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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

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21
Mai18

393 - Pérolas e Diamantes: O caminho das pedras

João Madureira

 

Ao contrário do que muita gente esperava, a “corrente de afeto” que rodeava José Sócrates morreu por asfixia. António Costa, o sorridente, cortou de forma oficial com o seu antigo camarada de partido. Até os obedientes cães de fila de Sócrates começaram a descobrir-lhe falhas de caráter.

 

As eminências pardas do PS, vendo o seu ex-camarada a afogar-se no rio das águas escandalosas, escolheram o caminho das pedras, proclamando, em seu favor, a velha ética republicana, que é chapéu de três bicos e serve em qualquer cabeça socialista.

 

O que todos nós sabemos, há já muito tempo, é que há demasiadas fortunas sem explicação em todos os partidos que estiveram no poder e a dita eficácia da justiça foi sempre controlada a partir do poder legislativo, com a cumplicidade de algumas figuras.

 

Mas Sócrates é mesmo o primeiro caso conhecido de delinquência organizada ao mais alto nível. Pensou ele que também escaparia ileso à justiça, pois já tinha visto muitos dos que o antecederam no poder a conseguir escapar incólumes às acusações de corrupção e enriquecimento ilícito. Pensava que era possível enganar tudo e todos. Tinha a lição bem estudada, acreditando na máxima de que a política é para servir os amigos, prejudicar os inimigos e sentar os indiferentes.

 

É caso para dizer que na política portuguesa já tivemos de tudo: rainhas loucas, presidentes-reis, presidentes-múmia e primeiros-ministros corruptos.

 

Por isso, o PS de António Costa resolveu enterrar o cadáver político de José Sócrates. Mas o caso do “animal feroz” vai ser um fantasma político que andará sempre a pairar em volta do PS.

 

Carlos César, no papel de exorcista e para se livrar das trapalhadas das viagens aos Açores, carregou nas tintas da argumentação, dizendo que o desejo do seu partido é o de “que todos os que prevaricarem sejam descobertos e, a comprovar, que sejam punidos com severidade”.

 

Mas os indícios socráticos já vinham de longe e só não viu quem não quis ver: licenciatura a martelo, despachada ao domingo; vida de milionário sustentada com empréstimos de amigos; ligações perigosas e alegadamente promíscuas com banqueiros e outros tubarões da mesma índole; tentativas desesperadas de controlo da comunicação social.

 

Por isso custa a perceber que António Costa, que foi segundo no primeiro governo de José Sócrates, bem como outros ministros, e até Carlos César, então presidente do governo açoriano, nada pensassem, nada pressentissem, nada lessem e nada ouvissem sobre José Sócrates.

 

Essa esplendorosa incapacidade de perceção transformou-se agora na descoberta da pólvora.

 

Por isso custa a engolir, outra vez, o estafado argumento (Manuel Alegre já o empregou um milhar de vezes) da ética republicana, utilizando-o como mera saudação farisaica, que ajuda a modelar o que não passa de taticismo serôdio e oportunista, esquecendo-se que para os homens de bem, aqueles que nada devem e nada temem, é tão essencial a legalidade de direito como a legitimidade moral.

 

Foi despois da polémica em torno de Manuel Pinho que surgiram as primeiras críticas públicas ao ex-primeiro-ministro, por parte de socialistas proeminentes, que ditaram a saída de José Sócrates do PS.

 

Politicamente tudo se precipitou.

 

Os socialistas, através do seu presidente, Carlos César, proclamaram aos quatro ventos que sentiam vergonha de forma dupla, pois, neste caso, tratava-se de um ex-primeiro-ministro.

 

Augusto Santos Silva admitiu incómodo face a comportamentos que, “a terem existido, significam crimes gravíssimos”.

 

João Galamba disse que “envergonha qualquer socialista ver ex-dirigentes, no caso um ex-primeiro-ministro e ex-secretário-geral do PS, acusado de corrupção e branqueamento de capitais.”

 

António Costa, mesmo desde o Canadá, afirmou que a confirmarem-se as suspeitas será “uma desonra para a democracia”.

 

Por isso não restou outra solução ao “injuriado” Sócrates, a não ser sair do partido.

 

Logo após, a confusão instalou-se nas hostes do PS. Começaram então as especulações: Quererá Sócrates falar e tentar colocar em xeque quem o abandonou politicamente, utilizando as escutas a que teve acesso durante o processo e que terão sido vedadas aos jornalistas assistentes no inquérito?

 

Noticiou-se mesmo que José Sócrates terá sido convidado, de imediato, por várias televisões para ser ouvido sobre o assunto. Mas preferiu não falar. Para já, diz-se.

 

Sócrates justificou-se: “A injustiça que a Direção do PS cometeu comigo ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político. Considero, por isso, ter chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo.”

 

A sua ex-namorada, Fernanda Câncio, escreveu: “De alguém com uma tal ausência de noção do bem e do mal, que instrumentalizou os melhores sentimentos dos seus próximos e dos seus camaradas e fez da mentira forma de vida, não se pode esperar vergonha. Novidade e surpresa seria pedir desculpa, reconhecer o mal que fez. Mas a tragédia dele, que fez nossa, é que é de todo incapaz de se ver.”

17
Mai18

Poema Infinito (405): A servidão das borboletas

João Madureira

 

 

Alegram-se as ovelhas com o medo dos lobos.  Nas florestas negras nascem agora as cidades. Os animais adquiriram um cheiro esquivo. O medo toca-lhes como se fosse estranho. A alegria anda desconfiada e preguiçosa. As cadeiras da sala do tempo ficaram vazias. Lá fora algumas mulheres baloiçam contemplando o frio e os sacramentos da morte. Outras põem a cerimónia nas mesas. Está servido o banquete preparado desde a manhãzinha. Do lado cinzento do dia gritam os pássaros. A geração leviana vai vivendo em casas que julga indestrutíveis. Dizem que se divertem com a sensibilidade do mar, com a sua frieza, com o vento que atravessa as cidades. Apagam a espera. Sofrem a amargura dos terramotos e pousam os seus olhares sobre as estrelas pálidas do Oeste. Brincam mesmo quando se dirigem para o seu destino escuro. As noites empalidecem com o mesmo desassombro das grandes aves. Já não me lembro com nitidez do rosto da minha mãe. A sua imagem cada dia se afasta de mim mais leve e cansada. No entanto, vejo as suas mãos bordando o infinito pano do desaparecimento. Ela cresceu no monte e morreu vendo caras que olhavam demasiado para o seu sofrimento. São coisas dessas que nos fazem endurecer. Talvez o importante tenha ficado por dizer. É essa facilidade aquilo que nos amaldiçoa. Essas palavras leves que fazem rir e que depois sufocam na nossa garganta. Crescem agora flores silvestres nos caminhos por onde andou e dançam borboletas junto às arvores que plantou. Nesse tempo andava eu nos carrocéis mágicos, às cavalitas do meu pai, baloiçava-me nos trapézios na companhia clara e bela dos outros meninos. A gente parava a ver-nos rir. Tocava-se então a gaita de beiços, os carros de bois gemiam pelas ruas e a vergonha não era mesquinha. Lavava-se a roupa branca em dias de sol. Sentia-se a terra gemer de prazer. Vestíamos a calma como se fosse uma luz azul. O tempo era mais longo e a tristeza deixava-se levar pelo vento. As ameixieiras floriam como se fossem mulheres alegres que pariam muitos filhos para alguns morrerem. Tudo parecia planeado para nunca acabar. Celebrava-se a utilidade das coisas, ensinavam-se as condutas mais práticas e os homens entregavam-se à honra. Nomeavam-se as pedras, os montes e os animais. Celebrava-se a neve e o passado enquanto as crianças cresciam por prazer. Criavam-se os costumes, punham-se colarinhos ao pescoço no dia de Páscoa, ensinava-se a arte de governar. Todos mandavam e todos eram servidos. Educava-se a gente na arte da palavra. Aprendia-se a atraiçoar o inimigo. Por vezes ainda sinto a delícia de começar que aprendi nas manhãs que via nascer. Depois punha-me a ler. Tudo era verde. Os galos cantavam. A cerdeira do jardim enchia-se de luz. Ensinaram-me que ser mau exigia muito esforço. Tentaram que eu acreditasse na possibilidade de despedir a infelicidade. Desperdiçava-se o tempo. Misturavam-se as melhores palavras com a carne que guisava no pote. Agora as cidades nutrem-se de carros e navios, nelas sobe o fumo. Os gestos são quase todos incertos. Esbanjam-se os mandamentos, as bocas são ociosas. Os bons conselhos apenas são emprestados. Regresso à velha casa depois do exílio. Atrás de mim vêm os rostos de todos queles que já morreram. Passo de carro sobre as ruínas. Já não tenho paciência para a esperança. Sobre o armário coloco a mala com os meus manuscritos. Junto ao rio, entre os choupos e os pinheiros, protegidos pelo muro e pelos arbustos, crescem ainda as flores mensais.

14
Mai18

392 - Pérolas e Diamantes: Entre a justiça e o seu cúmulo

João Madureira

 

A eurodeputada socialista Ana Gomes, preocupada com a credibilidade da política e dos políticos, sobretudo os do seu partido, diz que o PS se deve demarcar de “quem esteve no Governo para se servir”.

 

Independentemente do julgamento que se venha a realizar, todos sabemos que o engenheiro Sócrates vivia “num desmando total em relação às suas contas pessoais”.

 

Independentemente de ser crime ou não, a divulgação dos interrogatórios evidencia, até à exaustão, a ligação do ex-primeiro-ministro ao grupo Espírito Santo, revelando “um esquema corrupto de captura de um governo”.

 

Mas atenção, e nisso Ana Gomes vai até mais fundo, “o esquema não começou com Sócrates, pois existem elementos relevantes que mostram que começou antes, nomeadamente com a questão dos submarinos ou dos Panduru”.

 

O estranho é que havia sempre um membro do Governo que vinha do BES ou ia para o BES.

 

A deputada socialista não teve papas na língua quando afirmou ao Expresso que é a primeira a dizer que se faça justiça, pois existe um facto insofismável: “A relação especial e privilegiada de Sócrates com Ricardo Salgado. Pelos vistos, estava às ordens dele e até fez negócios à conta dele. O PS não pode pôr isso debaixo do tapete”.

 

O problema é como pode fazê-lo. Por aí passa a questão da sua credibilidade.

 

Mas dêmos outra vez a palavra a Ana Gomes: “O Governo está a trabalhar bem, o que é mais uma razão para o PS não meter a cabeça na areia e assumir que não vai deixar-se instrumentalizar por um individuo mitómano, com uma vida financeira desregrada e que se prestou a que o seu Governo fosse infiltrado e manipulado por interesses de um grupo financeiro.”

 

Por isso, reafirma que o PS tem, para bem da democracia, de demarcar-se deste tipo de comportamento, de gente que estava no Governo do PS para se servir.

 

Referindo-se ao caso de Manuel Pinho, é perentória: “Um ministro que recebe um ordenado à parte da entidade que lhe pagava antes através de offshores, só pode ser por esquemas de corrupção e de evasão fiscal.”

 

Manuel Pinho logo de início lhe pareceu estranho, quando o viu a rondar o PS ainda no tempo em que o Ferro Rodrigues era secretário-geral e ela fazia parte da sua direção, na companhia de Sócrates e António Costa.

 

Via-o solícito, a apresentar-se como economista e a aparecer em todo o lado. Mais tarde, quando entrou para o Governo, pela mão de José Sócrates, lembra-se de lhe terem comentado que Manuel Pinho era “um homem do Espírito Santo”.

 

Por isso, Ana Gomes apela a que o próximo Congresso seja uma “oportunidade para escalpelizar como o PS se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos”.

 

Claro que há camaradas seus que discordam da opinião de Ana Gomes. Arons de Carvalho, um fundador do PS, considera que “Ana Gomes já se antecipou à justiça e fez justiça pelas próprias palavras”.

 

Mas ele, o tal Arons de Carvalho, declarou que não acha reprovável que uma pessoa como Sócrates possa viver com dinheiro emprestado.

 

Se calhar, muitos de nós partilhamos da mesma ideia, só que o senhor engenheiro viveu como um príncipe à custa de um seu amigo (Carlos Santos Silva) que era a verdadeira encarnação do rei Midas: tudo o que tocava transformava em euros, milhões e milhões deles. Ora isso só acontece nos contos de fadas.

 

Todos estranhamos é a forma como a ficção se transformou em realidade.

 

O PS, como instrumento de governação do país, tem de assumir as suas responsabilidades e criar mecanismos de transparência e questionamento.

 

José Sócrates disse que “sempre foi muito vaidoso” e que foi “por vaidade que se meteu na política”.

 

Fora as peneiras, temos de convir que governou com alguma lucidez. Mas o problema está no estranho facto de Sócrates ter um amigo que o financiava de uma forma alucinante. Ora tanto altruísmo é para desconfiar. Parece que o que movia as relações entre os dois não era a afetividade, mas sim os negócios, pois mandava-o levar “fotocópias”, ou, dito de outra forma, “aquela coisa de que gosto muito”.

 

É óbvio que Carlos Santos Silva ganhava dinheiro com os “favores” que fazia ao seu amigo engenheiro.

 

De todas as vezes que Santos Silva foi contatado, nunca lhe disse um único não. Respondia-lhe sempre a medo e com um lacónico “Sim…” Só lá faltava o “…meu senhor”,

 

Segundo o Ministério Público, o modus faciendi, já abundantemente explicado, de Santos Silva para canalizar o dinheiro para o amigo foi o seguinte: Comprou as casas da mãe de Sócrates com o próprio dinheiro deste e, a seguir, a mãe passou o valor da venda para as mãos do filho a título de doação; passou cheques da conta 006, que mandava levantar e depois o valor era entregue a Sócrates (ou ao seu motorista) em dinheiro; fazia levantamentos dessa conta e levava o dinheiro pessoalmente a casa de Sócrates, ou entregava-o a amigos de Sócrates que este indicava ou a uma senhora que servia de correio entre Lisboa e Paris, quando o ex-primeiro-ministro estava na Sciense Po; comprou a casa de Paris, que ficou em seu nome, mas que Sócrates decorou e mais tarde passaria certamente para o seu nome; pagava as prestações de uma quinta no Alentejo usada pela ex-mulher de Sócrates, Sofia Fava; etc.; etc.; etc.

 

Mas se, por alguma razão, o juiz vier a considerar que o dinheiro em trânsito era mesmo de Santos Silva, o amigo de Sócrates é que vai pagar as favas, pois não tem modo plausível de explicar as astronómicas quantias que recebia. Só por milagre. Parece, no entanto, que os milagres não vão a julgamento.

 

Como poderá ele justificar os depósitos feitos em seu nome por Hélder Bataglia ou pelo saco azul do BES? Onde estarão as faturas da fortuna que recebeu?

 

Será o cúmulo da justiça vermos Carlos Santos Silva ser condenado e José Sócrates ficar em liberdade.

 

Por agora, a estratégia de Sócrates, Pinho, Vara e Ricardo Salgado, consiste em aproveitar a lentidão da justiça – servida pela parafernália de recursos que os bons advogados sabem usar – e ficar a marinar até se descobrir um qualquer expediente que faça prescrever os processos ou que fiquem apenas na esfera das penas simbólicas.

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