Portefólio – Chaves/Bragança, de carro
Curva à esquerda...
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Curva à esquerda...
Árvores à direita...
Recta...
“Doutrinada num exercício de séculos, a república de homens imortais atingira a perfeição da tolerância e quase do desdém. Sabia que num prazo infinito todas as coisas ocorrem em todos os homens. Por suas passadas ou futuras virtudes, todo o homem é credor de toda a bondade, mas também de toda a traição, pelas suas infâmias do passado ou do futuro. Assim como nos jogos de azar os números pares e os números ímpares tendem ao equilíbrio, assim também se anulam e se corrigem o talento e a estupidez, e é possível que o rústico poema de Cid seja o contrapeso exigido por um só epíteto das Éclogas ou por uma sentença de Heraclito. O pensamento mais fugaz obedece a um desenho invisível e pode coroar, ou inaugurar, uma forma secreta. Sei dos que praticavam o mal para que nos séculos futuros resultasse o bem, ou tivesse resultado nos já passados… Encarados assim, todos os nossos actos são justos, mas também são indiferentes. Não há méritos morais ou intelectuais. Homero escreveu a Odisseia; dado um prazo infinito, com infinitas circunstâncias ou mudanças, o impossível seria não escrever, sequer uma vez, a Odisseia. Ninguém é ninguém, um só homem imortal é todos os homens. Como Cornélio Agripa, sou deus, sou herói, sou filósofo, sou demónio e sou mundo, o que é uma fatigante maneira de dizer que não sou.
(…) Não há prazer mais complexo que o pensamento e a ele nos entregávamos.
(…) A morte (ou a sua alusão) torna os homens preciosos e patéticos. Estes comovem pela sua condição de fantasmas; cada acto que executam pode ser o último; não há rosto que não esteja por apagar-se como o rosto de um sonho. Tudo, entre os mortais, tem o calor do irrecuperável e do fortuito.
O ALEPH – O Imortal - (Obras Completas I) – Jorge Luis Borges – Teorema
Agora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o... agora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o... agora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o... agora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o... agora o fado é outro... fado... outagora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o... ro... fado... agora... o... agora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o... agora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o... agora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o... agora o fado é outro... fado... outro... fado... agora... o...
Eis a exaltação dos inocentes. Respiro metendo a boca na tua luz. Alguém agarra uma imagem carmesim como quem destila oferendas. É a raiz do teu sonho quem devora a memória das palavras, o chão silencioso do medo. Está uma noite de sexos frios. O teu coração estremece dançando em noites de insígnias. Ninguém faz a guerra maior. A discórdia entoa canções calcinadas. Exclamo uma longa frase cheia de água e desespero. Tu dizes: deixem-me desfraldar as muralhas, enquanto a porta esmeralda se funde vagarosamente com o sangue louco dos mitos. Ninguém se aproxima de ninguém e o homem ressuscita para vergonha da matéria. Toquei em cabeças cegas devorando paisagens. Só tu delapidas o fogo cortando relâmpagos. A tua lua tem um sobressalto de palavras. Cada aliança sopra poder. As máquinas despejam flores mortas. Pena a pena se constrói a pomba que canta a guerra. Tu escreves paz com sangue. Já não há no mundo metáforas, só mentiras verdadeiras. Todas elas.
A caminho de casa
Dançando à chuva
A aparente serenidade dos burros...
Um, dois, três e aí vamos nós outra vez...
33 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.