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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

20
Jul11

O Poema Infinito (57): sofreguidão

João Madureira

 

Sílabas de Verão amadurecem nos corpos expostos ao sol. Bendita terra que me traz o doce alvor das tuas mãos que são a fonte cósmica da luz. Com essa luz descubro o teu corpo cheio de ramos desenhados com a densidade do desejo. Por isso a minha boca vive nos teus lábios onde as cores ficam confusas com tanto fervor. Leio no teu rosto palavras que se dispersam e se difundem nos interstícios do prazer. A tua língua murmura espaços inesperados. O teu sexo brilha num ímpeto alucinado. Tudo é igual a tudo e os nomes envolvem o nosso espaço vital. Escrevo a vida com um lápis de bruma, por isso o desejo mantém-me desperto. Sou de novo movimento e claridade e ímpeto. Borboletas ligeiras surgem nos teus olhos espantados. O amor é um objecto perfurante. Depois deslumbro-me com o afago doloroso das coisas amadas e por amar. A nossa casa levanta-se na cidade que dorme um sono provocado. A noite perdura numa nova imagem de um sonho acabado. É o tempo concreto do cansaço, a alucinação nítida dos sonhos, a idade implacável da razão. Uma razão suspeita e silenciosa desconfia do universo, pois nele não cabe a milagrosa insignificância da vida. O teorema da razão navega pelo tempo perdido. Os homens vergam a lógica e descobrem a paciência. Os rios torcem-se entre as montanhas e as árvores gemem hesitações de luz e sombra. Eis agora a madrugada enxameada de anjos exactos. Deus faz sábios discursos às massas. Metade do mundo repousa enquanto os seus poetas escrevem poemas inúteis de exactidão. As palavras novas dormem nos ninhos. A consciência dos animais perde-se na cálida cor dos caminhos. A brisa dói na mulher que procura a razão do azul. Vagarosas melodias fixam-se no rosto profundo da terra. Súbitos pastores iluminam os fios luminosos das evidências. Alguém, desesperado com a sua mortalidade, tenta cortar as raízes ao tempo. Mas é sempre cedo ou tarde de mais. Agora sou o homem de ervas místicas e substanciais. Por isso me encosto a ti e sorvo metodicamente a cor do mar aberto. 

18
Jul11

Nós, os da ocidental praia lusitana

João Madureira

 

Dizem os entendidos que somos um povo que gosta de falar de si próprio, que temos paixão em falar de nós, daquilo que somos e não somos. O emigrante Eduardo Lourenço considera que sofremos de hiperidentidade, seja lá isso o que for. Outros acham que Portugal é, em si próprio, uma contradição, pois, apesar de sermos capazes de dizer mal de nós, apenas o fazemos entre nós, e ficamos ofendidos se alguém lá de fora se atreve a reproduzir a nossa crítica. Mas é verdade que cada português tem uma questão pessoal a resolver com o país.

 

O antropólogo José Gabriel Pereira concluiu, através de um estudo feito com milhares de portugueses, que cada portuga se considera um exemplo para os outros, por isso o melhor do grupo em que se insere. Todos fariam, se fossem mandantes, a coisa certa. Todos seriam os treinadores perfeitos para a sua equipa de futebol ou o melhor primeiro-ministro de sempre e para sempre. Concluiu ainda que por cá ninguém manda em ninguém. Todas as corporações se indignam quando as querem tutelar. Os juízes estrebucham, os professores berram, os militares contorcem-se, os médicos indignam-se e os políticos fazem discursos apologéticos. Daí o grito tipicamente luso: em mim ninguém manda, nem que se foda.

 

Basta olhar para o nosso entorno para verificarmos que tudo está a postos para os tempos que aí vêm, mas nada está em ordem. Ninguém tem um projecto consistente que nos permita encarar o futuro com optimismo. Não existe desígnio nacional. Avançamos por inércia. Caminhamos por caminhar. Todos querem ser dirigentes e ninguém aceita ser dirigido. A nossa identidade está em não termos identidade nenhuma. Por isso é que os vários estudiosos dos últimos dois séculos afirmam que Portugal é o país errado, sem viabilidade, povoado por gente pobre e inculta, onde nada dá certo. E as estatísticas evidenciam constantemente o mesmo: somos sempre o país do carro vassoura.

 

Fernando Pessoa escreveu que os portugueses são incapazes de assumir a culpa: é sempre a sexta pessoa de um grupo de cinco. José Gil tem razão quando afirma que o português se queixa sempre do país e nunca de si próprio. Mas, de todas as definições do ser português, se é que isso realmente existe, aprecio, com algum pesar confesso, a do historiador José Matoso, que identifica Portugal como um país dominado por uma minoria que sempre fez com que a maioria desenvolvesse os dotes do improviso, a tendência para viver o dia-a-dia ao sabor do vento, praticando a pequena fraude, investindo na economia paralela, na fuga aos impostos e apostando forte no clientelismo.

 

E, para que não pensem que me pus para aqui a escrever por minha conta e risco, chamo à colação várias e distintas declarações ao Expresso proferidas por gente que sabe daquilo que fala. Pelo menos, como bons portugueses, são os melhores comentadores do mundo e arredores.

 

O crítico político Daniel Oliveira diz que somos ciclotímicos, já que mudamos constantemente de humor. Tanto nos sentimos uns gajos extraordinários como, de repente, puxamos da guitarra e cantamos baixinho que somos o pior povo do mundo. Já o novo secretário de Estado da Cultura, José Viegas, diz que possuímos a característica da generosidade, embora, adverte, com a inteligência que todos lhe reconhecemos e que nunca nos cansaremos de elogiar, “mascaramos com ela a falta de disciplina, de exigência e de constância”. E sentencia: “ser generoso não basta”. Basta é pagar os impostos a tempo e horas.

 

A socióloga Maria Filomena Mónica define-nos como pobres. E concretiza: “sempre fomos um país de camponeses pobres: entretanto deixámos de ser camponeses, mas continuamos pobres”.

 

O escritor Vasco Graça Moura diz que somos baldas. E explica porque vivemos quarenta anos debaixo do manto negro do salazarismo: “o português só sai da balda para desenvolver outras qualidades quando submetido a um regime de autoridade, por muito desagradável que este seja”.

 

O historiador Rui Ramos declarou que somos faladores. E ele sabe daquilo que fala.  “Mais do que pensarem ou fazerem, os portugueses falam. Falam, sem nada para dizer e em vez de conversar, dissociando a fala de qualquer pretensão de comunicação.”

 

Mas nem tudo são comentários tão desanimadores, apesar de genuinamente culturais. Existe sempre alguém que resiste, existe sempre alguém que diz não. E não é nem um poeta alegre, nem um sociólogo deprimido, e, muito menos, um historiador encartado e desencantado. A nossa salvação, em termos de argumentário, vem do chefe de cozinha José Avillez. Para ele nós somos corajosos. “É o que, ao longo do nosso percurso, nos fez ultrapassar momentos difíceis de cabeça erguida. É o que, perante a adversidade, nos faz continuar a lutar.”

 

Mas, nos tempos que correm, a sugestão ajustada chega-nos a através de Eduardo Souto Moura, Prémio Pritzker de arquitectura: “A solução para a arquitectura portuguesa é emigrar.” Estou em crer que o nosso compatriota não nos levará a mal o estendermos a sua arrojada sugestão a todas as outras profissões. E o último a sair que apague as luzes do aeroporto. Por favor.

 

 

PS – E enquanto o êxodo não se inicia, pois estamos em plena época estival, aqui fica mais uma sugestão, desta vez a cargo do Hotel Ritz, com o firme propósito de os estimados leitores prepararem mais um apetitoso cocktail.

 

Prime Tentation – 4 cl de Pama (licor de romã); 1 cl de sumo de limão; 1 cl de xarope de açúcar; 1 cl de Cointreau (licor de laranja); 1 cl de clara de ovo. Técnica: Misturar tudo no shaker e coar bem. Decoração: Cacho de arando e ramo de hortelã. Tempo de preparação: 8 minutos. 

15
Jul11

O Homem Sem Memória

João Madureira

 

72 – Emboscada ao capitão escoteiro mirim do monóculo de plástico (continuação II).

Cena 9 (take 1). O Graça e o José, bem comidos e bem bebidos, palitam os dentes com um pauzinho de urze aguçado à navalha, arrotam alto, peidam-se e riem. Entretanto esperam pacientemente pelo inimigo que tarda em chegar.

Cena 10 (take 2). Ao longe o batalhão mirim serpenteia teimosamente pelo mesmo trilho percorrido anteriormente. Depois de algum movimento, estaca quase no mesmo sítio da primeira paragem efectuada durante a manhã, na qual o burro abandonou o seu comandante.

Cena 11 (take 5). Um soldado mirim: “Estou estafado. Comi muitos feijões e carne ao almoço. Dói-me a barriga. Vou ali arrear o calhau.” Vermelho de raiva, e com o brio pelas ruas da amargura, o capitão escoteiro de chapéu colonial, monóculo e pinguelim de varinha de salgueiro, adverte alto e bom som: “Ai não vais não. Por este andar nunca mais chegamos ao campo de batalha. Não vos apoquenta o que pensa o inimigo da vossa coragem, ou da falta dela?” O soldado à rasca da barriga: “Ou vou ali cagar ou…” Os outros soldados aflitos: “Deixa-o ir se não borra as calças e depois é a debandada geral por causa do pivete.” O chefe mirim: “Vai, mas volta rápido, pois há ainda muito caminho para percorrer e um inimigo para atacar e vencer.”

Cena 12 (take 3). O Graça e o José continuam impacientemente à espera que o inimigo se resolva a atacar. O Graça: “Lá voltaram eles a parar. Se não nos atacam eles, atacamo-los nós.” O José: “Mas somos apenas dois e eles são para aí uns vinte.” O Graça: “Eu sei. Mas não aguento mais esta indecisão. Pelo que vejo temos de mudar de inimigo. Este nunca mais se decide a atacar. E uma guerra sem luta não presta. Eu nunca gostei das batalhas tácticas. Detesto estrategas. Eu aprecio uma luta cara a cara. Gosto de sentir o cheiro do medo do inimigo.” O José: “Olha, olha, a coluna pôs-se de novo em andamento. Está tudo a postos?” O Graça com cara de caso: “Está tudo a postos, mas nada em ordem. Mas deixa-os vir. Até os comemos!

Cena 13 (take 3). O capitão escoteiro de chapéu colonial, monóculo e pinguelim de varinha de salgueiro: “Em frente marche. Um dois três, um dois três, um dois… Lá está o inimigo empoleirado em cima das árvores. Os primeiros a entrar em combate vão ser os cães pisteiros. Sobem às árvores e enxotam o inimigo cá para baixo, que depois nós caímos-lhes em cima. Um cão pisteiro: “Falar é fácil, mas uma coisa é ladrar como os cães e mijar como os cães, outra bem distinta é subir às árvores. Os cães não sobem às árvores. Quem sobe às árvores são os gatos. E nós não somos gatos. Somos cães. Por isso não posso subir às árvores. Além do mais tenho tonturas. Que suba o outro cão.” O outro cão pisteiro: “Essa é boa. Queres passar as responsabilidades para cima de mim, sem sequer me consultares. Eu também não subo às árvores. Sou tão cão como tu, com os mesmos direitos e com os mesmos deveres. Quando me alistei no batalhão mirim foi como cão pisteiro e os cães, como muito bem referiste, não sobem às árvores. Quem sobe às árvores são os gatos.” De novo o batalhão parou.

Cena 14 (take 1). O José: “Voltaram a parar. Há-de chegar a noite e nós sem guerra. Estou de acordo contigo, está na hora de escolher outro inimigo. Este não presta. Só falam, cagam e mijam.”

Cena 15 (take 7). O capitão escoteiro de chapéu colonial, monóculo e pinguelim de varinha de salgueiro: “Começo a estar farto desta merda. Primeiro foi o burro, depois foi a sede, depois foi a fome, ainda há pouco tempo parámos para o Peidolas ir cagar e agora são os cães que descobrem que os cães não sobem às árvores. Começo a estar farto desta merda. Se os cães não subirem às árvores desisto da guerra e a vergonha desabará por cima de nós como um manto negro da cobardia.” “Não, isso não pode acontecer”, gritaram irritados os soldados mirins. “Dá-lhes com a vergasta de salgueiro no cu que eles logo arrebitam. Até sobem pelas paredes acima.”

O capitão escoteiro de chapéu colonial, monóculo e pinguelim de varinha de salgueiro com um sorriso de escárnio nos lábios: “ O pelotão está comigo? Está mesmo? Acha o valoroso pelotão, que eu tenho a subida honra de comandar, que devo arrear com o meu pinguelim no rabo destes cães cobardes?” “Sim, sim, sim”, gritou o pelotão a uma só voz. “Então que assim seja. Agarrai-mos que eu logo lhes quebro a cobardia.” “A ver se te atreves”, desafiou o primeiro cão pisteiro. “A ver se te atreves”, desafiou o segundo cão pisteiro. “Ai atrevo, atrevo”, ameaçou vibrando o pinguelim o chefe mirim. Vendo que a razão da força pendia claramente para o lado do líder, os cães decidiram-se a subir às árvores.

Cena 16 (take 4). O pelotão mirim avança determinado na direcção do inimigo. Nota-se ainda uma ligeira hesitação nos cães, que guincham baixinho impropérios. O chefe chega-lhes a roupa ao pêlo.

Cena 17 (take 2). O Graça eufórico: “Agora é mesmo para valer” e lança um berro que põe os pássaros empoleirados nas árvores a voar sem direcção definida.

Cena 18 (take 2). Os cães pisteiros caem num fosso e começam a chorar. Cena 19 (take 10). Quatro troncos, vindos sabe-se lá bem de aonde, presos por fortes cordas de sisal, deitam por terra todos os soldados mirins e também todas as esperanças numa vitória.

Cena 20 (take 1). O José eufórico: “Agora é mesmo para valer. A vitória é nossa.” E lança três berros que arrepiam os soldados caídos e os põe em debandada geral.

Cena 21 (take 1). O capitão escoteiro, caído por terra, já sem chapéu colonial, sem monóculo e sem pinguelim de varinha de salgueiro, chora de raiva. O Graça abre-lhe a carcela das calças e sentencia com uma risada demoníaca: “Vamos fazer-lhe uma barrela para aprender.” O José: “Não o humilhes tanto.” O Graça: “Como chefe de brigada, condeno este imbecil a sofrer a suprema desonra de uma barrela. E, pondo-lhe a piroca à mostra, cospe-llhe. O mesmo faz o José. Depois deitam-lhe em cima várias mãos cheias de terra e esfregam até doer. E, desta forma humilhante para o capitão mirim, os heróis do momento dão por finalizada a guerra. 

13
Jul11

O Poema Infinito (56): o pastor de paciências

João Madureira

Finalmente a voz vai-se alargando. A voz inscrita na escrita parece imensa. Essa é a força do conhecimento: o mundo reduzido à sua eternidade. Ficam no vento as distâncias por percorrer, por ser ainda invisível a lúcida consciência da morte. Sinto sempre activa a extensa visão da dúvida como se essa fosse a minha única certeza. O peso da vida é um registo cada vez mais lúcido e verdadeiro. Por isso o teu sorriso tem em mim um feliz impacto. Outra é a luz que me guia durante a noite. Uma luz tão antiga que já não tem idade. Não há pior exílio do que o exílio interior. O mundo sofre do dispêndio do júbilo. O seu brilho é tão intenso que mata a justa noção de interioridade. Sou agora um pastor de paciências. Recolho o ritmo das ervas a crescer, escuto a música absoluta das pedras dos muros mais velhos, olho todos os indícios das cores que se expõem nas fotografias felizes. Depois sou seduzido pela abstracta luz da nudez. Um exército de paixões primárias estende-se pela subtil firmeza do meu pénis. A energia do desejo irrompe no meu corpo como um cavalo excessivo. Ó subtil perseverança da descendência e da decadência salva-me desta epifania. O coito desenvolve-se com o tensíssimo rigor da pungência. A eternidade é uma tarde fugaz em forma de lei inflexível. Tu és uma imagem. Eu sou uma imagem. Imagens vivas desconfiam da luz eterna da existência. O tempo teima em perder o seu tempo a matar-nos. As frases são agora indícios de redenção humana. O tempo é também uma imagem persistente. A noite sustenta o dia na sua feliz fragilidade. O espaço inclina-se para espanto de Deus. O milagre do pão reivindica o pecado da voracidade. A luxúria divina voa incandescente. Todos sofremos do dilacerante sacrifício do conhecimento. Adão passou, por causa de uma maçã, de nu a parvo. E esse acto de afecto afectou-nos a todos. Até o paraíso desapareceu no meio dos vestígios espirituais. Essa é a glória dos deuses tristes. O pecado aflige a fé dos crentes. O prazer, para infelicidade das divindades assexuadas, é uma cicatriz consecutiva. A plenitude de um coito remete-nos para a exímia plenitude da fragilidade. Por isso todos nos acolhemos na vagarosa ciência dos gestos. Daí os orgasmos serem tão rápidos e implicitamente espirituais. De novo a luz repousa nos nossos olhos fechados para não a deixar sair. 

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