É uma casa astrológica movida pelo ciciar dos suspiros.
Gravam-me nos olhos o sabor intenso do sonho. Não há violência nas minhas visões, só a brancura da ameaça de morte. O espelho é uma nebulosa perfeita. Só o nó da natureza atrapalha o sexo nuclear. Há na inspiração uma claridade assimétrica. Ainda há quem queira voar nas fendas profundas e bivalves de desejo.
Plínio, na sua “História Natural”, afirma que não existe ninguém mais desgraçado nem mais orgulhoso do que o ser humano, e que nenhum ser tem a vida tão frágil nem uma paixão tão ardente.
Uma estrela selvagem fere os olhos dos deuses. Tu cantas à porta do paraíso. A ideia move-se sem melancolia. No teu colo a eternidade é uma zona perfeitamente delimitada. Os animais sonhadores cantam as cidades antigas. Tu és o braço esquerdo de uma rapariga de Jerusalém. A tua alma cresce como a fúria de um caçador.
34 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.