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Encontro-me como uma criança diante do fogo. Aliviaste-me da angústia da negação da poesia. A paisagem é feminina. O teu rosto expõe um sorriso com lágrimas. As cores ressoam em nós. Somos como espelhos que nunca embaciam. Os nossos corpos refletem-se na unidade impossível do tempo. As razões da perdição são imensas. Os trilhos sobre a terra sobem até ao limite do céu. O horizonte é ainda um motivo desconhecido para os olhos, apesar de ser o elemento necessário para as aves. Dentro de nós nascem as chaves dos olhares. A natureza é nossa. Identificamos as estrelas. Sob o céu rebentam os botões das flores e as primeiras folhas verdes. O mar cobre-nos com as suas asas azuis. E o sol ocupa o lugar dos corações. O sonho é um devaneio. A luz é a imortal função da vida. A luz. A luz real. A luz imaginada. O amor possui o peso específico do acaso. O tempo transborda. O tempo colide com o espaço. Alguns corpos ganham a lividez do abandono. Outros ficam em ruínas, como se a infelicidade tivesse limites. Os olhos começam a perder a confiança do seu brilho. As mãos separadas não conseguem segurar nada. Deixamos de sentir o peso do repouso. Todos os caminhos repousam dentro da sua inquietação. O amor é um esboço de fogo. As nossas sombras estendem-se sobre o jardim. Fazemos parte do entardecer. A minha imobilidade é agora tua. Sou um voluntário da revolta. Essa é a minha solitária obstinação. O tempo continua a escorrer-nos pelos dedos. E gira em nosso redor à velocidade da terra. O teu sorriso continua leve e fresco como uma manhã de maio. As palavras são como poeira dos astros. A vida confia nas respostas do silêncio. Os teus olhos pertencem ao meu mundo. As suas lágrimas convocam o brilho da luz. Sinto-me o gérmen da desordem. A certeza da morte destrói o equilíbrio do tempo. Todos os passados se dissolvem dando origem ao silêncio. Dantes orgulhava-me de entender o mundo através da rigidez das palavras. Hoje acontece rigorosamente o contrário. O esquecimento possui a propriedade destruidora da reminiscência. A solidão possui a sua própria sedução, a estúpida caraterística do prazer pelo sofrimento, a modéstia do orgulho, a perversão do mérito, a ruína perfeita da exegese. Agarramo-nos à nossa própria queda, como se fossemos um barco que se funde com a água para voltar a nascer. Apenas os amores imperfeitos geram tempestades. Nós iremos até ao fim. Somos o corpo memorável de um poema traduzido do infinito. Cantamos o seu ritmo, a sua textura, a sua realidade oculta, a sua dúvida evidente, a sua imperfeita verdade. Apreciamos as delícias da banalidade habitual. A passagem do tempo é uma vulgaridade infinita. Por vezes as palavras chegam-nos como uma revoada de pássaros. Algumas guardamo-las no calor da nossa boca embalando-as com os lábios. A claridade é para nós um refúgio. As palavras mais belas somem-se um pouco antes de serem escritas. O seu encanto é tão prudente que morrem enroladas dentro da sua própria beleza. São como os pássaros de inverno. A luz do luar cobre agora o nosso rosto com a sua doçura lívida. Os campos ficaram húmidos. As florestas cerraram-se em si mesmas. O sol está do outro lado do mundo expondo a sua perfeição distante. É noite. Abrimos as mãos e os corpos. Somos como duas estrelas que se atraem rodeados por este silêncio ensurdecedor.
António Costa chegou a líder do PS igual a si próprio: falando de tudo com um sorriso nos lábios, mas dizendo muito pouco ou quase nada sobre o programa político do seu putativo governo. Por exemplo, afirmou que ia acabar com a sobretaxa de IRS, mas não disse quando, e prometeu promover uma “nova atitude” em relação à Europa, mas não explicou em quê.
No PS passou-se da timidez de António José Seguro ao vazio tonitruante de António Costa. A sua agenda para a década é um assumido enunciado de intenções.
Não se cansa de afirmar que a situação portuguesa se resolve com crescimento económico, mas não mostra como será feito esse crescimento.
O Obama do PS, com as promessas que vai fazendo de forma avulsa e descoordenada, poderá transformar a sua imagem de salvador de Portugal em falso milagreiro. A ver vamos.
É por demais evidente que estes quase quatro anos de governação PSD/CDS constituem uma legislatura falhada. A carga fiscal foi violentíssima, nomeadamente nos cortes feitos aos funcionários públicos e na forma profundamente injusta como se taxaram os pensionistas.
Além disso, o executivo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas cometeu um erro de palmatória: tentou aguentar as finanças públicas esquecendo a economia real.
O problema é que não foi por uma questão de falta de vontade, foi mesmo por incompetência e falta de maturidade.
Em Portugal não há incentivos para que os melhores fiquem por cá. Este continua a ser o país das cunhas.
Sinceramente confesso que não acredito em nenhum dos partidos do BCI (PSD/CDS/PS) para tratar do nosso futuro coletivo.
Não acredito neste governo porque falhou em tudo. Sobretudo nas reformas estruturais e nas da administração pública.
Não acredito em António Costa porque o partido que ele lidera continua refém do velho aparelho, que sabe que apenas poderá subsistir se continuar a manobrar no segredo dos gabinetes.
A solução ou vem de fora deste triângulo de interesses ou não será solução competente e capaz.
A crise financeira e monetária deve-se muito mais à corrupção do que às más políticas.
O BCI é responsável pelo facto de as ideias já nada representarem e os valores estarem a desaparecer, por vivermos num regime de puro pragmatismo, negando assim a grande tradição democrática e republicana e o imprescindível espírito crítico.
As pessoas têm razões objetivas para começarem a desprezar a política. É compreensível. Mas também é extremamente perigoso. Se virarmos as costas à política, ela ficará nas mãos dos piores. É necessário convencer os elementos mais brilhantes e idealistas da nossa sociedade a ela se associarem.
De uma coisa podemos todos ficar cientes: a política só se torna digna se as pessoas dignas nela participarem.
Se a deixarmos nas mãos dos ignorantes, dos medíocres, dos prepotentes e dos corruptos, porque a consideramos detestável, então a própria política só pode tornar-se detestável.
PS – Para podermos fazer uma ideia concreta de quais são os buracos financeiros que vão ser tapados pelo empréstimo de dezenas de milhões de euros negociado pela CMC com os bancos, que os flavienses vão pagar com língua de palmo durante os próximos 14 anos, mais uma vez solicitamos ao senhor presidente da CMC e aos seus distintos vereadores, nos quais incluímos necessariamente o catavento político João Neves, que aprovem uma auditoria independente às contas da nossa autarquia. Quem não deve não teme. E à mulher de César não lhe basta ser séria, tem de parecê-lo. Assim vamos todos conseguir dormir um pouco mais descansados.
PS 2 – E, também em nome da transparência, já agora senhor presidente, talvez fosse boa ideia aprovar conjuntamente uma auditoria externa às contas da JF de Santa Maria Maior, da qual foi insigne presidente, até 2013, o risonho vereador João Neves (ex-MAI e atualmente do PSD), pois quem não deve não teme; certos de que aquele que tão insistentemente reivindicou, durante toda a campanha eleitoral, uma auditoria às contas da CMC, com toda a certeza verá com bons olhos, e até enaltecerá fervorosamente, uma auditoria realizada às contas do seu íntegro mandato.
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