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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

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30
Mar15

233- Pérolas e diamantes: a humildade e o orgulho

João Madureira

 

 

Quero crer que existe uma verdade que ainda poucos se atrevem a admitir, uma vez que é opinião quase unânime de que os partidos e os políticos são todos iguais: ainda há políticos e partidos que são diferentes, para melhor, claro está.

 

Admito que isso é verdade. Sempre achei que a humildade perante os factos é a única coisa capaz de salvar a democracia e a liberdade. Como lembra Thomas Lang, ou melhor, Hugh Laurie: sê humilde perante os factos e orgulhoso perante as opiniões.

 

Tudo isto vem a propósito de um homem e de um partido que ele formou à sua imagem e semelhança. Um homem desassombrado, íntegro, frontal, sincero e com uma vida profissional, política e social transparente.

 

Falo-vos de Marinho Pinto, e do PDR, um português que sempre defendeu a humildade perante os factos e sempre expressou as suas opiniões com orgulho e sem papas na língua.

 

Em apenas dois meses à frente do Partido Democrático Republicano conseguiu a proeza de o colocar nas sondagens com 5% (à frente do CDS, BE, PL e muito próximo do PCP), numa posição de poder influenciar o próximo governo.

 

Sobre as sondagens disse que é daqueles que só faz prognósticos no fim do jogo. Pois elas servem para embriagar quem as compra.

 

Em entrevista à revista Sábado, definiu-se como um republicano que se revê na grande virtude dos ideais da República, a humildade democrática, não só na política, como em tudo na vida. “Em período de arrogância e soberba, ser humilde é uma vantagem competitiva.”

 

Apesar das sondagens já darem o seu partido como o “desempata” das próximas eleições, Marinho Pinto é perentório: “Não seremos muleta de ninguém, seja qual for o resultado. Concorremos para apresentar um programa de inovação, de mudança da vida política, de mudança do País. É necessária uma quarta república. A refundação da república.”

 

Questionado pela Sábado sobre se tem preferência pelo PS ou pelo PSD, afirmou que a preferência do seu partido é por políticas. “Nem estamos aqui à procura de alianças. Porque não estamos à procura de lugares.”

 

Sobre o PS, considera que tem condições para ter uma votação razoável, mas bem longe da maioria absoluta, provavelmente pior do que aquela que António José Seguro teve e que levou ao seu afastamento.

 

Mas foi sobre António Costa que disparou a sua forte argumentação: “António Costa é um bluff político. É um jotinha que está a chegar a velho sem ter sido adulto na política. Começou aos 14 anos e anda desde os 14 anos nesta intrigalhada, nestas redes de conspirações, nesta teia de cotoveladas, de facadas nas costas, de traições, é isto que ele sabe fazer. Aquilo que fizeram ao António José Seguro é inqualificável do ponto de vista político.”

 

Mas não se limitou a ficar por aqui. Esclareceu que a traição ao ex-líder do PS, por parte de António Costa, demonstra que quem manda no PS é “uma clientela ávida de poder, para satisfazer necessidades pessoais, contra o País.”

 

Na sua opinião, os vários partidos políticos do Bloco Central dos Interesses (BCI) apenas se têm preocupado em satisfazer “a gula insaciável” das clientelas parasitárias que gravitam em seu redor.

 

Para o líder do PDR, Pedro Passos Coelho, que prometeu concursos públicos, enxameou o Estado de boys laranjas, “porque são essas clientelas que mandam nos partidos e escolhem os líderes”.

 

Esclareceu que as suas críticas a António Costa não se destinam a conquistar votos no eleitorado do PS. A mensagem do PDR destina-se àqueles que desacreditaram da política e já não votam. “Quero-lhes levar uma mensagem de esperança. Quero que voltem a acreditar na política, dizendo-lhes que temos sido mal governados e mal dirigidos, as nossas elites em muitos aspetos traíram os nossos interesses, mas é na política que temos de resolver os problemas do País.”

 

 

 

 

PS – Tchékhov dizia que “a arrogância é uma qualidade que fica bem aos perus”. Por isso, não nos cansamos de solicitar ao senhor presidente da CMC e aos seus distintos vereadores, que aprovem uma auditoria independente às contas da nossa autarquia. Quem não deve não teme.

 

PS 2 – Também em nome da transparência, já agora senhor presidente, talvez fosse boa ideia aprovar conjuntamente uma auditoria externa às contas da JF de Santa Maria Maior.

 

PS 3 – Era um ato de coragem redentora, o senhor presidente deixar-se de desculpas de mau pagador e pôr fim ao deplorável espetáculo dos esgotos a céu aberto em Vale de Salgueiro – Outeiro Seco.

26
Mar15

Poema Infinito (243): verdade?

João Madureira

 

 

Gravita no anil a crispação sonora dos rouxinóis. A aldeia está serena. As searas ondulam. A noite teve o seu ataque de epilepsia. Pelos caminhos andam os homens amargos cobertos pela sua nudez hiperbólica. Antigamente, à luz dos lampadários, distribuía-se o pão e a salvação. Abraçava-se a Lua. Os campos pareciam felizes. As rolas entoavam baladas tristes. Os cardos exibiam as suas setas aguçadas, os silvados floriam, a terra ria-se, os bois ruminavam. A tristeza era heroica. As crianças saltavam pelos matagais e desciam às fontes a sorrir e a cantar. Depois chegaram as cidades, desmedidas como o gigante Adamastor, condenando o nosso pequeno mundo. O seu prazer era feito de mágoa. Pelas estradas, o vento passeava a sua fúria inconstante. Janeiro era um mês de sombras e de espectros adivinhos. O frio açoitava as vielas. O tempo mudava a rama dos ciprestes. As oliveiras afastavam o ódio e a guerra. Na tua boca rebentavam já os primeiros beijos. Vivíamos ao ritmo das orações. Nas varandas, as manhãs depositavam o orvalho e a inquietação sôfrega de viver. A verdade era crua e fria. Falávamos da saudade e também da sua ausência. E da angústia. E do gosto amargo da infelicidade. Invocávamos a desolação dos jardins e nela colocávamos os sonhos, a comoção do amor, as raízes do desejo, o tom severo do desassossego. Os teus olhos ficavam rasos de água. Confidenciavas-me o teu silêncio. A beleza possui a sua própria arrogância. Estrelas novas povoavam o céu. Os altares das igrejas ficavam azuis, os olhos dos devotos dilatavam-se. As almas sagradas entretinham-se a brincar o jogo da vida e da morte. Descobrimos que Deus nunca se iria casar. Os sonhos passaram a ser incertos. Misturaram-se com a névoa das manhãs. Pensar em viajar era o início de um agoiro com sabor a tempestade. Acrescentávamos mais ânsia à própria ânsia. Aos homens começaram a surgir-lhes asas nas costas e a nascer-lhes no peito o estranho desejo de voar. A princípio, os seus corpos embaciaram o horizonte. Muitos deles ficaram exaustos. As suas vontades geraram holocaustos. As anjas amamentaram os lobos com os seus mamilos rútilos de desejo e desespero. Os filhos nasceram ingénuos, como se fossem pastores de olhos verdes. Mas eram todos cegos à razão. As suas lágrimas não tinham destino algum. Depois fizeram-se guerreiros e encheram-se de glória. Arredondaram o tempo, ampliaram as horas, subiram às montanhas mais altas, embebedaram-se de eternidade, juntaram os ventos, esculpiram almas opacas, curvaram e torceram a timidez e o receio, rasgaram os oceanos, beberam a correnteza das águas mais bravas, aprenderam a persistência e afeiçoaram-se às espadas e ao sofrimento. Descobriram que o infinito possui uma boca gelada, que a arquitetura do tempo é impalpável, que a idade é um assassino neutro. E partiram. E chegaram. E voltaram a parir. Transformaram-se em aves aprisionadas, como se fossem ilhas. Ilhas presas ao mar. Deitaram fora os segredos, a esperança, os impulsos, o pasmo e a beleza. Transformaram a luz em sombra. Encafuaram os sonhos nos bornais e partiram de novo. Lembraram-se então das memórias dos seus pais quando caçavam porcos-bravos e perdizes, quando definiam a posição dos dedos para orarem, ou como os seus lábios beijavam os oráculos, ou como desejavam ser mar ou floresta, espuma ou neblina. Sentiram então que as suas asas começaram a lenhificar. Transformaram-se em árvores misteriosas que os santeiros usam para confecionarem os seus deuses de pau com asas pintadas de azul, como os altares. A verdade continua a ser fria e crua.

23
Mar15

232 - Pérolas e diamantes: o suave odor da pestilência

João Madureira

 

 

Virgílio, porque era um homem previdente e sábio, escreveu que, mesmo que não a avistemos, “está sempre uma cobra escondida na relva”.

 

Aos incautos, manobradores e restante pessoal distraído é bom lembrar as palavras de John Selden: “Pega numa erva e atira-a ao ar, saberás de que lado sopra o vento.”

 

A verdade é sempre, mas sempre, uma coisa simples.

 

Há quem fale da minha obstinação e da minha teimosia como se elas fizessem parte de algo de indeterminável, ou, talvez, de uma maneira de ser polémica e demasiado frontal. Pois ser frontal e polémico na nossa terra é a modos como um pecado. Eu diria, se me conheço bem, que o meu grande defeito, ou pecado, se preferirem, é possuir caráter. Tão simples quanto isso.

 

Identifico-me plenamente com o que escreveu o advogado e conferencista norte-americano, Michael Josephson: “As pessoas de caráter fazem o que acham certo não porque isso vá mudar o Mundo mas porque se recusam a ser mudadas pelo Mundo.”

 

Para os que se fazem de cegos, surdos ou mudos, lembro as palavras de Winston Churchill: “Há pessoas que mudam de ideias para não mudarem de partido e existem outras que mudam de partido para não mudarem de ideais.” Convém lembrar, aos mais distraídos, que o falecido estadista inglês mudou várias vezes de partido, mas, como a História prova, não mudou de ideias.

 

Resumindo, à boa maneira de Oscar Wilde: “O único pecado que existe é a estupidez”.

 

  1. K. Chesterton disse que existem duas maneiras de chegar a casa; uma delas é não chegar a sair. Mas eu sou dos que arrisco ir. A minha avó ensinou-me a ousar.

 

O mesmo filósofo britânico, que também foi escritor, poeta, narrador, ensaísta, jornalista, historiador, biógrafo, teólogo, desenhista, conferencista e brilhou igualmente no campo da economia, demonstrou que o homem não é um ídolo, mas é quase sempre um idólatra.

 

Convém lembrar aos idólatras que o culto dos demónios foi sempre posterior ao culto das divindades, ou mesmo ao culto de uma única divindade.

 

Eu não pertenço ao grupo das pessoas que se agarram à ideia bizarra de que aquilo que é sórdido tem sempre de vencer o que é magnânimo.

 

Os políticos, os respetivos aparelhos partidários, e as oligarquias comerciais que nos governam dão a impressão de serem múmias de olhar fixo, envolvidas em tecidos discursivos e em palavras ocas, que ninguém consegue perceber se são velhas ou novas.

 

Tornaram-se antinaturais pelo facto de prestarem culto ao dinheiro em vez de defenderem a humanidade.

 

Existe muita gente por aí que leva tempo a perceber a piada que contam, sendo eles os autores da própria piada.

 

Há homens que na sua génese conspirativa, transformam a fé numa religião das coisas pequenas.

 

Chesterton escreveu que “a moralidade da maioria dos moralistas, antigos ou modernos, tem sido sempre uma catarata, sólida e bem polida, de banalidades em fluxo interminável”.

 

Se repararem bem, de uma maneira geral, os elogios ao esforço e outras milhares de trivialidades ditas pelos nossos políticos, ou enunciadas em conversas conspirativas, pelos militantes e simpatizantes dos partidos, são sempre expressas por aqueles que não fazem esforço nenhum em enunciá-las.

 

O problema é que combater a floresta de intriga e má-língua que campeia por aí em núcleos conspirativos, bem circunscritos e perfeitamente identificáveis e identificados, é como tentar limpar uma mata com uma navalha.

 

Muito se diz e nada se traz à luz do dia. A coragem é uma palavra vã. Aos homens da política sobra-lhes em intriga o que lhes falta em caráter.

 

Assim é impossível trazer para a política os melhores. Por isso é que nela triunfam os conspiradores, os medíocres, os aparelhistas, os tartufos, os pavões, os secretários para todo o serviço, os disformes, os conformes e os tachistas. Enfim, os homens sem escrúpulos.

 

Cristo, estimados leitores, segundo os evangelhos, no seu aspeto humano, deu-se sempre melhor com os romanos do que com os judeus, que eram o seu próprio povo.

 

É verdade, e eu sei do que falo, os adversários estão sempre nos outros partidos, mas os inimigos encontram-se sempre dentro do mesmo partido.

 

Daí a necessidade de uma lufada de ar fresco no nosso ambiente político e partidário.

 

Os partidos tradicionais exalam um cheiro próximo do dos esgotos a céu aberto em Vale de salgueiro – Outeiro Seco.

 

 

 

PS – Tchékhov dizia que “a arrogância é uma qualidade que fica bem aos perus”. Por isso, mais uma vez solicitamos ao senhor presidente da CMC e aos seus distintos vereadores, que aprovem uma auditoria independente às contas da nossa autarquia. Quem não deve não teme.

 

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