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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

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20
Jun11

A vontade de dizer não

João Madureira

 

Os meus amigos andam intrigados por eu desconfiar instintivamente das ideologias. Por vezes isso deixa-os perplexos, perguntando-se, e perguntando-me, no que é que eu acredito realmente, qual é a minha visão do mundo. O R., provocador como sempre, diz que eu sou o tipo de pessoa que passa após os primeiros 15 minutos num restaurante a debater os méritos relativos do peixe em relação à carne.

 

Mas a verdade é que sou mais do estilo de Tony Campolo, um conhecido ministro protestante branco dos EUA, que gosta de abanar os seus ouvintes com uma clemência confortável. Num sermão anunciou: “Há três coisas que hoje gostaria de dizer. Primeira: Enquanto vocês dormiam ontem à noite, trinta mil crianças morreram de fome ou de doenças relacionadas com má nutrição. Segunda: A maior parte de vocês está a cagar-se para isso. Terceira: O pior é que ficaram mais chocados por eu ter usado a palavra «cagar» do que com o facto de trinta mil crianças terem morrido ontem à noite.”

 

Apesar disso, todas as semanas as pessoas de todos os credos, religiões e ideologias continuam a rezar, e a pregar, nos santuários e nas televisões, completamente esquecidos destes factos. De novo volto a Campolo: “ Deus tem de estar farto desta merda.”

 

Os triunfadores do 5 de Junho vivem e morrem pela presunção de que são os génios do bem que triunfaram definitivamente sobre os anjos do mal. Pensam que tudo o que fizeram, e tudo o que aconteceu, foi intencional e brilhante. Depois de todo o idealismo serôdio do movimento “laranja”, e depois dos dias inaugurais da indigitação, o PSD e o CDS vão ter de aceitar a dura evidência de que governar é muito diferente de fazer campanha, é um passar da poesia à prosa, da celebração e babujaria à batalha e ao compromisso ou, por vezes, à derrota. E quando este governo de direita falhar, o meu receio é que as pessoas do meu país tenham medo de mais uma vez ter esperança de acreditar de novo. O perigo da desilusão é imenso porque os problemas são enormes.

 

O meu amigo R., vendo-me tão amargurado, argumentou, em abono da humanidade, que os melhores espécimes foram sempre maltratados ou assassinados: Pitágoras foi morto por causa de um diagrama, Séneca teve de cortar os pulsos, além de todos os santos e professores que se tornaram mártires.

 

Mas não se ficou por aí. Resolveu estereotipar-me: “De repente dei conta de uma tua qualidade. És do contra, possuis um sentimento de discórdia dentro de ti. Não deslizas ligeiramente pelas coisas. Apenas dás essa impressão.”

 

Esta foi mais uma das muitas vezes que alguém disse alguma coisa que posso considerar como verdadeira a meu respeito. De facto, o que ele disse é certo, possuo efectivamente um sentimento de oposição dentro de mim e um enorme desejo de oferecer resistência e de dizer “não”. É instintivo. Como há por aí tanta gente a dizer sim, a minha vontade é dizer não.

 

O meu amigo R. contou-me que, na sua perspectiva, os partidos políticos têm a qualidade de uma antiga, e famosa, escola de gatunos de Roma que era tão cara que os alunos assinavam um contrato comprometendo-se a pagar à instituição metade do que ganhassem durante cinco anos depois de se formarem.

 

Eu retorqui, por desfastio: “Olhando para ti, sou capaz de dizer que na nossa espécie somos todos muito semelhantes.” Ele concluiu: “Mas, apesar disso, as diferenças são agradáveis.”

 

Por fim lembrei-me de alguém amigo e conclui que, afinal, tinha acabado por descobrir, com amargura, como é pequena a vontade que as pessoas revelam em verem alguém ter êxito num projecto especial. E do consolo que algumas delas sentem quando o que é insignificante prevalece e todos os outros esforços vão por água abaixo. Isto sempre debaixo do manto diáfano da hipócrita camaradagem.

 

O R. tem razão, são a desgraça e o lixo o que dá unidade ao mundo. Supostamente, apenas a diversão torna esta perspectiva tolerável. E disse uma coisa inquietante: “Se pudéssemos transformar em lodo as falsidades corriqueiras de um dia, estrangularíamos o Tâmega, fazendo com que deixasse de correr. 

17
Jun11

O Homem Sem Memória

João Madureira

 

68 – Acordou cedinho e preparou-se para rezar as orações matinais mas lembrou-se que o que tinha rezado na casa do tio Manuel dava e sobrava para toda a semana. Por isso absteve-se de rezar. O que é demais é moléstia. Dormiu mais um pouco.

A sua querida avó preparou-lhe, sem o saber, um pequeno-almoço à inglesa: carne entremeada da pá frita na sertã, um ovo estrelado, pão centeio, café preparado na chicolateira, a que lhe juntou uma brasa incandescente, e por fim três nozes e meio cálice de aguardente, pois o dia tinha amanhecido frio e rabugento.

Foi à missa mas não rezou, observou e escutou o lento desenrolar da liturgia, o fleumático recitar das orações, os dissonantes cânticos das mulheres do coro, a voz desarranjada dos padres, a música hesitante da banda musical, os olhares distraídos e cabisbaixos dos homens, os gestos impacientes das crianças e dos jovens, a aparência compenetrada e débil das beatas, a aparência sofrida do Cristo na cruz em frente do sacrário e o semblante doce de prazer sofrido do São Sebastião pintado na cúpula de madeira do tecto da igreja.

Ridiculamente trajados, os rapazes pareciam homens miniaturais enfiados nos seus fatinhos pretos onde uma camisa inexoravelmente branca sobressaía dentro do colete acanhado. O laço e os sapatos de verniz, igualmente desventurados, constituíam o remate que lhes conferia um ar de irmãos replicados. Pareciam todos idênticos, como se fossem chineses ou os pretos dos filmes do Tarzan.

As raparigas trajavam invariavelmente vestidos brancos rendados para mostrar ao Criador, e às gentes da sua aldeia e das aldeias vizinhas, que eram fêmeas, virgens e puras. Usavam conjuntamente um laço a aconchegar o vestido ao pescoço, sapatos brancos de verniz e ainda um outro laço mais vistoso e colorido na cabeça. Todas ostentavam cabelos compridos. Era a imagem de marca da época.

Dentro da igreja, por cima do perfume a flores, do odor a suor e a cera, impunha-se o intenso cheiro da naftalina.

Depois da missa, seguiu-se a procissão. Como todos os anos, os andores eram subidos. Por isso, transportá-los pelo meio das ruas estreitas e sinuosas era tarefa para os homens mais fortes e determinados. Mesmo assim, muitas vezes entre o descer e levantar, o torcer à direita e virar à esquerda, muitos anjos deixavam as suas asas, alguns santos perdiam as suas auréolas, algumas santas os seus mantos e alguns homens a sua divina paciência.

Entretanto a banda tocava, as pessoas entoavam cânticos de louvor a todos os canonizados, e os foguetes estouravam no ar para lembrar aos povos em redor que os habitantes desta aldeia eram os mais devotos dos devotos.

Finalmente, a procissão chegou ao sítio onde tinha principiado. Os homens dos andores puderam, então, sentar-se nos bancos da igreja para limpar o suor e ganhar fôlego para se dirigirem até suas casas onde os aguardava um lauto almoço. Os músicos foram distribuídos um por cada casa. Ao seu tio Manuel calhou-lhe em sorte o regente da banda.

O almoço foi servido com algum requinte. Até o mestre ficou surpreendido. O senhor Manuel, nas suas várias estadias realizadas em França junto dos seus três filhos, tinha absorvido algumas das peculiaridades da cultura culinária francesa. Por exemplo, fornecia agora como entrada o melão em talhadas previamente descascadas para servir de acompanhamento às finas tranches de presunto, servia ternos folhados de galinha cozidos no forno, atreveu-se mesmo a dar a provar aos convidados “pâté de canard au Porto” com torradinhas, e, ó ousadia!, momentos antes do prato principal, colocou em frente de cada comensal meia alface tenra (colhida no seu quintal, mesmo ao lado das meloas, fruto que foi o primeiro a semear na aldeia com muito sucesso, para inveja dos invejosos),  guarnecida com um filete de anchova. Tudo isto foi regado com um branco palhete, colheita própria, de se lhe tirar o chapéu. O seu travo ligeiramente frutado e dulcificado veio mesmo a calhar para refrear o sabor intenso e ácido do sal da anchova.

Ainda todos estavam a recompor-se das torcidelas de nariz e da salivação excessiva por causa da anchova encavalitada na alface, quando foi servido o cabrito assado acompanhado de batatas também assadas e de um arroz de miúdos. O branco palhete foi de imediato substituído por um mais adequado tinto forte para desfazer gorduras e estimular a boa disposição.

A sobremesa, para os convidados mais requintados, foi composta por meias esferas de meloa guarnecidas com vinho generoso, colheita de um amigo da casa de origem duriense, e ainda por bolos, biscoitos sortidos, e um licor de noz de fabrico caseiro.

Foi servido ainda um café bem forte para cortar o álcool. E aos homens mais atrevidos foi oferecido um charuto de razoável qualidade, que alguns fumaram e outros guardaram para mais tarde. Depois dormiu-se a sesta.

Lá mais para o fim da tarde tocou a banda no coreto. O baile não foi muito participado por causa do calor. Mas o arraial foi de arromba.

Além da Filarmónica actuou um conjunto de músicos galegos que tocava todo o tipo de música. Com a banda bailavam os pares mais velhos, ou os jovens mais tradicionais. Com o conjunto dançavam todos, até os coxos, o que provocou uma nuvem de poeira que muito perturbou dançarinos e basbaques, apesar de o recinto ter sido regado durante a tarde. Nas tascas improvisadas, os forasteiros comiam, bebiam e folgavam. Os que eram conhecidos das pessoas da aldeia eram convidados a irem até às adegas beberem um copo e trincar algum pedaço de carne que tivesse sobrado. Por volta da meia-noite já todos os homens, e algumas mulheres, estavam bêbados. Era a hora má. Com os ânimos exaltados, surgiam as provocações dos da terra aos forasteiros e de estes aos da terra. Povos de aldeias vizinhas são rivais para toda a vida. Então se pelo meio algum deles se atrever a namoriscar rapariga do povo, o caldo fica mesmo entornado.

Foi o que aconteceu. No meio do arraial principiou um redemoinho de criaturas que mais parecia uma disputa entre bruxas e zângãos. Começou a chover porrada da grossa: murros, pontapés e paulada. O José, curioso, correu para lá. Aquilo só podia ser obra de gente mal-formada. Qual não foi o seu espanto quando verificou que, no meio do tumulto, estava o seu tio João a assentar porrada num rapaz emigrante de Soutelinho da Raia que se atreveu a dançar com a sua sobrinha mais nova, filha do seu irmão Manuel, sem a autorização do respectivo pai. Enquanto a rapariga chorava, depois de o pai lhe ter dado umas estaladas bem dadas, o tio João continuava a bater no pobre moço. E não abrandava. Isto fez com que os mancebos de Soutelinho se pusessem em guarda e sacassem das navalhas e dos trabucos dos respectivos bolsos. Acudiu a Guarda Republicana com as espingardas prontas para o que desse e viesse. O ambiente ficou à beira da guerra civil, uns de cá e outros de lá, cada um com as suas armadilhadas razões e cada qual com o seu orgulho ferido. Nisto o José abraçou o tio João e pediu-lhe que, por amor de Deus, pensasse no bom nome da família, no falecido pai e na querida mãe que estava ali afogada em pranto. Lembrou-lhe que também o avô José, e seu saudoso pai, veio de Vilela para a aldeia arranjar mulher que prestasse. E não se arrependeu. Agora o pobre rapaz não podia namorar com quem engraçasse? Ora, ora! Dominada a fera, estabeleceu-se o armistício. O Tio João foi para ao pé dos seus, a sua sobrinha foi para casa curtir as mágoas e a vergonha, e o rapaz namoradeiro, mesmo contra a sua vontade expressa, rumou no jipe da GNR caras à aldeia donde tinha sido nado e criado. 

15
Jun11

O Poema Infinito (52): um poema de paixão

João Madureira

 

Este é um poema de paixão. O mundo concreto das palavras invade a doce demora das mãos. Voa um anjo comprido atrás de um peixe de luz enquanto uma mulher abstracta constrói a sua voz até ao regaço. Uma fêmea é uma palavra eterna. Eu toco na paixão da mulher e deito-me para a amar. A mulher mergulha o seu corpo no meu e os seus dedos descobrem o segredo das coisas puras. Arde-me o seu nome no meu rosto. Palavras irremediáveis circundam os seus olhos imensos. O silêncio esgota-se nas lágrimas multiplicadas. Arde uma estrela no nosso sexo. Toda a mágoa brilha na harmonia do desejo. O desejo é o eterno retorno da inquietação. Uma música subtil conquista o sigilo da benevolência repetida. O seu olhar é agora um relâmpago multiplicado. Eu sou a memória exacta dos lírios cegos. Isto que sinto não tem nome. É uma iluminação perpétua. Os nossos sexos são a imensa memória da vida. Amo-a como quem absorve um fruto maduro. O seu corpo é agora um espasmo incandescente. Atiro-a de encontro ao espaço imenso do meu olhar. A cama incendeia-se de gestos. O prazer multiplica-se por dentro das nossas bocas procurando a louca iluminação dos enigmas. A luz violenta da carne explode nas veias densas da possessão. Conquistar um corpo é a maior das aventuras. De novo o prazer levita na limpidez dos seus lábios húmidos de sexo. Um queixume de fantasia inverte os raios dos orgasmos. Uma ejaculação perfeita é um enigma concreto. Continuo a arder devagar. Morro mais um pouco na sua beleza. Alimentamo-nos no silêncio imprevisto do amor. A minha voz procura novamente o seu sexo. O último sentido canta a alegria da sua boca. Bebo-a. A curva quente dos seus cabelos começa a florir de novo. Estou tão perto dela que não me distingo. O meu sexo deseja o seu tempo. O amor é o sentido escondido da religião. Beijo os seus olhos incendiados e espero pela esperança efémera da vida. Este poema de paixão faz-se contra a violência do tempo. 

13
Jun11

Os porcos-espinhos de Schopenhauer

João Madureira


 

Thoreau escreveu que há por aí muitas vidas a serem vividas em discreto desespero. E foi isso o que me veio à ideia quando vi o vídeo onde duas raparigas agridem uma suposta amiga a mando de um rufia de bairro por presumíveis insultos à sua mãe.

 

De facto já há demasiadas pessoas oprimidas pelos impostos, pela inflação, pelo congelamento dos salários, envenenadas pela poluição ambiental, assustadas com a violência urbana, assustadas com uma nova cultura juvenil, desorientadas num mundo cada vez mais virtual.

 

Trabalharam toda a sua vida para conseguirem uma pequena casa nos arredores das grandes cidades, compraram vários electrodomésticos e dois carros. Agora a vida boa parece ter-se dissipado em fumo.

 

Presentemente vivem vidas vazias penando em empregos frustrantes ou num desemprego cíclico e desmotivante. Empanturram-se de comida rápida e fazem dieta com tranquilizantes e excitantes. Sobretudo afogam as suas mágoas em álcool. Sentem-se encurraladas, vigiadas, despersonalizadas. 

 

Muitas vivem a desventura de relações fátuas, ou deixam-se encurralar em casamentos que não são mais do que um teste doloroso às suas capacidades de resistência e que, muitas das vezes, terminam em agressão, quando não em violência doméstica. Daí irrompe um sentimento de culpa que marca definitivamente marido, mulher e filhos.

 

Os casais perdem sentimentalmente os filhos e perdem os sonhos que acalentaram.

 

As pessoas estão alienadas, despersonalizadas, sem qualquer sentimento de participação nos processos políticos e sociais. Sentem-se rejeitadas. Vivem sem esperança.

 

Todos os antigos valores que acalentaram enquanto jovens parecem tê-las abandonado numa estação do autocarro, deixando-as à deriva num mar de indiferença social.

 

As pessoas de hoje assemelham-se muito aos porcos-espinhos de Schopenhauer, que estão sempre a aproximar-se uns dos outros porque têm frio e por isso se picam mutuante quando demasiado perto. Deste modo é muito difícil, e muito ténue, uma situação de compromisso.

 

Para os profetas das certezas políticas e sociais lembro as palavras de um juiz liberal americano, chamado Learned Hand, e que Barack tem como lema: “O espírito de liberdade é o espírito que nunca está demasiado seguro do que está certo”.

 

Depois de todo o frenesim político que tomou conta do país nos últimos meses, e de todas as acusações que enxamearam os órgãos de comunicação social e as redes sociais, tenho sérias dúvidas que as pessoas de bem acalentem a ideia de se envolverem na política eleitoral. Cada vez estou mais céptico em relação à ideia de a política ser uma maneira de se mudar qualquer coisa.

O meu amigo R. pôs-me a seguinte questão à qual ainda não consegui responder de forma satisfatória: “Será que a política é realmente uma actividade para pessoas boas, decentes?”

 

Li que Obama, enquanto senador, acreditava ser capaz de convencer uma sala cheia de skinheads; pois acreditava que “todos nós somos uma mistura de impulsos nobres e ignóbeis e acho, que, em parte, é por isso que não inicio reuniões presumindo má-fé por parte dos outros”.

 

O momento político actual levou-me a pensar de novo que, em política, o interesse público nem sempre é uma prioridade para cada um dos seus protagonistas.

 

 

 

 

PS 1 – Em forma de homenagem a José Sócrates.

 

Quando aparece no mundo um verdadeiro génio, é possível reconhecê-lo através deste sinal: todos os estúpidos se unem contra ele.

Jonathan Swift; Thougthts on Various Subjects; Moral and Diverting

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