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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

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09
Dez13

Pérolas e diamantes (67): sinceridade e estupefação seguidas de um acordo

João Madureira


1 - Vamos ser sinceros: o arrependimento é um conceito que não aprecio, pois significa que não assumimos aquilo que fomos. Uma coisa sei: nunca desisti de aspirar à liberdade. O que mais me entristece é que, apesar de todo o esforço individual e coletivo, vivemos numa espécie de sociedade de empregados de escritório resignados.

 

Apesar dos desaires e dos desapontamentos, quando não das traições, continuo a tentar ser livre e verdadeiramente independente. Aprendi a apreciar as derrotas, pois são elas que conferem todo o sabor às vitórias. E aprendi outra coisa, que haverá sempre pessoas mais rápidas e outras mais lentas. Mas, no fim, o que verdadeiramente conta é o vigor com que percorremos o caminho.

 

2 – Entre a estupefação, o assombro e o júbilo, deparei-me com a notícia de que havia na nossa terra uma confraria chamada precisamente “Confraria de Chaves”, que no dia da Feira dos Santos entronizou os primeiros 34 confrades e confreiras, numa cerimónia apadrinhada, imaginem só, pela célebre “Confraria dos Vinhos Transmontanos”.

 

O seu lema é, além de elucidativo, de uma imaginação muito acima da média. Reza assim: “Aquae Flaviae, fomos, somos e seremos”. Assombroso. E até tem um Grão-Mestre, à moda da maçonaria.

 

O traje dos 34 confrades, e confreiras, é composto por capa-batina, gravata e chapéu, em tons de preto e dourado. E os seus membros exibem um símbolo onde se distinguem as duas chaves do brasão da cidade, representando a saúde e o amor. O seu hino é a Marcha de Chaves.

 

Quase todos os seus membros são militantes proeminentes dos denominados partidos do arco do poder. Na espreitadela que dei na foto de grupo, vislumbrei alguns, poucos, elementos do PS, um do CDS e dezenas do PSD. Na fila da frente deparei-me com o senhor presidente da autarquia e mais quatro destacados militantes laranjas. Dizem querer defender a marca de Chaves e dos produtos flavienses. Pelo menos traje já têm. E hino. E insígnia. O resto, estamos em crer, virá por acréscimo. Daqui lhes enviamos os nossos sinceros votos de felicidades. Que a força nunca vos falte. Porque fomos, somos e seremos, Aquae Flaviae.

 

E lá vai o hino: Ó Chaves, nobre cidade, pelo Tâmega beijada…

 

3 – Depois de muito porfiarem, as estruturas políticas dirigentes flavienses lá conseguiram um acordo para a gestão autárquica da Câmara Municipal de Chaves.

 

Depois do senhor presidente ter convidado o PS, afinal foi com o vereador eleito pelo MAI que António Cabeleira fez um acordo. Isto porque, pegando nas suas palavras, após ter convidado o Partido Socialista para uma “governação de cooperação mútua”, a candidata eleita pelo PS nas últimas eleições autárquicas, “não se mostrou disponível”. E, como muito bem disse José Sócrates, há uns anos, para se dançar o tango são necessários dois bailarinos. 

 

Como a vereadora do PS se recusou a dançar, vai daí o senhor presidente convidou João Neves para vereador a tempo inteiro. Este não se fez rogado e aceitou, argumentando que “tinha necessariamente de haver um entendimento”. E até foi mais longe: “Estou convicto que vai ser um mandato que vai ficar na história dos flavienses.” Diz quem assistiu ao ato que proferiu tais palavras sem se rir.

 

Alguém me lembrou que António Cabeleira disse que nunca faria um acordo com o João Neves e que João Neves afirmou em várias intervenções públicas que era preferível que o próprio diabo ganhasse a Câmara de Chaves antes que o PSD de António Cabeleira.

 

Contas feitas, este acordo, no mínimo, vai custar ao erário público cerca de 200 mil euros até ao fim do mandato, mais de 3000 euros por mês, que é o dinheiro necessário para pagar os salários a João Neves.

 

A líder do PS diz que tal decisão não se justifica. O senhor presidente contrapõe que com mais um vereador, a gestão autárquica se torna mais eficiente. Paula Barros argumenta que, embora seja uma decisão legítima, não lhe parece que seja coerente, pois a candidatura do MAI baseou-se principalmente numa postura de protesto contra a anterior gestão do PSD.

 

E todos os documentos do MAI, e cada uma das intervenções públicas dos seus candidatos, mormente de João Neves, são disso testemunha irrefutável. Mas palavras leva-as o vento. E parece que não só as palavras, como tudo o resto. Mas como diz o senhor vereador João Neves: o que passou, passou.

 

A líder do PS, e com alguma razão, considerou que o acordo estabelecido foi celebrado entre o PSD, sem maioria absoluta, e “um independente”, para impor a máxima de “quero, posso e mando”, ou seja, “o poder total e absoluto”.

 

Paula Barros garantiu ainda, e isso é que é sintomático, que o acordo proposto pelo atual executivo ao PS se cingia a lugares nos conselhos de administração das empresas municipais. Ou seja, os tais tachos de que tanto se fala e os quais muita gente persegue e de que se alimenta.

 

E a terminar relembrou que a autarquia tem uma dívida enorme, tendo recorrido ao Plano de Apoio à Economia Local (PAEL) e que, devido a tal facto, o PS apresentou, em conjunto com o vereador do MAI, uma proposta de auditoria às contas, que foi aprovada com os votos do PS e do MAI e com os votos contra do PSD, para saber da real e absoluta situação financeira da Câmara.

 

Esta, estamos em crer, será a prova definitiva para ver quem está de boa-fé no processo. Os flavienses necessitam de saber o verdadeiro estado das finanças concelhias. Esse também é o sentido de voto expresso pelo menos por cerca de 45% de flavienses nas últimas eleições autárquicas. 

06
Dez13

O Homem Sem Memória - 186

João Madureira


186- Com a difusão do panfleto, a raiva e a revoltam cresceram. O José transformou-se num dos mais revolucionários anticomunistas de que há memória no país. E fazia-o com calma e descontração, muito ao modo dos alentejanos.


Entretanto, a UCP passou a ser a principal tapada de caça dos camaradas dirigentes. Os políticos, vá-se lá saber porquê, gostam muito de caçar. Sentem-se bem de arma na mão a disparar sobre bichos assustados. Isso dá-lhes prazer. E também gostam de exibir os seus troféus de caça.


Curioso é que cada um dos camaradas dirigentes caçava de acordo com a sua posição na estrutura partidária. Parecia milagre, mas cada um abatia caça conforme a sua posição na hierarquia. Os membros indistintos do Comité Central nunca conseguiam caçar mais ou sequer o mesmo número de peças de caça do que, por exemplo, um membro do secretariado ou da comissão política. Tudo ali estava devidamente controlado. Muitos animais vinham expressamente de outros lados do país para satisfazer os caprichos predadores dos chefes comunistas.


O quartel-general, se assim podemos dizer, situava-se numa casa isolada que serviu também de pouso e ponto de apoio ao antigo presidente da República Américo Tomás e até ao rei D. Carlos, quando iam para o Alentejo caçar perdizes, coelhos e javalis. Os símbolos e os vícios do poder são eternos.


O José, por muito porfiar e também por muito ver, ouvir e calar, conseguiu que o nomeassem coordenador do campo de caça. E ele levou a nomeação a peito. Conseguiu em pouco tempo organizar uma coutada que era o orgulho do Partido e, sobretudo, do camarada capataz. A opinião sobre a UCP passou a ser tão favorável que o dirigente da UCP já se via como membro do Comité Central ou mesmo ministro da Agricultura. O José passou de inimigo encoberto a amigo declarado.


A produção agrícola de cereais podia ser medíocre mas a caça proliferava a olhos vistos. Os fins-de-semana na herdade do camarada capataz passaram a ser cobiçados e até motivo de disputas e invejas. Um convite do camarada Alberto Punhal para o acompanharem na caça era sinónimo de apreço e de futura promoção partidária e social. Era também na UCP onde o Partido recebia os camaradas dirigentes estrangeiros de visita ao país. Aquilo tornou-se viciante. Os camaradas dirigentes, cansados das tarefas partidárias e políticas, tudo faziam para receberem um convite do camarada secretário-geral. Os candidatos eram muitos, mas os eleitos eram poucos.


Está claro que o José se tornou íntimo de muitos dos comunistas mais importantes da República Popular do Sul. Ele era afável, modesto e extremamente eficiente. Conseguia até programar o número de peças de caça que cada um imaginava caçar e mesmo os seus animais preferidos. Dava-lhes indicações sobre onde ir, que montes escolher, as armas que deviam escolher, os cartuchos mais apropriados, as rotas mais agradáveis e os sítios onde podiam encontrar-se com Alberto Punhal sem serem anunciados. De uma coisa sabiam todos os que paravam na herdade, era expressamente proibido falar de política durante as caçadas. Ali ou se estava calado, ou se falava do tempo ou da caça.


O camarada Alberto Punhal gostava de caçar um pouco de tudo. E até possuía boa pontaria e uma eficaz rapidez no manuseio da arma. O que tinha aprendido na Guerra Civil de Espanha ainda lhe era útil. Mas a sua caça predileta era ao javali. Dizia, com um sorriso nos lábios, que os javalis se assemelhavam muito aos reacionários, na sua força bruta, no seu primarismo e na sua mais absoluta insensibilidade. Comiam de tudo, chafurdavam na terra e tinham especial apetência por se banharem na lama. O seu focinho trazia-lhe sempre à memória os rostos adiposos dos burgueses com os seus dentes afiados como facas sempre prontos a alimentaram-se da carne e do sangue dos proletários.


Comentava com os seus convidados que matar aves e roedores era uma forma de arte rápida e instintiva. Já matar javalis era telúrico. Fazia-o sentir-se como os homens primitivos em busca do sustento para a família. Matar caça pequena era um ato individual, quase burguês. Já matar javalis era um ato comunista, pois exigia organização, trabalho coletivo, coragem e decisão no momento do disparo. Um javali ferido é um animal perigosíssimo. Até nesse aspeto é parecido com os burgueses e os capitalistas, pois quando estão feridos e desesperados tornam-se extremamente perigosos.


“Quando abato um javali é como se tivesse aniquilado um fascista. Aprecio matar javalis, mas não os consigo comer. Agonio-me só de sentir o cheiro da sua carne a cozinhar. No entanto, apesar de matar perdizes e coelhos com uma certa indiferença, aprecio comer a sua carne”, verbalizou o camarada Punhal.


O José acompanhava sempre o camarada secretário-geral nas suas jornadas de caça. Era o seu melhor confidente. Ouvia e calava. Um dia Alberto Punhal perguntou-lhe se era mudo. Ele respondeu que era apenas educado. Punhal riu-se e entregou-lhe uma arma novinha em folha de fabrico soviético. O José agradeceu mas disse que não apreciava disparar sobre animais indefesos. Punhal disse-lhe que então atirasse às árvores. E, já que era educado, que ficasse com a arma. Ninguém, e muito menos um comunista da envergadura de Alberto Punhal, gosta de ser criticado por ter o vício burguês da caça. José, vendo-se mais uma vez traído pela sinceridade, deu de repente volta ao texto e argumentou com a realidade. “Bem, camarada Punhal, a verdade é que estou determinantemente proibido de tocar em armas, especialmente de caça.” “E quem te proibiu?” “O camarada capataz.” “E porquê?” “Pois porque sou um preso político.” “De direita ou de esquerda.” “Sou um antigo militante do Norte condenado a uma pena de reeducação.” “Ainda és comunista?” “Gostaria de ser mas está visto que não consigo.” “Tu és esperto. Mas neste mundo ou se caça ou se é caçado.”


O camarada Alberto Punhal acabou com a conversa no preciso momento em que uma perdiz apareceu no radar dos seus olhos. Foi tiro e queda. O José, para desviar as atenções, correu no encalço da ave, conseguindo mesmo chegar primeiro do que o cão perdigueiro. 

04
Dez13

Poema Infinito (175): o mapa dos mistérios

João Madureira


As asas dos pássaros pesam dentro da sua tristeza de inverno. Os dias ficam pálidos dentro dos seus silêncios inexplicáveis e entre as margens da sua geografia misteriosa. Lembro-me de repente que alguém gritou dentro do meu sonho. Esqueço o desejo. Pouco a pouco habituo-me à solidão e ao meu destino que é como o do fogo. O fogo devora a esperança. As aves mudam de quadrante. Regressam as profecias, os medos míticos, a talentosa visão da ânsia. Está a chegar o tempo de consultar as constelações e os rostos brancos dos anjos e as palavras segredadas como lendas assinaladas no mapa dos mistérios. A tempestade sacode os céus e torna transparentes os destinos. A noite ressoa no medo dos homens aflitos. As planícies transformam-se em rios caudalosos. A esperança ainda ilumina os sentidos. Adormeço na parte misteriosa do mundo onde as embarcações são pesadas, onde os invernos atravessam os sonhos, onde os ventos fazem vibrar as águas, onde as mulheres se debruçam sobre a luz e remendam o amor e a longitude das águas, onde os dias são lentíssimos, onde se escrevem cartas nos olhares dos notívagos, onde as crianças envelhecem de espanto, onde os pássaros assombram a solidão, onde as recordações crescem sobre as dúvidas, onde as utopias esperam as catástrofes, onde os deuses abandonam a criação para se tornarem fornicadores. Por isso o mundo se desordena e os corpos se fundem na árdua tarefa das paixões e as mãos dos cegos costuram olhares perpétuos de escuridão. As palavras inquietas são as mais madrugadoras. O vento transporta de novo a fantástica gestação do desejo. Descubro-te no silêncio cúmplice do vinho, na noite cheia de luares mansos. Desenho nas vidraças a chegada de mais uma manhã. Vai um novembro muito magoado pelo declínio da luz. A memória continua a resistir aos olhares dos retratos. A escrita murmura desastres e espalha nevoeiro. Agora é a época das coisas simples, dos sorrisos inesperados, da agitação descalça das crianças, do amadurecimento do tempo, da sedução dos sexos e dos lábios, da fecundação das terras, das lindas sombras oblíquas, das paisagens que expulsam o medo, da rapidez do adeus, dos cometas que rodopiam nos olhares dos poetas e dos amantes, dos poemas urgentes, da floração surpreendente das urzes, da magnífica metamorfose das cores, da volatilidade surpreendente dos segredos, da respiração imensa da noite quando espera o dia. Regresso a mim como quem foge da solidão dos espelhos. O mundo continua a recolher desastres e a perseguir o vácuo. Estou só olhando o tempo infinito dos montes, pressentindo a textura inaudível da música, escrevendo para me manter vivo. Escrever é um enigma. É como demarcar indecifráveis sinais de orientação. Sou para sempre uma criança desajeitada, uma estátua teimosa, um menino que faz estalar os dedos para não adormecer. A memória arrasta-se sobre a reminiscência dos corpos que amamos. Volto a escorregar no dia e a respirar a saúde delicada dos textos. O sono é uma ligeiríssima desordenação da vida. A solidão é cruel. Volto a ser um segredo branco fascinado pela chuva do desassossego. As paredes flutuam. Sopro o dia que nasce para dentro dos teus olhos. Tu és a minha claridade. Quando te beijo o peso do meu corpo desaparece. A perturbação da noite afastou-se com a chegada do teu sorriso.

02
Dez13

Pérolas e diamantes (66): o sorriso, a desilusão e a amizade

João Madureira


O desenlace autárquico provocou em mim um sentimento estranho. Deu-me a sensação de ter sido originado através de um baralho de cartas manipulado pelas mãos de uma cigana.

 

Muitas pessoas falam-me do novo elenco camarário entre o sorriso e a desilusão. Eu limito-me a encolher os ombros. Afinal o senhor presidente tem muita sorte. Ou melhor: cada chefe tem o pessoal que merece. E ele fez tudo para que este totoloto lhe saísse.

 

Parece-me que as críticas experimentadas durante a campanha eleitoral pelos dois grandes líderes vão no futuro garantir relações de amizade sincera e de união duradoura.

 

A situação fez-me lembrar uma personagem de Mark Twain que se gabou dos seus lucros ao fiscal das finanças.

 

Uma personagem de “Vida e Destino” de Vassili Grossman refere que as pessoas que têm razão muitas vezes não sabem comportar-se, explodem, dizem grosserias, são inconvenientes, indelicadas e intolerantes, e são ainda normalmente acusadas de todas as contrariedades no trabalho e na família. Mas, avisa, aqueles que não têm razão, os mentirosos, os ofensores, sabem comportar-se, têm lógica, são calmos, delicados e dão sempre a ideia de que têm razão. Mentem sempre com um sorriso nos lábios.

 

E depois lá vem a piada fácil e alarve da crítica aos pensadores. Eu ainda não percebi esse hábito de ridicularizar os intelectuais por terem tendência para a dicotomia, para a dúvida e para a indecisão. Também eu enquanto jovem desprezei esses traços em mim próprio e nos demais.

 

Mas agora tenho outra opinião. Foram as pessoas indecisas e hesitantes que possibilitaram à humanidade as grandes descobertas, os grandes livros. A história diz-nos ainda que essas pessoas também não fizeram menos que as lineares bestas-quadradas.

 

Foram os intelectuais, hesitantes e perguntadores, que se mostraram prontos a ir para a fogueira quando tiveram de optar entre a tradição e a razão, entre a crendice e a ciência.

 

Mesmo em cenários de guerra não se comportam de forma diferente dos indivíduos que se dizem fortes e lineares.

 

E por fim lá me vêm falar da amizade. Afinal em que consiste a amizade? Será que ela se revela apenas no trabalho e no destino comum? Eu penso que não. E explico porquê.

 

Por vezes a aversão entre membros do mesmo partido, cujas crenças apenas diferem em alguns detalhes, é muito maior do que a aversão que essas pessoas têm aos inimigos do partido.

 

Vem nos livros de guerra que muitas vezes homens que vão combater juntos odeiam-se mais entre si do que odeiam o próprio inimigo.

 

O que constrói a maior parte das amizades é possuir coisas em comum. Todos sabemos que até duas pessoas com personalidades díspares podem ser bons amigos.

 

Ou seja, a amizade baseia-se na semelhança, mas manifesta-se sobretudo na diferença e nas contradições.

 

Quase sempre a amizade é uma relação desinteressada. E surge quando menos se espera e de quem menos se espera.

 

A amizade é como um espelho em que uma pessoa se vê a si própria. É normal reconhecermo-nos conversando com um amigo.

 

A amizade é ao mesmo tempo igualdade e semelhança e desigualdade e dissemelhança. É nosso amigo aquele que justifica as nossas fraquezas, os nossos defeitos e mesmo os nossos vícios, mas que não se fica por aí. É nosso amigo quem afirma a nossa justiça, o nosso talento, o nosso mérito.

 

Numa relação de amizade, cada um de nós aspira de modo egoísta a receber do amigo o que não tem. E a desejar entregar-lhe generosamente o que possui. E não falamos aqui de bens materiais.

 

É na própria aspiração à amizade que a natureza humana se revela. Muitos de nós, quando não a encontram nas pessoas, procuram-na entre os animais.

 

Só não necessita de amizade uma criatura que possua uma força absoluta. E se a encontrássemos de certeza que seria Deus.

 

Uma verdadeira amizade não depende do facto de o amigo ser poderoso ou não ter poder nenhum. Uma verdadeira amizade está virada para a procura e a manifestação de qualidades intrínsecas. A verdadeira amizade é indiferente à fama e à força.

 

A lei fundadora de uma amizade verdadeira baseia-se na fé da fidelidade do amigo e da fidelidade ao amigo. 

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