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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

TerçOLHO

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19
Abr21

536 - Pérolas e Diamantes: Chatices e modernices

João Madureira

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Sei de ciência certa: os chatos não ouvem. Só falam.

 

Apesar disso, algumas memórias têm de ser salvas.

 

No novíssimo testamento da Bíblia pós-moderna, a Eva cobre as suas partes pudendas com uma folha de figueira feita por medida. Uma folha de figueira muito cara. Isto tudo depois da queda.

 

No fundo sou como algumas das personagens mais características de Dickens. As boas, quando olham para o lume, veem nele os rostos daqueles que amam. Já as más apenas veem inferno e destruição.

 

Apesar de apreciar este, acho que pertenço ao antigo regime. Sou uma espécie de futurista à moda antiga.

 

Nesse tempo fazia-se amor entra as medas de feno. Era bonito e ecológico.

 

Agora engordamos. Mas depois também perdemos peso e com ele alguns dissabores. Mas logo ganhamos mais. Mais peso. E mais do resto.

 

Por aqui, as abelhas foram-se embora. E também as borboletas. Os sapos já não coaxam no seu paul. E as ovelhas desapareceram. Apenas os cavalos de corrida se mantêm fielmente presentes.

 

Sinto a ausência dos burros.

 

Come-se agora muito peixe. Sobretudo salmão de aquacultura. E dourada. E robalo. Convém dizer que alguns ainda se contentam com o borrego dos lameiros. Depende do que cada um planeia, pois, como todos sabemos, o planeamento é muito importante.

 

Claro que se encontra por aí disseminado muito narcisismo. E claro que também há aqueles que não se amam o suficiente.

 

Isso é por causa do id, que é a parte do nosso espírito que lida com os impulsos instintivos e os processos primários.

 

É o princípio do prazer responsável pelas quedas de Eva por baixo do Adão, buscando o prazer da maçã e evitando a aversão da serpente.

 

Agora a rapaziada, sobretudo a ligada à política, sofre de ecolalia, repetindo o que os seus mentores dizem e fazem. E depois ficam à espera do eco. E de ver o seu reflexo nos montras das lojas de roupa de marca.

 

Um dia também a maior parte das juventudes organizadas empurrarão as tais portas que não se abrem, por mais esforço que se faça.

 

O Governo aos broncos.

 

Anda tudo na revolução errada, a tentar aplanar o seu caminho. A verdadeira revolução é a que faz o mundo andar à roda. E tem de possuir alguma da luz cintilante das histórias de fadas.

 

Apesar de isentas de sangue, a verdade é que nem as revoluções de veludo se aproveitam. Tudo é vítima da forma trágica da vida: ascensão, apogeu e queda.

 

Os portugueses gostam de abrandar a marcha para poderem observar os acidentes rodoviários. E anseiam ir em peregrinação a Fátima. Os mais elaborados intelectualmente programam com muita antecedência fazer o seu Caminho de Santiago. Até dá gosto, ou pena, dependendo do ponto de vista, ver os marxistas-leninistas de calções, sapatilhas florescentes, chapéu de aba larga, cajado e concha de romeiro a caminho da catedral do Santiago Mata-Mouros.

 

Há lá maior deleite do que comer um After Eight laranja ou beber um gin tónico depois de um cozido à portuguesa! E noites repletas de coquetéis de fruta.

 

Agora já não se pode fumar nos recintos fechados e muito menos nos sonhos. Apenas é permitido chupar o fumo de um cigarro em alguns filmes, por razões puramente estéticas. Ou seja, só os maus heróis e os bons bandidos podem fumar sem provocarem mau ambiente.

 

Os radicais neoliberais europeus e americanos, muito provavelmente, pensam que os operários, além de meros intrujões e trapalhões, são uma espécie de criminosos violentos ou psicopatas frustrados que dedicam a sua vida a torturar, à falta de melhor, objetos inanimados.

 

E pensam que os verdadeiros poetas são religiosos e andam sempre banhados em lágrimas. E que as feministas são um gangue de belas terroristas com a sua sede em Sodoma e Gomorra. Além de também confundirem alegria com felicidade.

 

Na altura da comunhão solene convenceram-se que depois de perder a parra, Eva tapou as suas vergonhas com as mãos.

 

Agora acontecem-lhes coisas incríveis, numa repetição inusitada, enquanto ouvem música dos Kraftwerk: fraudes com créditos, fugas ao IVA e condução em estado de embriaguez, ou das drogas ricas. E nunca lhes acontece nada de grave. Os juízes lá estão para os salvar.

 

Apesar de acreditarem em Fátima e no Budismo, não conseguem acreditar que serão ultrapassados.

 

O problema está quando não conseguem perceber se estamos a ser ou não irónicos.

16
Abr21

História da Espionagem - Notas e relatório confidencial (Agente José Manuel) PARTE VII

João Madureira

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Haiku nº 5: A geada / abre feridas / na terra

Antigamente, os militares tentavam sempre aproveitar os terrenos mais elevados porque, a partir daí, era possível enxergar mais longe. Dessa forma, existe sempre uma maior possibilidade de verificar os movimentos do inimigo. Seguindo esta lógica, a partir do momento em que o primeiro homem conseguiu manter-se no ar foi certo e sabido que os militares o iriam imitar. O reconhecimento aéreo tornou-se uma peça chave da estratégia dos serviços de informação.

Durante a Segunda-Guerra, Sidney Cotton, “armado” com um avião em tons azul-claros, realizou diversas viagens à Alemanha, sempre como homem de negócios ou como produtor de filmes em busca de locais apropriados para filmar. Seguindo as instruções do MI6, a maioria das suas rotas passavam sobre, ou perto, de alvos referenciados pelos serviços secretos ingleses, tais como centros de testes da Luftwaffe, locais de concentração de tropas, zonas fabris e aeródromos.

Cotton acabou mesmo por contratar a única máquina suíça de representação estereoscópica.

Era um mecanismo que pertencia à Aircraft Operating Company, conseguindo dessa forma transformar fotografias obtidas a 10 500 metros de altitude em mapas à escala 1:25 000. Foi a combinação entre bons aviões, boas câmaras e uma competente interpretação que fizeram com que a “unidade privada” de reconhecimento fotográfico de Sidney Cotton se transformasse numa importante arma ao serviço da espionagem britânica. Quer se aprecie ou não a habilidade e o esforço, a IMINT passou a dominar a vida das pessoas e os campos de batalha, através do espaço ou, tão só, através do uso dos drones. Nos dias de hoje, a não ser que esteja escondido, ou encoberto, num hangar, fora da vista, não existe segredo que consiga manter-se oculto a um olho eletrónico que esteja no céu. Chama-se a isso “reconhecimento aéreo”.

Entendamo-nos, a informação que fia mais fino é a que existe dentro dos próprios serviços de informação, sejam eles públicos, privados ou mistos.

Por incrível que possa parecer, o problema americano no Vietname nunca esteve associado a uma possível carência de dados. O que sucedeu foi precisamente o contrário: existiu sempre demasiada informação.

O que aconteceu teve tudo a ver com a natureza da organização dos serviços de inteligência americanos. Toda a informação era demasiado compartimentada, excessivamente volumosa e lenta, abrangendo uma dezena de diferentes cadeias de comando que iam desde as forças armadas até às CIA, DIA e diplomatas, sem esquecer os próprios sul-vietnamitas. Tudo isto fez com que, tendo os EUA conhecimento de cada detalhe da Ofensiva do Tet, mesmo antes de ela ter começado, se revelassem incapazes de reunir e divulgar, a tempo, um alerta coerente e uniforme.

E não vale enganar: a responsabilidade de tudo o que veio a suceder foi dos serviços de informação americanos.

Também nos podemos deter na interpretação do Yom Kippur. Apesar de ser descrito como um triunfo dececionante pela opinião pública árabe, a Guerra do Yom Kippur revelou-se um exemplo marcante de um dos mais populares falhanços dos serviços de informação. De facto, os serviços de informação não foram realmente enganados quanto às intenções da Síria e do Egito. As Forças de Defesa de Israel e as elites judaicas iludiram-se consigo próprias. Em vez de se darem conta do que estava a acontecer diante dos seus olhos, os serviços de informação israelitas preferiram insistir na sua própria narrativa. Ou seja, o falhanço de Israel ficou a dever-se, essencialmente, a uma questão de interpretação.

 

 (continua...)

14
Abr21

Poema Infinito (557): A luz e a sombra

João Madureira

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Observar como um surdo-mudo comunica é uma boa maneira de estudar a relação entre os gestos e o pensamento humano. A obsessão é uma das componentes do génio humano. A demanda é o que define a sua arte. A luz é que revela a qualidade da cor. Onde há mais luz há mais verdade. Devemos sempre olhar para ela de frente. A luz nítida provoca rudeza. Mas pouca luz impede a nossa observação. Foram as qualidades dinâmicas da variabilidade e seletividade, no seu contraste com a luz estática, que fizeram com que Leonardo da Vinci criasse uma nova era na pintura. Nos seus quadros, as plantas, as paisagens e as pessoas passaram a ser mais perfeitas. Mais elas próprias. E, por isso, ligeiramente diferentes do que a Natureza criara. A genialidade está nos pormenores. Por alguma razão, os anjos de Leonardo são parecidos com mulheres, sugerindo uma ambiguidade sexual próxima do divino. O posicionamento do olhar do anjo Gabriel, no seu quadro A Virgem dos Rochedos, do Louvre, é perturbadoramente sedutor. A sua androginia é fascinante. Tudo ali nos absorve. Nos retratos de Leonardo é frequente a pequena luz cair sobre a sombra dos próprios braços. O olhar das suas mulheres seguem-nos pela sala, à medida que nos deslocamos e olhamos para elas. O amor pela encenação é um ornamento da corte. As profecias e as parábolas foram criadas para serem representadas. Só aí ganham sentido. A verdadeira criatividade, como a definiu Leonardo da Vinci, requer a capacidade de combinar observação com imaginação. Os diferentes tipos de sombra são produzidos por diferentes tipos de luz. Por isso, o Mestre passou mais tempo a estudar as sombras e a escrever sobre elas do que sobre qualquer outro tópico artístico. As formas dos corpos só podem ser entendidas ao pormenor por meio das sombras. Os contornos são secundários. A gradação das sombras é infinita. Leonardo escreveu mais de quinze mil palavras sobre o tema. E até calculou os efeitos da luz incidindo sob vários ângulos em objetos previamente delineados. Existe sempre um espaço onde a luz cai e depois é refletida de volta à sua origem. Depois encontra-se com a sua sombra original e mistura-se com ela, modificando-a. Esta é uma interpretação divina. Na verdade, a natureza não tem linhas precisas. Entre a luz e a escuridão existe uma variação infinita. Os pontos e as linhas são uma criação matemática. São uma ideia imaginária. Leonardo representava as formas e os volumes recorrendo à luz e à sombra. As linhas que limitam as superfícies são de uma espessura invisível. Todos os limites se confundem, tanto na natureza como na arte. O divino mestre tanto ofuscava os limites entre a arte e a ciência, como ofuscava os limites entre a realidade e a fantasia e entre a experiência e o mistério dos objetos que nos rodeiam. Foram muitos os que, durante a pintura da Última Ceia, visitaram e se sentaram em silêncio para poderem ver Leonardo a trabalhar. A criação da arte era, por vezes, um evento público. Era frequente empoleirar-se num andaime e, de pincel na mão, trabalhar do nascer ao pôr do sol, esquecendo-se de comer ou beber. Noutros dias não pintava nada, limitava-se a ficar durante uma hora ou duas, diante da sua obra em solidão, examinando e criticando as figuras por si criadas. A germinação da criatividade alimenta-se da intuição.

12
Abr21

535 - Pérolas e Diamantes: Os nossos grandes traços civilizacionais

João Madureira

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O pai de Charles Darwin bem o avisou de que havia de ser uma desgraça para si e para a sua família.

 

Ele, pelo sim pelo não, nos finais de 1831 foi-se embora. Apenas regressou a Londres passados  cinco anos, pelo meio entreteve-se a navegar pelo Sul da América, pelas ilhas Galápagos e por outras paragens. Trouxe consigo três tartarugas gigantes. Uma delas morreu apenas em 2007, num jardim zoológico da Austrália.

 

Dizem que voltou mudado. O pai disse-lhe que o seu crânio tinha agora outra forma.

 

Começou então a fazer perguntas a si próprio. Para lhes responder, escreveu um livro explosivo sobre a origem das espécies e a evolução da vida no mundo.

 

Darwin revelou que, afinal, Deus não tinha criado o mundo numa semana, nem nos tinha moldado à sua imagem e semelhança.

 

Ora, tal notícia, apesar de verdadeira, não foi bem recebida. Quem é que ele se julgava para corrigir a Bíblia?

 

O bispo de Oxford, armado em engraçado, questionava os leitores de Darwin se descendiam do macaco por parte da avó ou do avô.

 

Darwin revelou-nos que somos primos do macaco, não dos querubins, que os nossos antepassados vieram da selva africana e que nenhuma cegonha nos trouxera de Paris.

 

A verdade é que os seres humanos têm uma costela de Deus e outra do Diabo. Somos exterminadores, caçadores, criadores de bombas, capazes de vender ou alugar os nossos semelhantes, envenenar o ar, a terra e as águas, de matar por prazer, de torturar, de violar... e também de rir, de sonhar, de criar beleza, palavras e música. E de ter memória.

 

Na partilha de África, o rei Leopoldo da Bélgica recebeu o Congo como propriedade privada. Através do massacre de elefantes, este rei dos francos transformou a sua colónia na mais pródiga fonte de marfim. Aproveitando a sua tarefa civilizadora, mandou também chicotear e mutilar negros que trabalhavam como escravos para fornecerem a borracha barata e em abundância para as rodas dos automóveis que começavam a cruzar as estradas da velha Europa.

 

Os nossos grandes traços civilizacionais já vêm de longe. E foram até longe.

 

Em 1990, ano da independência da Namíbia, a principal avenida da capital, chamada Goring, continuou a manter o seu nome. Mas não foi, como podemos ser levados a pensar, em honra de Hermann, o célebre nazi, mas em homenagem ao seu pai, Heinrich Goring, um dos autores do primeiro genocídio do século XX.

 

O velho Goring era representante do império alemão nesse país africano. Foi ele quem teve a bondade de confirmar a ordem de execução determinada pelo general Lothar von Trotta, em 1904.

 

Os pastores negros, conhecidos como os hereros, revoltaram-se. As autoridades coloniais, postas perante a desobediência, resolveram expulsá-los a todos, avisando-os que matariam qualquer herero que encontrassem na Namíbia: crianças, mulheres ou homens armados ou desarmados.

 

Na contenda morreram três em cada quatro hereros. Ou abatidos pelos canhões ou pelo sol do deserto, para onde foram desterrados.

 

Os que sobreviveram à carnificina, acabaram nos campos de concentração que Goring organizou. Foi nessa altura pronunciada pela primeira vez a palavra Konzentrationslager.

 

Esses campos, inspirados nos antecedentes britânicos na África do Sul, eram multiusos, combinando a prisão, o trabalho forçado e as experiências científicas. Os prisioneiros, extenuados pelo trabalho nas minas de ouro e de diamantes, eram também cobaias humanas na investigação das raças inferiores. Nesses laboratórios trabalhavam Theodor Mollison e Eugen Fischer, mestres de Joseph Mengele.

 

Mengele, a partir de 1933, pôde desenvolver o que aprendera com eles. Foi nesse ano que Goring fundou os primeiros campos de concentração na Alemanha, seguindo o modelo que o seu querido e estimado pai tinha testado em África.

 

Razão tinha o jovem Winston Churchill quando, depois de as tropas britânicas bombardearem a cidade de Omdurman, escreveu que esse foi “o triunfo mais eloquente jamais alcançado pelas armas da ciência contra as armas da barbárie”, contra o “exército selvagem mais poderoso e mais bem armado alguma vez amotinado contra um moderno poder europeu”.

 

Os dados oficiais registaram cerca de dois por cento de baixas nas tropas civilizadas e cerca de noventa e oito por cento nas tropas dos negros selvagens.

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