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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

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19
Mar21

História da Espionagem - Notas e relatório confidencial (Agente José Manuel) PARTE III

João Madureira

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Sobre os fundamentos de Crasso e de Júlio César, alicerçados nos conhecimentos de uma polícia imperial e de um serviço de informações concebido para avisar quem de direito da eventual ameaça ao trono, casos de corrupção e de instabilidade no império, Trajano e os seus epígonos aprimoraram estes serviços secretos romanos, criando uma rede de espiões e informadores que cobria o mundo civilizado com o intuito de apoiar a sua necessidade de informações sobre a segurança do império e do comércio, bem assim como para dar apoio às legiões que protegiam as imensas fronteiras.

No primeiro século da Era Cristã, os peregrini, uma espécie de Gestapo original, foram os primeiros a agir como uma unidade de polícias militares itinerantes  para que as ordens do imperador fossem executadas em qualquer parte do império. Eram profundamente detestados, sobretudo pelos cristãos, um dos seus alvos preferenciais.

Também as principais vias de comércio que floresciam por todo o Próximo Oriente, ligando Bizâncio e Bagdad, estavam infestadas de agentes e espiões. Bagdad evidenciou um zelo enorme em manter sob vigilância os seus próprios desassossegos internos. “Inquieta está a cabeça que usa a coroa”. É conhecida a velha história do califa abássida Harun al-Rashid, que governou entre 786 e 809 d.C., imortalizado n’As Mil e Uma Noites, que tinha a mania de se disfarçar e vaguear pelas ruas e os souks da cidade, recolhendo informação direta sobre o que realmente o seus súbditos pensavam acerca de quem os governava. A utilização da polícia secreta para manter uma vigilância sobre as opiniões dos fiéis acabaria por se tornar uma imagem de marca dos Estados Islâmicos até aos dias de hoje.

Constantinopla, por seu lado, mobilizava os homens dos seus serviços secretos em torno da sua segurança. O principal problema da contraespionagem por aquela altura era impedir que a fórmula secreta da sua arma de terror, o chamado “fogo grego”, caísse nas mãos dos seus inimigos islâmicos. O “fogo grego” era uma gomosa mistura de nafta, betume líquido, resina de terebentina, enxofre e cal. Era acondicionada em vasos de barro que se podiam lançar sobre homens ou navios a partir de catapultas e, devidamente diluído, podia ser projetado através de sifões ou tubos como um lança-chamas. Ardia implacavelmente através de uma chama tenaz que apenas a areia, a urina ou o vinagre conseguiam extingui-la rapidamente. Os pequenos potes lançados como granadas de mão contra um grupo de guerreiros mouros incendiava os seus ondulantes mantos de algodão, ficando firmemente agarrados às armadura e à pele, transformando-os em convulsivas tochas humanas que se consumiam com a sua própria gordura. Devido à sua eficácia, é natural que os exércitos muçulmanos quisessem adquirir a sua fórmula.

Outros dos grandes recoletores de informação  do Médio Oriente eram os fanáticos seguidores de Hassan ibn al-Sabbah, os hashashin, conhecidos entre nós como “assassinos”. O seu nome deriva de haxixe, um estupefaciente que eles usavam com regularidade. Segundo a opinião dos muçulmanos mais moderados, alguém que se comportasse de um modo tão selvagem como os assassinos apenas podia estar absolutamente dopado.

Esta seita, para operar, dependia apenas dos bons serviços de informação e dos conhecimentos internos para levar a cabo as suas atividades extremistas. Marco Polo dá conta de um “Velho da Montanha” que alegadamente teria um espião, ou informador, ou agente pago “em cada tenda de nobre”. Quando o Velho queria que um nobre fosse morto, escreveu o mercador italiano, contava ao jovem hashashin histórias do Paraíso e do Profeta e depois dizia-lhe: “Vai e mata fulano tal e, se regressares, os meus anjos levar-te-ão diretamente para o Paraíso. Mesmo que morras, os maus anjos transportar-te-ão daquele lugar para o Reino que está acima dos prazeres terrenos.”

A Yasa, o código de leis de Gengis Khan, sendo uma síntese complexa de regras tribais e dos seus costumes, dos seus vinte e dois artigos conhecidos, dois em particular reforçam a preocupação do Khan em relação aos serviços de informação: “(...) enviar espiões e trazer delatores capturados que possam ser interrogados e dar informações que possamos confrontar com os relatórios dos agentes (...)” e conforme prescreve a segunda lei, “espiões e falsas testemunhas devem ser condenados à morte (...)”.

Fácil é deduzir que para os Mongóis, os serviços de informação eram uma prioridade imposta pela própria lei.

Tantos os pensamentos de Gengis Khan, como os de Sun Tzu, passaram no teste do tempo. Ou seja, provam que os serviços de informação foram sempre cruciais. Não só por questões de sobrevivência, mas, sobretudo, para se poderem obter sucessos militares e de poder político.

 (continua...)

17
Mar21

Poema Infinito (553): Poesia do Big Bang (Nona)

João Madureira

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Mateus, que foi um dos doze discípulos de Jesus, foi o que escreveu os Evangelhos em primeiro lugar. Marcos produziu uma versão abreviada de Mateus e Lucas comparou os dois Evangelhos existentes e escreveu então o seu. Mas talvez tenha sido Marcos a escrever  o primeiro Evangelho, pois é o mais curto. E foi Mateus que reviu Marcos. E depois Lucas consultou ambos e escreveu o seu. Também é possível que Mateus e Lucas tenham revisto o Evangelho de Marcos de maneira independente. Mas ninguém pensa que Mateus tenha usado o de Lucas. Existem muitas e interessantes perguntas acerca do Novo Testamento, que são análogas à teoria das quatro fontes do Pentateuco, dado que terá existido uma fonte escrita comum, agora perdida, na qual se inspiraram tanto Mateus como Lucas, onde se encontrava a maior parte do material que partilhavam e que não estava em Marcos. Essa hipotética fonte terá sido uma coletânea dos ditos de Jesus, que incluía distintas parábolas e pouca narrativa. A ideia mais antiga é de que Lucas reviu Mateus. Uma coisa sabemos de ciência certa: o grão de mostarda é uma das mais pequenas sementes que existem mas, depois de semeado, transforma-se na maior de todas as plantas do horto lá da terra deles e, diz Marcos, depois estende os seus ramos possibilitando que as aves do céu se possam abrigar à sua sombra. Mas também sabemos que a parábola dos trabalhadores da vinha apenas se encontra em Mateus. E que as parábolas do Bom Samaritano e a do Filho Pródigo existem unicamente em Lucas. O que leva a pensar que muito provavelmente são composições livres da sua própria autoria. Se Jesus diz coisas que por vezes vão contra o sentido de um Evangelho, é porque são autênticas, pois é prova de que o evangelista não as teria inventado. É o conhecido princípio da dissemelhança. Jerusalém, essa terra da perdição sagrada, esteve sempre rodeada de exércitos. Velhas suposições dizem que Marcos deriva da Igreja Síria, ou até que esse evangelho sinóptico terá sido escrito em Roma. Mateus poderá ser também sírio, de Antioquia. E Lucas será originário da Ásia Menor, provavelmente de Éfeso, um importante centro cristão onde João costuma também ser localizado. A verdade é que ainda hoje é difícil lidar com os distintos relatos diferentes, e em parte incompatíveis, da vida e dos ensinamentos de Jesus. Também é verdade que houve pelo menos uma tentativa para produzir uma reconciliação coerente dos quatro Evangelhos: o Diatessaron, de Taciano. A diferença entre João e os Sinópticos é enorme. Relativamente às palavras de Jesus não existe quase nenhuma coincidência. O Jesus de João não fica calado perante Pilatos, estabelecendo um diálogo com ele. Revelando ser senhor dos acontecimentos à medida que eles se desenrolam. Na cruz, o Jesus de João não grita de desespero, antes diz: “Tudo está consumado.” A verdade é que existia um segundo Judas entre os Doze. E esse é que era o traidor. Ainda não sabemos, ou nunca saberemos, qual foi o Judas que na Última Ceia foi mandado embora por Jesus. A igreja joanina é a que coloca a ênfase na vertente mística e na verdade misteriosa da fé cristã. João não descreve a origem do mistério inicial cristão. A verdade é que nenhum dos Evangelhos é o Evangelho.

15
Mar21

531 - Pérolas e Diamantes: A teia de aranha

João Madureira

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Para mim, a política é uma espécie de teia de aranha. Coitada da mosca que lá ficar presa. A aranha fica agitada sentindo a mosca a abanar a teia toda para tentar libertar-se. Zumbe, zumbe muito, a pobre da mosca desesperada, enquanto a aranha a enrola em cada vez mais teia. A aranha dá voltas e voltas, cobrindo por completo a mosca...

 

Há três tipos de pessoas que trabalham nos projetos políticos: os que creem verdadeiramente numa determinada causa ou num determinado candidato; os que são levados por uma deferência infantil, ligada à necessidade de serem aceites pela tribo e pelos respetivos chefes imbuídos de autoridade; e os que vão pelo estatuto que tal atitude confere.

 

Quando oiço o líder falar lembro-me sempre de um fauno a tocar a flauta no meio de um bosque repleto de lindos arbustos humanos.

 

Confesso que costumo confundir os nastúrcios com as petúnias e os psd com os ps. A verdade é que eu já vi nastúrcios iguaizinhos a ambos.

 

Desisti da política porque me empanturrei de febras com pão e mentiras grelhadas na brasa e servidas com batata a murro. E do blá-blá-blá constante. E também porque os militantes teimavam em pisar os gladíolos para se chegarem à frente na tentativa de cumprimentarem o líder.

 

É sempre fácil dar conselhos sobre os negócios dos outros. Há sempre os que trabalham as terras e os que só sabem construir muros e fechar portas e janelas. E depois fazem-se de surdos.

 

Quem faz sempre as mesmas perguntas recebe sempre as mesmas respostas.

 

Há aqueles que se escondem na sombra ou na vegetação, os que se fazem de inocentes e ainda os que não têm ar de nada. São quase sempre estes últimos os que querem alguma coisa.

 

Uma coisa agora sabemos de ciência certa: o êxito material da nossa sociedade acaba por empobrecer espiritualmente os portugueses, mas a ausência de bem-estar material também é espiritualmente empobrecedora. Se de um lado chove, do outro troveja.

 

A verdade é que a democracia nos é servida às prestações, apesar do nosso empenho ter sido por inteiro. Talvez por causa dos ideais serem tratados aos pinotes.

 

Os canários, na sua gaiola dourada, cantam ao desafio com os bisnaus que trinam de bico para o ar.

 

Perante as exigências dos pássaros bisnaus, os canários fazem ouvidos de mercador.

 

Os gostos desta gente pós-moderna são até capazes de perseverar numa bebida onde misturam jeropiga com água de Vichy. Ao que isto chegou. Há lá blasfémia maior!

 

Quando nos batem à porta a perguntar quem está dentro, são as imagens do passado que costumam responder por nós.

 

Este é o tempo das rosas e das borboletas que suavemente batem as asas. Mas, como todos agora sabemos, o seu bater de asas pode provocar o caos.

 

Também as lagartixas procuram o sol saindo timidamente dos seus buracos entre as pedras, rastejando de cabeça alta e parando à mínima surpresa de uma cilada.

 

Por alguma razão S. Tomé queria ver para crer. Os incautos querem crer para ver.

 

Dizer não é fazer.

 

A verdade é que continuamos a ir à bruxa para nos entendermos com o futuro. Apreciamos meter o nariz quando nos cheira a esturro. Muitas vezes apenas por pirraça.

 

Estou em crer que os nossos queridos dirigentes por vezes sentem dificuldade em  concatenar as ideias porque, na sua ânsia de realizar as promessas feitas, no seu desejo de ação e de expansão, a porra da realidade sobrepõe-se às cogitações. E, se pensarmos bem, hoje em dia nem sequer vale a pena ter muitas ideias. Ou sequer boas.

 

A arte política reside na qualidade dos slogans. Depois de bem confundido, o povo habitua-se e acaba por gostar.

 

Dizem os entendidos que é o nosso fatalismo histórico que não nos deixa pensar livremente. Eu vou fazer que acredito. Tenho de me habituar. Que remédio. Os anos pesam e o reumatismo ataca a todos. Especialmente aos que andaram à chuva.

 

A nossa democracia vive do nome. O que é já sinal de decadência. Bem assim como o socialismo e a social-democracia. E até a democracia cristã, que mais do que uma ideologia política foi sempre um lindo nome. O que é uma pena. Cristo não merecia tal desfeita.

 

O que conta é o presente, dizem. Mas uma coisa sei: quando falamos no presente é o futuro que está implícito.

 

Isto é como quem se confessa: eu já perdi a confiança em todos eles.

 

No entanto, as poupas continuam a cantar no cocuruto dos pinheiros.

12
Mar21

História da Espionagem - Notas e relatório confidencial (Agente José Manuel) PARTE II

João Madureira

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Como dizia o velho Sun Tzu (544 a.C. – 496 a.C.), n’A Arte da Guerra, se não conheces outros e se não te conheces a ti próprio, o mais certo é perderes todas as batalhas”. Nos tempos modernos, isto quer significar que os desventurados que não possuem bons serviços de informação estão sujeitos à derrota, à morte e à desgraça. Uma fação mais brincalhona gosta de afirmar que a espionagem é a segunda mais velha profissão do planeta. Eu, bem assim como muitos dos peritos, consideramos que é a primeira, já que conhecer o posicionamento do inimigo e a necessidade de autopreservação e de sobrevivência estão acima de outras prioridades.

Não é bom ver um cordeiro procurar a erva tenra numa serra infestada de lobos famintos.

Mesmo a Bíblia possui algumas evidências iniciais alusivas à espionagem militar, em particular alusões à famosa expedição que Moisés fez ao território do atual Estado de Israel. Na sua fuga do Egito pelas areias inóspitas do Sinai, as tribos nómadas necessitavam de assentar em locais com água abundante, solo fecundo e árvores frondosas. Os Hebreus sabiam rigorosamente para onde se virar em busca de assistência nos tempos de necessidade. Foi o Senhor que ordenou a Moisés para que enviasse homens para espiar a terra de Canaã. Moisés obedeceu, que remédio, e disse-lhes para verem se o povo era forte ou fraco e em que grau, e também para observarem com atenção qual a terra em que habitavam, se em tendas ou fortalezas. Transformando isso em linguagem técnica atual, Moisés comunicou-lhes quais eram as suas “necessidades críticas de informação”.

A Bíblia está atulhada de narrativas enaltecendo a coragem militar, de batalhas, de enganos e, especialmente, de recolha de informação.

Muitos estudiosos modernos acreditam que Jeová, o Deus escolhido pelos Hebreus, teria originalmente sido o deus da guerra do panteão israelita. Josué, o sucessor de Moisés, acabaria mesmo por enviar dois espiões para obter informações sobre as defesas da cidade muralhada de Jericó. Seguindo a versão bíblica, os dois agentes foram acolhidos  por uma prostituta aliada chamada Raáb. Esta não é nem a primeira nem a última referência à existência de uma estreita colaboração entres as duas mais velhas profissões do mundo. Mas, é claro, isto da informação tem sempre o adverso. O inimigo também possui as suas armas. Facto é que os dois espiões foram traídos por uma toupeira e fugiram da cidade com a preciosa ajuda de Raáb, cuja vida e respetiva casa seriam poupados quando o bem informado exército hebraico conquistou e saqueou Jericó.

Outro exemplo contido no antigo Testamento é a história de Sansão e Dalila, o primeiro caso registado da chamada “armadilha sexual”  a que os nossos queridos amigos do KGB chamavam “andorinha”.

O velho Sun Tzu classifica os agentes recoletores em cinco grandes grupos: habitantes locais; funcionários oficiais do campo inimigo dispostos a trair o seu próprio governo com o intuito de manter os seus cargos; espiões inimigos que possam dar a volta, para astuciosamente transmitirem informações; agentes descartáveis que possam ser sacrificados para dar falsas informações ao inimigo; espiões a quem seja confiada a penetração nas linhas inimigas, sobrevivendo a tal para, depois, transmitirem com exatidão a partir do campo adversário.

Para o velho general e filósofo chinês, bons serviços de informação em tempo de paz representavam parte da estratégia de defesa nacional, tal como um exército marchando para a guerra. Também Cautília (pseudónimo de Chanakya), o Maquiavel indiano, principal conselheiro e primeiro-ministro do imperador Chandragupta governador do Império Mauria, explicou, um século mais tarde, que a recolha de informação era a melhor forma de proteger o estado e de perturbar um inimigo.

No ano 88 a.C. Mitridates, o rei de Ponto – que passou sete anos do seu exílio vagueando pela Ásia Menor recolhendo informação nos bazares e nos mercados vestido como um cameleiro ou comerciante, antes de assumir a coroa –, encabeçando um pequeno, mas habilitado exército, lançou um devastador assalto à Ásia Menor. Os seus comandantes evidenciavam conhecer todas as passagens e todas as estradas durante a avançada. E o mais surpreendente é que sabiam as identidades dos insatisfeitos, dos desleais e dos pretensos vira-casacas que se passariam para o seu lado por onde quer que as tropas atravessassem. Mitridates, depois de uma vitória retumbante, passou a governar a maior parte da Ásia Menor, tendo como base uma boa recolha de informações.

Também Aníbal, ele mais os seus elefantes, irromperam em Itália, depois de atravessarem Espanha, através da utilização, além da força bruta, da informação fornecida pelos espiões infiltrados no âmago da própria Roma. Desde o seu lugar no senado, Catão bem podia perorar furiosamente no final de cada discurso que “Cartago deve ser destruída”. De pouco lhe valia, pois alguns dos notáveis presentes na audiência muito provavelmente seriam agentes pagos pelos cartagineses.

(continua)

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