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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

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09
Ago13

O Homem Sem Memória - 170

João Madureira


170 – Como já dissemos no capítulo anterior, quando estamos presos, alguns momentos que vivemos entre grades são particularmente trágicos. O segundo mais trágico de todos é quando recebemos a visita do homem que nos gerou. Aquilo não é nada agradável de se ver e não é nada simples de viver. Um pai a tentar conter as lágrimas a olhar para nós como se estivéssemos a caminho do cadafalso não é uma imagem que nos conforte.


O guarda Ferreira quando olhou para o filho tremeu. A sua afetividade era do reino da intimidade: discreta, sofrida, muda. Cumprimentou-o como se estivesse no café, ofereceu-lhe um cigarro e pôs-se a falar do tempo. O filho também falou sobre o tempo. E fê-lo como se isso fosse a sua preocupação mais premente. Ele não queria desiludir ainda mais o seu pai. Não queria envergonhá-lo. Imaginava o escarnecimento que seria lá no posto da GNR quando os colegas insinuavam a prisão do filho comunista, deixando no ar a mais que provável falta de pulso firme na educação do filho mais velho da Dona Rosa. Um pai que não consegue meter na ordem e ensinar os bons princípios aos seus filhos, não pode ser um bom agente da autoridade. Mas, para sermos sinceros e justos, é necessário informar os estimados leitores de que ao guarda Ferreira pouco lhe interessavam os juízos morais sobre o seu pretenso desleixo educativo ou sobre a sua suposta falta de autoridade paternal. O que verdadeiramente o incomodava era a teimosia do filho em querer, à força das armas, impor aos outros a felicidade, a igualdade e a liberdade. Parecia-lhe um contrassenso. Convenhamos que ao José também o atormentava a falta de entusiasmo, quando não a mais profunda indiferença, do seu povo pelos ideais comunistas e, sobretudo, pela rejeição da magnífica ideia da construção do paraíso na terra. O pai, no seu empirismo, defendia que ninguém pode impor aos outros seja aquilo que for, mesmo a felicidade. Ninguém pode ser livre à força. Ninguém pode ser igual à força. Ninguém pode ser feliz à força. Nem no reino animal isso acontece, como muito bem descobriu e contou, George Orwell, pois todos sabemos que até os animais são iguais, só que uns são mais iguais que outros.


O José sempre considerou que se as ideias são boas elas têm de ser aceites por todos, mesmo que lhes custe. Quando isso não acontece é porque o povo é inculto e vive submergido no obscurantismo. O Partido é a vanguarda. E candeia que vai à frente alumia duas vezes. O seu pai acha que a candeia dos comunistas, em vez de alumiar duas vezes, cega as pessoas. E que os cegos pela luz do sol comunista não veem nada para além das suas ilusões.


Apesar das divergências ideológicas, pai e filho respeitam-se. E amam-se. Cada um à sua maneira, mas amam-se. Nisso são cristãos. Respeitam e amam a família e o sangue do seu sangue.


A dado momento, o guarda Ferreira olha para o seu filho e oferece-lhe novo cigarro. Ele aceita. E voltam a falar do tempo. E da mãe. E dos irmãos.


O guarda Ferreira desculpa-se por não ter vindo com a Dona Rosa visitar o filho: “Tu bem sabes como é a tua mãe. Faz um teatro medonho por tudo e por nada. É uma exagerada. Deve ter feito cá um papelinho.” “Então a mãe não lhe contou nada?” “Não. Ela não me fala.” “Desmaiou para aí duas ou três vezes. Chorou como uma Madalena arrependida. Encheu-se de me dar recados. E até rezou de joelhos…” “Virada para Meca?” “O pai não goze com coisas sérias!” “Sérias? Desde quando tu levas a religião a sério?” “Desde sempre e desde nunca.” “Com a verdade me enganas.” “Eu estava a referir-me à seriedade da mãe em relação ao seu Deus.” “A tua mãe nem Deus leva a sério. Ou melhor, Deus é que não leva a tua mãe a sério.” “Reconheço que a mãe possui um fundo dramático muito vincado. Mas é uma boa católica.” “Isso é porque Deus é muito paciente. Estou em crer que se quisesse vender a alma ao Demónio ele não lha aceitava pois era capaz de o pôr de fel e vinagre. A tua mãe era bem capaz de fazer do demónio um santo só para não ter de a aturar.” “Para GNR, o pai tem um sentido de humor muito apurado.” “Tem de se possuir muito sentido de humor para se viver uma vida inteira ao lado de uma mulher como a tua mãe!” “E como corre a política?” “Eu de política não falo com presos. Estou proibido. Mas posso confessar-te que a grande maioria dos teus ou fugiu para o Sul ou se vendeu à reação, como vós lhe chamais.” “Não acredito. Os comunistas não se vendem.” “Todos nós temos um preço. E, pelo que vou sabendo, o dos teus camaradas é de saldo. Mas, como te disse, eu só posso falar contigo da família e do tempo.” “E como estão os meus irmãos?” “Estão inquietos.” “A mãe disse-me que lhe confessaram que queriam aderir à revolução.” “Não tem chovido nada, o que é mau para a agricultura.” “O pai o que acha?” “Que não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe. O que é que tu achas?” “Considero uma coisa de miúdos.” “Eu já vi um rapaz de doze anos matar um adulto com uma caçadeira.” “Foi um acidente.” “Não, foi adultério.” “O tempo está mau para paixões.” “Não chove.” “Está um tempo para parvos.” “Queres outro cigarro?” “Ainda nem acabei este.” “Trago-te aqui algumas chouriças, salpicões e folar. Isto é iguaria fina. Não é para a partilhares com energúmenos nem com comunistas.” “Claro que não.” “Têm-te tratado bem?” “Mais ou menos. Abusam um pouco das bofetadas.” “Parece a escola primária?” “Mais ou menos.” “Os teus irmãos têm-se portado bem na escola. Mas agora andam sempre juntos. Ninguém os consegue separar. Dizem que vão libertar o seu irmão mais velho das masmorras da reação. Querem ser revolucionários à força.” “Diga-lhes que isso é uma tolice. Que eu já não acredito muito nos comunistas. O povo não nos quer. E se o povo não nos quer não há muito mais a fazer do que desistir.” “A tua mãe vai ficar radiante quando souber disso.” “Ai não vai não porque o pai não lhe vai dizer nada. Era o que mais faltava. Ia logo contar tudo ao padre e eu ficava com fama de traidor.” “Seria melhor se ficasses com o proveito. Se pensas dessa forma, o melhor é dizeres tudo agora. Libertavam-te de imediato.” “Mas eu não quero que me libertem.” “Porquê?” “Pois, porque não!” “ Tu és muito teimoso.” “Seria uma desilusão para todos quantos acreditam em mim e me veem como um exemplo a seguir.” “Não te iludas. Os únicos que acreditam em ti são os teus irmãos. E eles são apenas crianças.” “O pai o que é que acha da toleima dos seus filhos.” “Que é uma rematada idiotice.” “Em Portugal vale tanto a revolução como a reação. Nada.” “Alguma coisa temos de ser.” “Eu prefiro não ser nada.” “Tu é que sabes. Mas o tempo não corre de feição para a vossa gente.” “Isso é aqui no Norte.” “E quem é que te garante que no Sul as coisas se passam de outra maneira? Os presos políticos abundam em ambos os lados. E onde há presos políticos não existe democracia.”


Depois fez-se silêncio. Os dois pararam de falar para poderem meditar. E meditaram a olhar um para o outro. Logo de seguida veio o guarda prisional informar que a visita tinha terminado.


“Pai…” “Sim.” “Não sei se…” “Sim…” “Não sei…” “Nem eu…” Longo silêncio.


“Talvez o tempo melhore”, disse o pai em jeito de despedida. Ao que o filho respondeu: “Temos de ter esperança. O sol vai tornar a brilhar um dia destes.”

07
Ago13

O Poema Infinito (158): corajosa agonia

João Madureira


As mulheres alteiam as saias para libertarem a vontade e exibirem o seu sexo e as suas nádegas à luz crua do desejo como se levantassem voo para o infinito. E gemem como se parissem equívocos. E arrumam os diálogos nos quartos obscuros e passeiam-se nos corredores como cotovias assustadas. Amanheço com o espanto dos sonhos húmidos. Oiço murmúrios nas escadas. Os campos crescem dentro da sua tepidez molhada pela chuva miudinha. Os corpos estão quietos como estátuas de sal. As almas ondulam como se fossem bandeiras de guerra. A água lava as impurezas dos viajantes. Abro a janela e aspiro o ar que vem da rua. Nada está completo. Recomendamos a incredulidade a quem sonha que pode ser feliz. Os corpos sempre foram a fonte inesgotável do pecado. Por isso é que os homens adoram serpentes. E a iluminação infame das casas. Por isso é que os homens observam pacientemente o seu declínio e morrem gastos e desiludidos, muitas vezes esquecidos do seu próprio rosto. Vivemos tempos imprevistos. Vozes atravessam os bairros. A música flui longínqua, lenta e insistente e transporta-nos até aos anos imprevistos, esse tempo de banhos de sol e de alegria. Os rios eram impetuosos e corriam por entre os altos muros dos montes como se fossem cavalos cegos. O teu corpo segura ainda a esperança e a surpresa do amor. O rosto largo evidencia os teus olhos aquosos. A tua expressão transporta o jeito inventor da linguagem. Somos como comboios que viajam entre estações anónimas. Como um guerreiro desolado atravesso países que habitam os livros. E cavalgo há anos a lonjura das estrelas e os sonhos furiosos dos pacifistas. Evoco o sorriso das mulheres possuídas e o minucioso murmurar dos amantes. Esse é o território da aventura, onde as vozes têm o peso dos rios pálidos e onde o silêncio é tão vasto como o mar. As naus transportam essências de delírios, aromas dos pinheiros verdes e a pressa dos caçadores furtivos. Lá fora, os pássaros movem-se numa velocidade adormecida. Voam contra os anos e contra a imensidade do ar. As gargantas dos que protestam repousam agora no seu grito definitivo. É tão violenta a decadência da esperança! Alguém define uma palavra nunca antes pronunciada. É altura de uma nova viagem. Recolho-te nos meus braços e partimos. Nenhuma verdade resiste ao espanto. O mar é uma pressa de marés. Somos navegadores que sulcam como nuvens em volta de ilhas. E cruzamos as ondas como se fossem corpos andróginos. O prazer é um caminho insaciável que se ramifica pelos sexos e pelos corpos e atropela o tempo. Dizes: a poesia evidencia o destino dos sonhos. Por vezes derrotamos o tempo. O vento e a água substituem-nos. Cruzamos o deserto. Os deuses escrevem os poemas do destino e da morte. Sobram as palavras de pedra. Cortamos os dias com a lâmina das horas. Por isso ficam mais delicados. Dentro deles nasce a frágil matéria da vida. O sol insiste em abater-se sobre nós sem pudor. Até a erva evidencia a sua dor. Dançamos marcando a terra com a nossa infinita precariedade e muito lentamente como quem desaba por cima do som dos instrumentos. Evidenciamos a gentileza amena das madrugadas. O arco da alvorada espera a época que há de vir. É tempo de matar o desejo, de aniquilar as ânsias, de cobrir o dia de palavras, de eternizar os instantes. De palavras vulgares se faz a paixão. É esta a nossa eterna desilusão. O poema está feito desde sempre e para sempre. O poeta nada vale, por muito que digam o contrário. É esta a corajosa agonia de quem escreve versos. 

05
Ago13

Pérolas e diamantes (49): as palavras e os números

João Madureira

 

 Das palavras – O meu amigo M., vendo-me com o semblante carregado, talvez por causa do calor, resolveu refrescar-me a esperança: “Vocês estão de parabéns, pois neste país, e mais concretamente nesta cidade, a tarefa dos independentes não é fácil. Sempre que por aí surge um problema político, os meus amigos tentam sempre encontrar uma resposta adequada e até uma proposta de solução equilibrada, enquanto os partidos tradicionais, sempre que lhes surge uma questão política delicada, encontram apenas uma desculpa.”

 

Eu, porque ando a reler Guerra e Paz, lembrei-lhe que Kutuzov derrotou Napoleão precisamente porque não se deixava arrastar pelos valores efémeros e superficiais da corte e tomava as suas decisões com base num conhecimento visceral dos seus homens e do seu povo. E conclui que para se liderar um povo é necessário conhecê-lo bem.

 

E até fui mais longe. “Com a nossa presença pretendemos devolver ao concelho e aos flavienses o bom nome e, sobretudo, a esperança. Depois destes anos de desvario, incompetência e desnorte, tem de surgir um grupo de pessoas capaz de liderar a autarquia, e, essencialmente, decidida a recuperar e a restituir-nos o orgulho em sermos flavienses.”

 

“Sinto nas pessoas algum medo. É preciso ter coragem para enfrentar as máquinas partidárias e a teia dos interesses instalados”, disse o meu amigo. Eu respondi-lhe: “Aprendi com a vida que a coragem não é a ausência de medo. Coragem é triunfar sobre o medo.”

 

Porque estava com a boca doce por causa da água das pedras com limão e açúcar atrevi-me mesmo a levar a dissertação um pouco mais longe: “As pessoas foram ensinadas a desprezar, a achincalhar, a dizer mal e a desistir perante as adversidades. Mas se conseguem aprender isso também é possível ensinar-lhes a amar, a tolerar, a enaltecer e a lutar contra as contrariedades, contra a perseguição, contra o desalento e contra a mentira. Nelson Mandela disse que a bondade nos homens é uma chama que se pode ocultar mas que é impossível extinguir. Podemos não a ver, mas ela está sempre lá, no coração e na alma dos homens e das mulheres de boa vontade.”

 

“Hoje estás com tendência para a pregação”, chalaçou o meu amigo. Eu bebi mais um pouco do meu refresco e atirei-lhe esta pernada de palavras de Madiba: “Na vida, todos os homens têm duas obrigações que andam a par – para com a família, os pais, a mulher e os filhos; mas também para com o seu povo, a sua aldeia, o seu país. Numa sociedade civil humanizada, todos os homens têm condições para cumprir estes deveres segundo as suas tendências e capacidades.”

 

Dos números – No ponto 6 do programa “Todos por Chaves”, afirma-se textualmente: “Seremos realistas na ambição, pragmáticos na gestão e humanistas na ação. O pragmatismo na gestão tem como componente essencial o espírito de equipa, a integridade, a honradez e o respeito pelas pessoas.”

 

Ora vamos lá então ao realismo, à honradez, à integridade e ao pragmatismo e ao tal respeito pelas pessoas.

 

A seguir ao Milagre das Laranjas, que pretende transformar paralelos em votos no PSD e que custa aos flavienses a módica quantia de 187.973 €; depois da escandalosa entrega do edifício restaurado do antigo Magistério Primário à rapaziada da JSD local, cujas obras ficaram num milhão de euros; a seguir ao escandaloso aluguer à empresa Jogos e Disfarces, por 150 €, das antigas instalações do Cineteatro de Chaves; a seguir à indemnização à GIPP relativa ao “Projeto de Execução das Piscinas Municipais Cobertas de Chaves”, no valor de 62.181,25 € (+ IVA); depois da indemnização relativa à “Reabilitação do Edifício Adjacente à Igreja da Madalena” para instalação da Pousada da Juventude; após a vereação camarária aprovar a “Rescisão do Contrato de Financiamento com a Empresa Santana Construções, SA.” no valor de 20.257,28 € (+ IVA); a autarquia flaviense resolveu cometer novo atentado à racionalidade e desbaratar ainda mais dinheiro público.

 

Em reunião de 18 de maio de 2013, a Câmara de Chaves aprovou, por unanimidade, a revogação de mais um contrato com a GIPP, relativo ao “Projeto de Execução de Reabilitação e Construção dos Pesqueiros da Margem Esquerda do Tâmega entre a Ponte Romana e a ETA”, no valor de 17.557,68 € (+IVA).

 

Ou seja, a Câmara de Chaves resolveu mais uma vez retirar dos bolsos dos contribuintes dezassete mil quinhentos e cinquenta e sete euros e sessenta e oito cêntimos, para pagar uma indemnização por não conseguir levar a efeito uma obra prometida e já adjudicada.  Esta é a sua “política de verdade” e a sua “racionalidade”. Este é o seu “pragmatismo”.

 

Contas feitas, só nestas três indemnizações, e a troco de nada e de coisa nenhuma, os flavienses já pagaram, ou vão ter de pagar, a módica quantia de 97.995.18€. Mais IVA. Bem prega Frei Tomás…

 

Mas a história não acaba aqui. Isso é que era bom!

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