A água escoa-se pelo meio do dia. Há dias em que basta olhar de frente para as montanhas para as sentir definhar. Morrem beijando as árvores e as pedras dos regatos. É tremenda a sua decepção em relação aos humanos.
No outro lado do dia, as mulheres desejam beijar os seus filhos que foram para longe trabalhar e amar. Agora as casas estão cheias de insectos. Os olhos dos gatos enchem-se de indiferença. Nem os ratos apanham. E eles são tantos e tão gordos.
A inércia ganha a guerra da civilização. Também a inércia é destruída pela relutância dos profetas mudos. São obstinados os mudos, não os profetas. Os profetas de hoje são mais instantâneos que a gelatina. E não sabem a nada.
Alguém se ergue da cadeira e começa a caminhar para junto da nossa sombra.
Tem a sombra vaidade em se tornar luz. Mas não repara que assim desaparece para sempre.