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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

19
Fev20

Poema Infinito (496): Luz difusa

João Madureira

 

 

Num casebre com telhado de palha vivia uma mulher e um homem que queriam a mesma coisa. Costumavam trocar de papéis e de desejos. Porque eram muito antigos sonhavam ser imperadores, papas e, por poucos momentos, o tal homem pregado na cruz que não se cansava de sofrer para a salvação dos outros. No meio da opulência, um pouco de sofrimento apimenta a vida. Era ela uma sereia invertida e ele um pescador de desejos desmedidos. Sonhavam ser invencíveis na guerra. Especialmente ele, que era um valente cobarde. Também queria construir e atravessar pontes sobre os rios mais largos, habitar palácios com torres que tocassem as nuvens, conduzir carros puxados por pégasos e construir muitas arcas de Noé que andassem debaixo de água. E, por fim, governar o mundo, dominar a natureza e elevar-se aos céus como o Deus dos deuses. Também queria voar, erguer-se até as estrelas. Ela então disse-lhe que parasse de desejar e se desse por satisfeito em ter tais sonhos, pois o esplendor acaba, as torres e as pontes e as máquinas voadoras desmoronam-se, os diques rebentam, a terra treme e as montanhas cospem fogo. E acabará por chegar o tempo do grande frio e da nova idade do gelo, que tudo cobre. Até a morte. Nada do que consideramos sagrado existiria se o homem se tivesse limitado a ficar contente com aquilo que tem. A atividade do homem leva ao caos. Por isso as mulheres são mais desmedidas no seu desejo de construírem a ordem. É o vício do poder do homem que oprime o mundo. Então a mulher que habitava a cabana com telhado de palha olhou fixamente para o seu alucinado marido e disse-lhe que o bosque estava cheio de cogumelos e que, por isso, tinha de se confiar na natureza e recolher em cestos o que ela tão generosamente lhes oferecia. E um sol de outono iluminou-lhes o caminho com a sua luz dourada. E a floresta transformou-se numa catedral. Até que um dia o tal homem sonhador se tornou num perito em cogumelos. Mas a perícia por vezes é como a pólvora nos paióis, provoca explosões mortais, vitimando quem se distrai. Deixou de duvidar. Morreu de tanta certeza. Foram os cogumelos, tão bonitos como contos de fadas, os que o envenenaram de vez. A mulher e os filhos, com a tristeza, apanharam amanitas que fazem sonhar e suspender o tempo, liberando-se e reconciliando-se com as contradições mais vigorosas. Foi então quando a mãe descascou a cabeça do cogumelo, a partiu aos bocados, comeu um bocado e deu o resto aos filhos. Ficaram imóveis à espera do efeito. E ele, por fim, chegou. Começaram a falar uns com os outros com palavras vestidas de púrpura. A realidade transformou-se num vasto campo de oximoros. A mãe chorosa disse: Excetuando nós, tudo o resto é inventado. O conto é real. A imaginação está espalhada por esse universo fora até ao infinito. Os desejos partem por esse mundo fora à procura do seu duplo sentido. As crianças, perdidas, quando encontraram o caminho de saída da floresta já eram adultas. A mãe, velhinha, continuava a ter a sua boca cheia de determinação. O tempo deixou de passar por aquela floresta. Apesar de os bosques estarem cheios de míscaros amarelos e boletos, a mulher e os seus filhos nunca mais foram a eles. Deixaram de procurar a felicidade. Ficaram com o amor do avesso. Tudo e o seu oposto foi reduzido a um único ponto que absorveu a luz difusa que neles transparecia.

17
Fev20

481 - Pérolas e Diamantes: O triunfo da mediocridade

João Madureira

 

Claro que todos temos direito à nossa opinião. Era o que mais faltava. Mas, entendamo-nos, ter direito a ela não quer dizer que a opinião de uma pessoa tenha tanto valor como a de outra. Por exemplo, a opinião de um ciclista sobre esse tipo de desporto tem de valer mais do que a minha, já que não o pratico.

 

Há muita gente zangada por aí e é avisado não nos colocarmos na sua linha de fogo. Quase sempre os mais ignorantes são os mais atrevidos. A ignorância consegue conferir razão a quem a não tem. A sabedoria costuma assentar em algumas justificadas incertezas, dúvidas e consensos.

 

Também existem os que assumem uma humildade fingida, revelando, provavelmente, uma finalidade quase pedagógica. Sobrevoam as instituições procurando uma pretensa autoridade académica. Mas a realidade condu-los, quase sempre, à sua medíocre cátedra. Dizem que se comovem com os livros. É mentira. O seu espírito está saturado de fingimento. Quando lhe fazem um convite cultural, costumam desculpar-se com a saúde da mãezinha que vive noutras terras. Ou então com os netos.

 

Nas letras, como na política, a troca de fichas é muito grande. Quase ninguém se entende. Quase ninguém as entende. Nivelam-se os bons com os médios e estes com medíocres. Muitos até conseguem ser premiados. A literatura atual é feita de verbetes, falsetes e revela uma falta de sensibilidade e gosto que roça a indigência cultural.

 

Desconfio sempre daqueles que escrevem mais do que aquilo que leem.

 

Como defendeu Samuel Johnson, é muito melhor ser maltratado do que esquecido, até porque é muito mais fácil ter desígnios do que agir.

 

Aos zangados faltam-lhes estímulos emocionais. Andam sempre à procura de desculpas.

 

Todos precisamos de experienciar. Coitados dos que necessitam de se enfurecer para se sentirem vivos.

 

Há pessoas que não gostam de coisas velhas, mas também não gostam das novas. Gostam é de se chatear. De se zangar.

 

Os homens passeiam os cães e os jovens costumam ir para os jardins mostrar o seu ar enfadado, as calças rotas nos joelhos, enquanto enfiam o olhar nos ecrãs dos seus telemóveis inteligentes. Alguns namoram, mas com gestos estudados.

 

Outros vibram e dizem amar por antecipação.

 

Há ainda uns outros que dizem atribuir demasiada importância à leitura, desenvolvendo uma espécie de obsessão neurótica pela leitura e pelos seus supostos benefícios morais.

 

Não apreciam plantas, flores, mas penduram na parede a reprodução emoldurada dos girassóis de Van Gogh.

 

A frivolidade descontraída das conversas não é em si mesma um problema. O problema está na sua permanente continuidade.

 

Querem ver.

 

Primeira: Um estudo realizado nos Países Baixos revelou que as mulheres que ingerem uma dieta rica em fruta e legumes têm mais probabilidades de ser mães de meninas.

 

Segunda: Uma loja em Lisboa prometeu roupa de graça às primeiras cem pessoas que aparecessem no primeiro dia de saldos vestidas apenas com roupa interior.

 

Walt Disney já tomou de assalto os governos ditos democráticos do Ocidente. Os donaldes, os patetas, os tios patinhas, as minies, os irmãos metralha e os miqueis governam-nos com a frivolidade costumeira.

 

É também confrangedora a monocultura dos nossos académicos e das ditas elites. Sente-se uma certa vibração no ar que pode possibilitar a violência. Como já disse, anda por aí muita gente zangada.

 

A coexistência é amarga, rancorosa, ressentida.

 

Tornou-se evidente que a esquerda portuguesa é uma intrujice e a direita não passa de um anacronismo. Já o centro é o zero absoluto. Nem sim, nem sopas. Já não existem fronteiras, mas apenas zonas económicas.

 

Com a retórica do serviço público, os políticos procuram essencialmente a sua própria promoção social. E falam-nos, ad nauseaum, com a máxima sinceridade, a máxima responsabilidade e a máxima solidariedade. Iludem-nos desde o zero até ao infinito.

 

A definição doutrinária da direita e da esquerda vive na perpétua guerra de alecrim e manjerona entre pequenos grupos, que, pretextando uma qualquer dissidência ideológica, se juntam à volta de pequenos caciques.

 

Perante a desordem democrática, a mediocridade triunfa.

13
Fev20

Poema Infinito (495): Estremecimento

João Madureira

 

 

Lembro-me de a minha irmã brincar com os bodrelhos mexendo nos pequenos seixos como se fossem rebuçados e depois começar a rir enquanto a senhora Marquinhas da Ajuda fazia chorar os pecadores por causa do sofrimento que traziam dentro de si enquanto diziam que não suportavam a vida e ela falava então com o seu marido assassinado à queima roupa ao virar uma esquina da vila onde tinha ido tratar de negócios pois os vivos são capazes de fazer coisas más uns aos outros e o pai parecia um pássaro abrigado debaixo das folhas mais finas das árvores estremecendo com os raios de sol que se escapavam quando as folhas se assustavam com os estalos dos ramos secos e as árvores eram gigantescas e as nuvens também eram vastas como a indiferença e o sofrimento e então a avó punha-se a falar sozinha dizendo que o falecido avô sempre lhe parecera um homem simpático e bom amigo do seu amigo e que não morreu na guerra por um triz ajudado pelas rezas da comadre Marquinhas mas que agora tudo lhe parecia mais estranho como por exemplo as vozes das pessoas que falavam através das paredes do quarto e que a sua velha mãe lhe aparecia em cima dos arbustos vestida como uma nossa senhora mãe dos pobres e depois a minha irmã mais velha punha-se a dançar descalça no relvado juncado de florzinhas amarelas e vermelhas e azuis fazendo lembrar lamparinas flutuantes e ria e ria e ria e contava histórias inventadas por si enquanto o louco da aldeia que era o mais lúcido de todos se punha a olhar para o rio como se aquela água calma e pura o fascinasse mais do que tudo em seu redor regressando depois a casa apitando como o comboio que ligava Chaves à Régua e posteriormente tudo parecia ficar perfeitamente calmo ou perfeitamente razoável enquanto o amigo do meu pai que se chamava Mário já falava na necessidade do suicídio porque as pessoas eram más e também que as mentiras inventadas pelas pessoas faziam com que o mundo perdesse o seu sentido e pedia que lhe dessem a mão para o impedir de cair cair cair nas chamas e que via na parede rostos que se riam dele chamando-lhe nomes maus apontando-lhe os dedos da maldição e respondia a vozes discutindo com elas e ria e chorava num crescendo de exaltação dizendo que tinha de regressar e depois o pai chegava junto dele e punham-se os dois a olhar para o céu estremecendo e franzindo a testa esperando que o sentido da verdade os alcançasse e a mãe leva-lhes duas cadeiras para se sentarem e repousarem antes de voltarem ao esforço de elucidarem a humanidade sentindo debaixo deles a terra a tremer e flores vermelhas a começarem a crescer dentro da carne enquanto se ouvia vindo do alto do monte um som estridente que se assemelhava muito à voz de Deus quando pegou fogo às sarças e se pôs a falar com Moisés como se ele fosse um velho pedinte que cantava canções de embalar a cobras e todos se lembraram dos pássaros a chilrear e das rodas dos carros a chiarem e dos gritos da mulher louca que habitava a casa mais afastada do centro da aldeia e apesar de tudo isto a beleza jorrava de todos os lados de forma instantânea e a beleza coincidia com a verdade e então a avó pôs-se a cantar uma espécie de ode ao tempo com palavras brancas e imortais enquanto o Mário continuava invocando o seu destino com a cabeça entre as mãos e o rosto sulcado pelo desespero ao mesmo tempo que a luz se estendia pelo chão fora como se fosse água.

10
Fev20

480 - Pérolas e Diamantes: Capitalismo, aparelhos e clientelas

João Madureira

 

 

Os comunistas numa coisa têm razão: o problema é sempre o capitalismo. O dito capitalismo produz muita riqueza mas distribui-a mal. Um filósofo avisado disse algo como isto: quando o capitalismo vai bem, metade do Planeta tem fome; quando o capitalismo vai mal, o Planeta inteiro tem fome. Quer isto dizer que o capitalismo é um paradoxo.

 

Do ponto de vista económico, não existe alternativa ao capitalismo. A solução reside na capacidade de o manobrarmos de forma a torná-lo mais humano.

 

Por muito que lhe custe, a esquerda tem de saber criar modelos económicos que giram riqueza e só depois reparti-la. Ou seja, tem de aprender a criá-la.

 

É claro que a esquerda tem razão quando fala em justiça social. O problema é que a economia não funciona melhor existindo planeamento central.

 

Todo o planeamento centralizado contraria o que entendemos como natureza humana, pois limita a inovação, estimula a preguiça e conduz à subserviência.

 

Basta olhar para a Venezuela para entendermos onde nos leva uma economia estatal que pretende mandar em tudo.

 

Sem tentar ser demagógico, é bom lembrarmo-nos que Keynes, ao mesmo tempo que defendeu políticas que estimularam a criação de empregos e o combate à pobreza, considerou que “existem justificações sociais e psicológicas para significativas diferenças de rendimentos e riqueza”.

 

A sua defesa da intervenção do Estado na economia foi no sentido de salvar o capitalismo e não de o superar. Convém não esquecer que era um liberal.

 

O planeamento falha na maioria das vezes porque é impossível saber quando uma crise vai acontecer. Além disso, a inovação inclui sempre risco, probabilidades acrescidas de falhanços, concorrência. E também falências.

 

O socialismo real, construído a Leste, difundindo a ilusão de mais segurança e igualdade, apenas limitou a liberdade e construiu um futuro de pobreza.

 

É raro o português que se diz entusiasmado e convicto no dia das eleições. O sentimento é que escolhemos entre um mal maior e um mal menor.

 

Claro que a realidade também tem o seu peso: somos um país pequeno e com uma economia muito aberta, produzimos aos ziguezagues e qualquer aumento do consumo interno aumenta o défice e a dívida.

 

Os números positivos da nossa economia são ainda anémicos, o que equivale a dizer que é necessária muita prudência. A concorrência com o exterior é muito desigual.

 

É frequente a obsessão pela igualdade criar mais desigualdade. Não podemos limitar a ambição e a criatividade. O controlo excessivo é uma fixação leninista que conduz à mediocridade. O Estado move-se sempre devagar. E quanto maior é mais devagar se movimenta.

 

A vida democrática implica riscos e responsabilidades.

 

No entanto, todos verificamos que neste país tudo está feito para ser administrado e gerido pelos amigos, companheiros ou camaradas.

 

A lógica é simples: os partidos são geridos pelos seus aparelhos e o Estado é gerido pelos partidos. Os que dominam dividem entre si as prebendas.

 

O tal “regime de substituição” a que os governos recorrem servem para fazer nomeações permanentes e colocar nos devidos lugares os “boys” e “girls” a um ritmo frenético.

 

Os nossos partidos são partidos de Estado, muito deles criados quando a nossa democracia nasceu, em abril de 1974. Ou seja, o Estado criou com urgência alguns partidos ditos democráticos. Por isso continuam a viver encostados a ele. É a sua carga genética.

 

Atualmente, as carreiras partidárias fazem-se em lugares do Estado, os lugares ditos políticos, que incluem as assessorias e os contratos de fornecimento de serviços ao Estado. Alguma da legislação apenas é feita com o intuito de justificar a sua existência. Depois “os sábios” do regime são contratados pelos órgãos de informação para iludir os pacóvios, justificando “os senadores”. Alguns conseguem até alcançar o mais alto cargo da nação bajulando o poder e os poderosos.

 

O problema é que os lugares para distribuir já não chegam, por isso os partidos, todos eles sem exceção, precisam de criar mais. Pegaram agora na boa ideia da descentralização e começaram a vendê-la ao público.

 

O Estado tem de crescer para tranquilizar a sofreguidão dos partidos.

 

Quando os lugares estiverem preenchidos, logo virá a regionalização, outra boa ideia que a sofreguidão da clientela partidária tratará de destruir.

 

Não podemos esquecer que foram os banqueiros, os grandes escritórios de advogados, as lideranças partidárias, os ministros, ex-ministros e empresários espertalhuços os que nos levaram à bancarrota.

 

O PS está de barriga cheia e o PSD, coitado, apenas deseja umas sobras na mesa do Orçamento.

 

Só não sabemos onde isto nos irá levar.

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