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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

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28
Fev11

Cosmocópula coçadora

João Madureira

 

Fui todo o caminho a pensar naquilo. Naquilo que são as palavras de Francisco José Viegas, mais conhecido no nosso grupo de amigos como FJV. O perspicaz FJV. Eis as suas palavras vertidas no Editorial da revista LER: “Sendo certo que a ignorância e a pusilanimidade tomaram o poder sobre o sistema de divulgação da cultura e da educação contemporânea, conviria marcar posição sobre esse debate. Para não o deixar limitado aos idiotas, que detectam uma grande leveza nos pilares da crise – mas têm sido os idiotas inúteis de todos os tempos”.

 

É verdade que me senti, ao mesmo tempo, agitado e perplexo, pois penso que quase entendi o que o escritor de policiais duriense escreveu, mas, logo de seguida, fui invadido pela sensação contrária. O FJV tem destas particularidades. A capacidade de dizer as coisas sem as objectivar. Isso é, e foi, desde sempre, algo só ao alcance dos denunciadores de idiotas. E o FJV, honra lhe seja feita, foi desde muito jovem, já desde as cadeiras do Liceu, um denunciador de idiotas, dos idiotas que detectam uma grande leveza nos pilares da crise, os idiotas inúteis de sempre. Pois os idiotas devoram tudo, são como os glutões. Claro que dizer isto é dizer pouco. Mas os intelectuais nem sempre podem dizer tudo. Muitas vezes não dizem mesmo nada, mas não é porque sejam incapazes de revelar coisas pertinentes. Quase sempre quando não explicam determinada coisa é porque não a querem mesmo explicar. É aí, todos o sabemos, onde se aloja o segredo da genialidade, em tudo aquilo que se deixa por dizer.

 

Eu sei, todos sabemos, que os verdadeiros intelectuais estão, ou vão, a caminho de Lisboa. Não há volta a dar-lhe. Na província ninguém consegue escrever nada de sério e, muito menos, de relevante. Por aqui não há estímulo. Não existem contactos. Não se encontram lugares interessantes, não se conhecem pessoas atraentes, não podemos conviver com os oráculos da sabedoria. Conhecem os estimados leitores algum intelectual, com o mínimo de qualidade exigida, que escreva e viva na província? A província é boa para passar o Natal, a Páscoa e uma semana de férias no Verão. A província retempera. Nisso é como a água das Caldas, ajuda a digestão, estimula a vesícula, equilibra o estômago e desentope o fígado. Mas aqui ninguém medra. Aqui, culturalmente falando, nada viceja, tudo se acinzenta. Ninguém sai da cepa torta. Limitamo-nos a discutir as notícias sensacionalistas do Correio da Manhã e a escolher livremente o nosso presidente da junta. Pois, os senhores deputados escolhem-nos eles lá em Lisboa. Nós apenas nos limitámos a concordar e a votar nos seleccionados por quem sabe das coisas da política e da cultura. E mesmo os nomes dos vários candidatos a presidentes de câmara têm, obrigatoriamente, de ter a bênção dos directórios alfacinhas. Por isso é que eles têm tanta qualidade.

 

Eu ainda pensei escrever um livro sobre estas coisas, mas desisti porque sei de ciência certa que me falta a atmosfera criadora da capital.

 

Eu bem os vejo. Eu conheço-os. Saem daqui medíocres, mal vestidos, falando à trasmontana, trocando os bes pelos ves e, passados alguns anos, lá pela época do Natal, ei-los que se passeiam a pé Rua de Santo António abaixo e Rua Direita acima, deslumbrantes, tépidos e emblemáticos, chamando chóriço ao chouriço, aprumando muito os lábios no momento de beijar as senhoras, sorrindo afectadamente quando encontram os seus antigos colegas de escola, distinguindo um café de uma bica, uma bica de uma italiana, uma italina de um cimbalino, um fino de uma imperial, um panachê de um tango, um vinho QPRD de um DOC, identificando praças e centros comerciais, diferenciando uma sala de espectáculos, do próprio espectáculo e este dos espectadores. Coisa que não está ao alcance de qualquer um.

 

Por isso os invejo. Os admiro. Leio-lhes embevecidamente as crónicas futebolísticas, os editoriais eminentemente culturais, as receitas de cozinha, as pontuações das cervejas, os apontamentos de viagens, as dissertações sentimentais sobres os charutos e as cigarrilhas, os poemas sobre os whiskies, as opiniões sobre a política, a cultura, a cultura política, a política cultural, sobre o futebol, sobre o desporto de massas e de elites, sobre os livros que falam de livros, os escritores que dissertam sobre outros escritores e estes sobre o ser e o nada, o vazio e o universo, o espaço, o infinito e o mais além.

 

Hoje, por muito que me custe admiti-lo, arrependo-me profundamente de não ter rumado, enquanto jovem, até à capital. Não sei se algum dia chegaria a ser escritor, mas provinciano não era de certeza absoluta. E sempre podia sonhar com um cargo à frente de alguma instituição do Estado, por pequena que fosse. Agora aqui residente apenas posso aspirar a participar nalguma associação de cariz cultural que tudo deve à carolice e nada ao resto. Aqui não se faz carreira, constroem-se bizarrias e alimentam-se depressões e outras tantas ilusões.

 

Aqui faz-se o fumeiro, colhem-se (deixem-me sonhar) as couves e as batatas e dança-se o folclore nos festivais gastronómicos. Na capital gere-se o país, produzem-se as ideias, fabricam-se os projectos, publicam-se os livros, vive-se com quem se quer e fornica-se a esmo. E isso, por muito que ainda nos custe, é civilização. É progresso. É cultura.

 

Na capital, como muito bem escreveu alguém de quem agora não lembro o nome, viver é cada vez mais escrever a lápis mas sem borracha. Já fornicar por lá tem de ser um acto em que a borrachinha tem obrigatoriamente de estar presente. O lápis que se amanhe.

 

 

PS – Sugestão muito cultural sobre como ajudar a iludir a crise e a viver melhor na província as noites de sono ou de sonho.

 

Roupa:

Para a parceira: Soutien, cinta de ligas e cuecas Valisére em tons de vermelho; ou camisa de noite Triumph, cuecas Bjorn Börg e lingerie Impetus em tons de preto.

Para o parceiro: Pijama Coup de Coer, boxers Impetus, Sloggi ou também Bjorn Börg.

 

Literatura:

Para todos: Poesia erótica de Natália Correia. Sugestão principal: Cosmocópula.

Poesia erótica de Bocage: Sugestão principal: Soneto do Gozador Coçador.

25
Fev11

O Homem Sem Memória

João Madureira

 

52 - Sentia uma enorme saudade da neve nas serras, da geada nos telhados, da ida aos níscarros, e dos enormes olhos verdes da Luisinha. Sentia uma saudade enorme de escorregar no gelo, das brincadeiras no feno, de jogar ao par e ao pernão com o rapa na noite de Natal, de brincar aos índios e aos cobóis pela estrada fora, e dos resplandecentes olhos verdes da Luisinha. Sentia uma saudade intensa de jogar ao espeto, ao botão, ao berlinde, e dos pestanudos olhos verdes da Luisinha. Sentia uma peculiar saudade das batatas cozidas no pote, das couves e do chouriço de cabaça. E do pão com manteiga. E dos verdes olhos da Luisinha. E das pernas da Luisinha. E da sua vaginazinha coberta da mesma penugem dos pardais no ninho. E do creme quente nas manhãs mansas de convalescença. E dos cabelos aloirados e dos tenros olhos da Luisinha. E de ler os livros nas manhãs solarengas dos domingos. E dos trinados pretensamente lânguidos da Luisinha quando lhe mexia nas maminhas enquanto ela tremeluzia as pupilas verdes dos seus olhos lindos. E de brincar no Castelo e de caçar à fisga pássaros tresmalhados pela luz do sol. E dos intencionais e delicados olhos delicados da Luisinha. E precipitadamente conseguia sentir todas e mais algumas saudades de impulsionar a roda de ferro com a gancha de arame Rua Direita acima e Rua do Castelo abaixo e de se aquecer à lareira e de brincar com o Joãozinho. E de olhar a luz do Sol pela manhã e de apreciar o luar nas noites de Primavera.  E de observar o trajecto das nuvens sob o azul do céu. E de espiar o céu atrapalhado do barroso. E de ver chover e trovejar. E de ver lacrimejar os olhos aquíferos da Luisinha. E de sentir o vento gemer nas janelas do seu quarto. E de brincar no Cávado como um índio rastejador. E de ir ver namorar substantivamente a professora e o escrivão do tribunal. E de os ver poder. E poder. E poder. E chilrear como as aves sedentárias. E de observar os pássaros a palrar como o casal de funcionários públicos. E das coxas de rã da Luisinha. E de ouvir roncar os recos. E das missas de domingo. E das procissões. E da cona da Luisinha. E do som cavo e profundamente triste dos sinos da Igreja Matriz. E dos cânticos solenes da Páscoa. E dos incêndios inquisitoriais do Carnaval. E dos enterros absurdamente cerimoniais dos mortos na guerra. E de sentir que a saudade não é uma coisa boa. E de sentir que a saudade não o tranquilizava por aí além. Mas Deus sabe que quem consegue ir também é capaz de vir. Deus, basicamente, é uma estrada de ida e volta. Deus é o mito do eterno retorno. Deus é uma estrada asfaltada. O seu Deus, o do eterno abandono, ainda vai ser capaz de pintalgar a fotografia do seu mundo a preto e branco num daguerreótipo colorido com as delicadas pinceladas das aguarelas.

A profecia do seu mentor indicava que apenas tornaria a Montalegre passado um ano. Não sabia se ia aguentar. 

23
Fev11

O Poema Infinito (36): o silêncio do fogo

João Madureira

 

Toda a extensão do tempo nos incendeia as veias de fogo e os teus olhos ficam lindos de morrer e novamente o universo emite o seu rumor de vento e vertigem, por isso deus olha a morte debruçado sobre as margens do rio do tempo e acelera o amor das palavras e decepa a superfície do poema a golpes de lâmina vertiginosa quando todo o animal acossado pela sua indecente animalidade regressa ao ponto de partida, daí eu saber que a tua beleza é habitada por abismos e a tua lucidez é inflamada pela fulguração dos teus lábios, por isso o mundo acorda constantemente esmagado pelo clarão dos oceanos poluídos e pelas auroras boreais massificadas e pelo sangue incendiado do prazer e dos corpos cansados de desejo e pelos sexos desfeitos das paisagens e pelo deslumbramento minimal dos amantes quando todos os nomes por ti pronunciados ficam mudos nas chagas iluminadas da memória, por isso em verdade te digo que todos os momentos são breves, que toda a dor é infinita, que as mães reúnem melodias primárias e se deixam mamar pelos filhos e que nas suas mãos abertas o carinho tem a doçura do nascer e do pôr-do-sol e só então me olhas como se eu fosse uma cicatriz no teu desejo, como se eu fosse quase uma força ameaçadora, como se o meu carinho estivesse à beira do precipício, como se a estranha vontade de amar pousasse na tua memória como um pássaro frio e como se a vontade de foder fosse o pecado original, daí deus ser uma paisagem branca dentro de um hemisfério de luminosidades ainda dentro de outra luz negra de energia e ainda mais dentro de um buraco brilhante de desejo e vontade e calor, por isso a minha alegria é uma dúvida triste, por isso o filamento do tempo é maior que a lâmpada da vida, daí a velha arte da procriação ser instintiva, daí o dia de hoje ser sólido, daí a beleza ser cruel para os feios e a fealdade ser atroz para os belos, daí a sabedoria ser suavemente inócua, daí a morte ser uma flor preta, daí o amor ser ameaçador, daí os gestos serem dicionários rápidos e é talvez por isso que o meu hábito de te desejar domina a revelação do nosso entardecer sincero e às vezes o desenho fulgurante da tua vontade ilumina a noite e dá luz à intensa monotonia do abandono e à tristeza incompleta do destino. Por isso dizes a rir que o amor é silêncio…

20
Fev11

Sinais inequívocos de desenvolvimento (abaixo a reacção)

João Madureira

 

O dia amanheceu vai para meia hora e já o mundo que eu contemplo da janela do meu escritório se encheu de luz. Primeiro foram os cumes das serras que se iluminaram, a seguir a luz desceu mansa sobre as encostas para vir pousar suavemente sobre o vale. Posteriormente chegou à minha janela e por ela entrou aos borbotões. Pousou delicadamente sobre alguns livros, acariciou parte do tampo da minha secretária e compôs desenhos interessantes nas paredes depois de ser filtrada pela persiana. Finalmente chegou ao pintassilgo e cessou a sua trajectória descendente indo fazer cócegas ao cágado que se espreguiçava no chão encerado.

 

Lá fora reparo, entusiasmado, nos reflexos prateados da geada, nos passarinhos que voam baixo e nos reformados mais novos que logo de manhã fazem as suas caminhadas pela saúde.

 

Enquanto os meus sapatos novos comprados nos saldos da Baviera alargam na forma de madeira, pois o peito do meu pé continua mais alto do que devia, eu rejubilo com o trinado eufórico do pintassilgo que, dentro da gaiola, exprime a sua liberdade. Talvez uma liberdade vigiada, mas mesmo assim liberdade. É melhor estar enfiado numa gaiola, protegido do frio, com acesso automático à água e ao sustento, do que gozar da inglória liberdade de ser acometido pelo frio ameaçador das noites transmontanas. E o que é, afinal, caros leitores, a liberdade? Aliás, a liberdade nem sempre é o melhor sistema de vida. Nem sequer o mais natural. Que o digam os passarinhos que tombam das árvores como folhas mortas.

 

Repleto de esperança, lembro-me, com orgulho, de várias notícias que dão conta do nosso imparável desenvolvimento. Isto apesar das análises inglórias dos velhos do Restelo, das críticas acéfalas dos deputados da oposição e das censuras estapafúrdicas do suposto próximo primeiro-ministro, dos seus putativos ministros e, ainda, para fartar a vilanagem, dos presumíveis secretários e subsecretários de Estado. A todos eles, liberais, neo-liberias e ultra-liberais da treta, lembro as sábias palavras de Churchill: “Um político que não sabe mentir é irresponsável”. Por isso, verdade seja dita, os nossos homens, mulheres, e mesmo os moços e as moças dos partidos, são de uma responsabilidade avassaladora.

 

Se me dão licença, lembro aos estimados leitores que, por favor, percebam os sinais. Nos últimos seis meses foram vendidos em Portugal cerca de três milhões de telemóveis e a taxa de desemprego cada vez está mais próxima da dos países mais desenvolvidos da Comunidade Europeia. E só não enxerga estas evidências quem está de má fé.

 

É claro que nem toda a gente perfilha destas ideias. Especialmente os homens das artes que costumam andar lá por fora a trabalhar (ou a fazer que trabalham, pois nisto das artes é muito difícil distinguir o que é trabalho do que é diversão), e depois se acham no direito de, quando se atrevem a vir cá passar uns dias para matar saudades, se porem logo a dizer mal do seu próprio país.

 

O fotógrafo Paulo Nozolino é disso o exemplo paradigmático. Começou por criticar as cidades para logo chegar às pessoas. “A cidade são as pessoas e a cabeça das pessoas está cada vez pior.” Mas não se ficou por aí, o ingrato, foi ainda mais longe e mais fundo: “O que eu rejeito neste país é a incapacidade de pensar que as pessoas têm. São como carneiros. Como se explica viver num país que aboliu a Filosofia?”

 

Não me quero deitar a adivinhar, mas quase que me atrevo a dizer que as nossas elites têm muito mau perder. Julgam-se melhores do que a terra que os viu nascer, desprezam e criticam, com laivos de malvadez, o seu próprio povo.

 

O poeta Pedro Tamen, por exemplo, disse em entrevista que “os poetas, no seu reduto, não são tipos normais. Vêem um bocadinho mais do que os outros.” Não deixa de ser irónico, mas o poeta mais famoso de Portugal – Camões, O Luís Vaz nado em Vilar de Nantes - era cego de um olho, por isso tinha necessariamente de enxergar pior do que a maioria do seu povo que, ao que sabemos, possuía, e ainda, dizem, possui os dois. Fernando Pessoa era míope até dizer chega; Ruy Belo idem aspas; o mesmo se pode expressar acerca de Alexandre O’Neill. E o próprio autor de tão incongruentes palavras usa uns óculos que evidenciam uma miopia acentuada. Ora quem isto afirma não lobriga muito bem o alcance das suas opiniões. Não se observa ao espelho.

 

Mas o mais forte indício do nosso desenvolvimento tem a ver com a percentagem crescente de suicídios. Os suicídios têm aumentado nos últimos anos, passando já a barreira do milhar, e a maioria dos suicidários são homens. Por incrível que pareça, a taxa de suicídios é um sinal de desenvolvimento, para tanto basta estudar os países do norte da Europa, que aliam os altos níveis de desenvolvimento com os também elevados índices de suicídios. É visível que esta é uma notícia que, apesar da dupla interpretação oficial, por parte do Governo e da Oposição, constitui um sinal que nos enche de orgulho, dissimulado, é certo, mas, mesmo assim, orgulho, apesar de tudo.

 

Quando os vários índices de desenvolvimento são tão desalentadores, é reconfortante inteirarmo-nos, mesmo em acto de contrição e confissão pessoal e intransmissível, de uma informação (a da taxa de suicídios, claro está) que aponta um caminho: o crescimento sustentado da nossa qualidade de vida.

 

PS – Reconfortante é também saber, através da opinião avalizada da psicóloga Joana Almeida, que “a bissexualidade é uma orientação sexual e não uma zona de transição”. Agora sim, ficámos todos mais tranquilos.


Mas, se o amigo leitor estiver de acordo, podemos estender este conforto ainda um pouco mais. Fique a saber que existem ainda os pomossexuais, que são pessoas que evitam rótulos restritos como hetero, homo ou bissexual.


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