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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

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30
Dez21

Poema Infinito (593): E o Verbo fez-se carne

João Madureira

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O genial Leonardo, na mesma folha onde fez esboços geométricos, funções matemáticas, uma secção transversal do cérebro, um desenho do trato urinário masculino e rabiscos do seu velho guerreiro, escreveu, com letras invulgarmente grandes Il sole nó si muove, décadas à frente de Copérnico e Galileu. No seu tempo, uma marcha sobre Itália era ocasião para banquetes, espetáculos, fogo de artifício, expropriação de propriedades, torneios de cavaleiros e também alguns massacres para apurar o engenho. Sobretudo a aristocracia francesa aproveitava para adquirir novos títulos, novas experiências, novas amantes e novas doenças. Mas Leonardo tinha capacidade para passar ao lado de tais disrupções políticas, saindo da cidade, mas nunca esquecendo de tentar, no meio da confusão, de apanhar as correntes que lhe possibilitassem o acesso aos poderosos mecenas de qualquer estirpe. Tal como em Platão, o dedo indicador direito apontava para o céu. Pelo menos, assim o viu e pintou Rafael. Nós queremos que ele seja assim: um icónico génio de barbas, um ilustre investigador do Renascimento, sempre intenso, apesar de distraído, e apaixonado, apesar de melancólico. De cabelo grande, pestanas e barba tão comprida que era a viva personificação da nobreza do conhecimento, à semelhança do druida Hermes e do antigo Prometeu. Depois de chegar a Roma, já velho, instalou-se na Villa Belvedere, onde se albergavam os artistas favoritos do Papa Leão X. Nesses jardins, que eram um verdadeiro santuário de plantas raras de diferentes partes do mundo, Leonardo estudou como uma grande variedade de folhas, conhecidas por espirais filotáticas, cresciam em espirais à medida que procuravam maximizar a exposição ao sol e à chuva. Divertia o papa fazendo truques de salão com animais de cera, soprando ar para o seu interior de forma a que voassem. Um autor e cortesão que conheceu Leonardo em Roma, de seu nome Baldassare Castiglione, descreveu-o como um dos melhores pintores do mundo, mas que desprezava a arte, para a qual tinha raríssimo talento, e se propunha aprender filosofia e ciência. O papa, que lhe fez uma encomenda, que ele nunca terminou, porque se demorava com o processo de destilar verniz que pensava usar para revestir a pintura quando fosse completada, disse aos seus próximos lamentar o facto de aquele homem nunca vir a acabar nada, pois pensava no fim antes sequer de começar. Durante uma década (1506-16), Leonardo vagueou entre Milão e Roma, seguindo as suas paixões e procurando mecenas. E também trabalhou em três pinturas, talvez percebendo que os seus dias estavam contados e era tempo de completar o que tinha pela frente. Tratava-se de duas pinturas sensuais de São João Batista e uma pintura de um anjo da Anunciação. O protagonista é um jovem docemente andrógino com uma aura enigmática. Leonardo tinha desenvolvido um apreço cada vez mais profundo pelo mistério espiritual do nosso lugar no cosmos. Esse mistério era constituído por uma sombra, um sorriso e um dedo a apontar para a escuridão. Houve quem pensasse que Leonardo estava a ser blasfemo ou herege, mas os elementos atraentes e sedutores dessas obras aumentam, em vez de diminuírem, a poderosa intimidade espiritual que Leonardo desejava que transmitissem. Ao realçar a ambiguidade entre espírito e carne, o Mestre deu a sua própria interpretação à frase “e o Verbo fez-se carne e habitou entre nós”.

27
Dez21

As Cores: Uma História de Clipes

João Madureira

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Eu que era tão arrumadinho, agora ando a perder os clipes. Tudo na minha cabeça estava organizado como as páginas do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. Pensava como se estivesse dentro da coleção de um entomologista. Ou dentro do dossier secreto do melhor agente da PJ, linha por linha, frase por frase, parágrafo por parágrafo… crime por crime, suspeito por suspeito. Digamos que a minha arrumação mental era a minha identidade. Era algo de fisiológico. O meu alinho intelectual era mesmo invejado pela NASA, que me chegou a convidar para dar aulas de Método aos seus chefes de armazém. Mas eu não me deixei convencer pelas falinhas mansas do capitalismo selvagem, mesmo travestido de ciência e de técnica. Peço desculpa mas vou ter de interromper este relato para ir à casa de banho. Nas coisas básicas ainda mantenho o método e a disciplina.

Agora volto a estar disponível para escrever no computador o que os meus amigos leitores estão a ler. E digo no computador e digo bem porque também escrevo no papel com a minha esferográfica, a minha lapiseira ou a minha caneta sheaffer. Além disso, não desperdiço o meu tempo. Mesmo na casa de banho escrevo. Alguns costumam ler, mas eu escrevo. Digamos que é a minha forma de homenagear os políticos que estiveram presos no tempo do fascismo. Também costumo tomar banho. Mas a parte que agora interessa para o nosso relato é tudo menos o banho no quarto de banho. Desde logo porque ninguém consegue escrever e tomar banho ao mesmo tempo. O papel não o permite. Claro que podia escrever em folhas de plástico com canetas de acetato, mas a escrita caligráfica apenas a concebo na forma tradicional. E escrever no computador enquanto nos duchamos penso que ainda não é possível sem provocar sérios danos no aparelho. Então, como ia dizendo, eu escrevo enquanto estou na casa de banho a fazer o que, na sábia boca do povo, ninguém pode fazer por mim. E olhem que não é a escrever coisas como as que os meus amigos estão agora a ler que eu perco o meu precioso tempo. Na casa de banho escrevo para os jornais. Mais concretamente para um jornal da capital. Escrevo crónicas gastronómicas. Também escrevo para jornais locais, mas faço-o enquanto ensaio as receitas regionais que sugiro no diário da capital. Nos semanários da província escrevo unicamente sobre a política e os políticos da capital. Embora muitos, ou quase todos, sejam oriundos da província. O que lhes dá um colorido especial. Se não acreditam, por favor deem uma vista de olhos nos debates parlamentares, especialmente aos denominados “antes da ordem do dia” ou coisa pelo estilo.

Ou seja, as crónicas gastronómicas escrevo-as em papel higiénico, numa letra certinha e direitinha, tendo sempre por base uma receita popular e regional, ou vice-versa, como diz o povo na sua sabedoria ancestral, que eu depois recheio de alguns detalhes pessoais. Ou dito de outra forma, que eu invento. E eu se sou bom em alguma coisa é a inventar. Tenho uma imaginação prodigiosa mas, também, muito arrumadinha. Imagino o que tenho de imaginar e depois deixo o restante para a próxima vez. E faço-o sem angústias ou preocupações de maior. Apenas utilizo a minha fértil imaginação no tempo adequado e no momento certo. A necessidade marca a hora.

Eu não improviso, eu imagino a realidade e depois só me resta ver acontecer o que eu imaginei. Ou seja, eu devia era ter ido para político, mas deixo esta ideia para desenvolver numa outra ocasião. Por agora limitemo-nos à escrita e aos clipes. Ou melhor, limitemo-nos apenas aos clipes.

Eu tinha uma grande panóplia de clipes que comprei no Continente durante vários meses. E optei pelo Continente, não por causa do preço, pois não sou sovina, judeu ou militante da Deco, mas sim pela variedade do produto. Enquanto no comércio tradicional apenas conseguia encontrar clipes metalizados, embora de diferentes tamanhos, valha a verdade, no Modelo deparei-me com clipes de todas as cores e feitios, além disso vinham revestidos a plástico, o que os tornava impermeáveis, ou melhor, antioxidáveis. E se há coisa que eu detesto é que os clipes enferrujem e manchem as folhas onde eu produzo os meus queridos manuscritos.

De facto, este vosso amigo arruma todos os seus manuscritos por temas e por datas. Nalguns costumo mesmo escrever a hora e o local onde foram produzidos. E guardo-os todos em dossiês devidamente catalogados. Mas recuso-me a agrafá-los. Os agrafes deixam sempre a sua marca indelével: uns furinhos irritantes que nunca mais desaparecem. Claro que podemos tirar os agrafes de um documento. Mas nunca mais vamos conseguir eliminar os buraquinhos que eles causaram. Por isso não uso agrafes mas sim clipes. Os clipes podem dobrar ou amachucar os cantos das folhas de papel, mas é sempre possível aquecer um ferro e dar-lhe o toque preciso para que aquele documento pareça que nunca foi alvo da intervenção de um arquivador. Um documento arquivado é um documento morto. E eu recuso-me a pensar que algo do que eu escrevo possa ser arquivado. Os meus documentos quero-os vivos, mesmo depois de publicados, quero-os vivos. Mesmo depois de arquivados, quero-os vivos. Como se fossem, por exemplo, batatas, que mesmo depois de armazenadas para serem comidas, podem ser resgatadas ao merouço, metidas na terra e de seguida darem novas sementes e etc.

Por isso uso clipes. E com as distintas cores elaborei um código secreto de arrumação que me permite a mim, e só a mim, saber do que fala cada documento, com que intenção foi escrito, a sua qualidade intrínseca, o preço que adquiriu no mercado, etc. Mas acontece que agora, por qualquer razão que eu não atino, comecei a confundir as cores dos clipes com as cores dos deputados da Nação. Aqui há uns meses agarrava instintivamente no clipe apropriado para arrumar um meu escrito. Agora não consigo. Confundo a cor dos clipes, volto a repetir, com as cores dos deputados (devido a todos, ou quase, serem oriundos da província, daí o seu colorido especial, como acima referi, num apontamento com alguma graça e com certo sentido de humor e de oportunidade, se me é permitida a indiscrição) e destes com as cores dos alimentos que imagino como fazendo parte das minhas receitas culinárias que escrevo para o diário da capital e, ainda, com os matizes dos acontecimentos triviais dos governantes e comentadores da capital, que explico e registo nos jornais de província, e por isso…

Já viram o problema que é confundir uma recensão crítica da biografia de Álvaro Cunhal por Pacheco Pereira arrumada com um clipe, por exemplo, vermelho (que digo desde já não ser o verdadeiro código por ser demasiado evidente), com uma receita de tomate arrumada com um clipe magenta? Ou vodka com laranja salpicado de salsa e pepino arrumado sob a força compressora de um clipe rosa e a receita de uma salada russa arrumada sob um clipe dourado? Ou a recensão sobre um livro de crónicas de Lobo Antunes sob a meticulosa pressão de um clipe azul, que é a cor da monarquia, do F. C. Porto, do CDS, do céu ou do mar e, ao mesmo tempo, deparar-me com um comentário ao Caim, o derradeiro livro de Saramago guardado sob a força demiúrgica de, também, um clipe azul? Ou a crítica a um discurso do presidente Cavaco Silva aferroada sob a energia uniforme de um clipe cinzento? Que digo desde já, e por causa das coisas, não ser o código correto, por demasiado evidente, como muito bem diz o povo na sua colossal sabedoria. E, sendo assim, nem sequer me tinha dado ao trabalho de elaborar um código secreto de arrumação tão previsível e muito menos me tinha metido nesta descodificação labiríntica que me fez perder o fio à meada.

Cheguei mesmo ao ponto de arrumar uma crítica à Quadratura do Círculo sob a força discreta, mas honesta, de um clipe de três cores: magenta, azul e amarelo. Ora estas são as cores básicas da impressão em offset. Por isso vi logo que me tinha confundido no código. Para a cor desse clipe tinha que ter, pelo menos, escolhido o preto, que é a cor que absorve todas as outras. Ou a cor vermelha que é a que me vem logo à cabeça quando penso no velho aforismo da cenoura e do burro, pois na minha imaginação essa tertúlia tem a clarividência do povo quando põe eufemisticamente a citada cenoura vermelha à frente do animal para o ver correr atrás do alimento. E, se repararem, o aforismo até é um pouco intrincado, daí eu me basear nele para o citar como exemplo da lógica em que assentou a filosofia que serviu de base ao meu código. Que não é simples, mas também não é complicado por aí além. Pelo menos para mim, que me conheço bem. Ou conhecia. Pois agora deu-me para confundir tudo. Confundir as cores, os políticos, os comentadores, os governantes, os escritores, os jornais de província, os jornais de referência e os blogues.

Por isso estou num estado de alma prostrante. E não posso pedir, por muito que queira, a vossa ajuda. Em primeiro lugar porque a minha lógica é isso mesmo, minha, e, por isso, não vossa. Em segundo lugar podia recorrer-me de Jacques II [Jacques II de Chabanes, conhecido por Jacques de la Palice (ou de la Palisse)], mas devido à singeleza das suas verdades era bem capaz de ser convidado a candidatar-me a alguma junta de freguesia, à direcção dos bombeiros ou de alguma associação cultural. Mas eu não tenho nem tempo nem as qualidades específicas para exercer esse cargo. Sou muito criativo. Por isso sou vítima das minhas próprias qualidades. Podia, em terceiro lugar, socorrer-me do apoio de um daltónico, para me ajudar a mover no labirinto de um mundo (a)cromático muito próprio de quem não enxerga certas cores, confunde outras e atina apenas com algumas, que variam conforme o grau de daltonismo.

Podia fazer tudo isso, mas vou optar por estabelecer um código numérico. Os números batem sempre certo. A matemática é infalível, um pouco à semelhança da economia do nosso país, que só não avança devido à relatividade dos sucessivos governos.

Por falar em governos, não sei se por lá usam agrafes ou clipes. E muito menos conheço se por lá possuem algum código secreto para arrumar documentos. Mas pelo que vou vendo e ouvindo parece-me que não sou o único a confundir as cores, os assuntos e os protagonistas.

O que sei sim é que a política não é uma coisa de números, mas antes uma mistura de clipes coloridos. Não sei se estão confusos. Se for esse o caso recomendo a releitura pausada deste escrito. É que a determinação faz o bom leitor. E é bom de ver que nem todos os blogues são de leitura fácil. Nem, como tão bem explicava Saramago, podemos todos ser bons leitores.

PS – Por favor não saiam à rua com as calças rasgadas. Eu sei que é moda, mas, porra, calças rasgadas são e serão sempre calças rasgadas. Dão um ar de desmazelo. E os leitores deste jornal têm de ser pessoas aprumadas. E para buracos já chegam os das nossas estradas e os da economia nacional.

23
Dez21

Poema Infinito (592): Natal

João Madureira

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O som da tempestade chega até nós amortecido pela distância. O frio parece azul. Encosto a testa quente ao vidro da janela. O Natal também pode ser triste. Cada vez falta mais gente à mesa. O desconsolo aperta-me a garganta. As vozes parecem estar envoltas em neve. As pessoas andam lá fora carregadas de prendas. Os presépios estão montados com o tradicional aparato de pastores, ovelhas, reis magos e a linda família natalícia. Os pinheiros estão radiantes, difundindo uma luz quase triste, quase alegre. Estes deuses devem ser falsos. Todos estamos presos entre as minúsculas raízes do quotidiano. O Pai Natal usa dentadura postiça e muletas. As consoadas sempre foram festas de primos. De invejas. Para alguma coisa tem de servir a família. E a afetiva quadra natalícia. E a troca de presentes. E a má literatura. Provavelmente devíamos meter a literatura natalícia, e o respetivo galo da missa, no incunábulo de onde saíram. E ficarmo-nos pelo presépio, pelo alvoroço, pela adoração dos pastores e pela pobreza eterna do Menino. A verdade é que a criança, apesar de divina, andou em apertos durante nove meses, como o mais comum dos mortais. E por aí jazem os resíduos do Natal, os seus pedaços sentimentais, as suas gulodices sacramentais. O Natal é um vício. Há sempre o regresso de alguém, a evocação do tempo e das vivências do passado, a reconciliação em abstrato, o sofrimento teórico, a tragédia salvífica, a ruralidade, o mau tempo (chuva, frio, vento, geada e neve). E  o aconchego do lar. As parábolas também funcionam muito bem. E o bacalhau. E o polvo. E as rabas para o Zé Mário. É bonito beijar o menino que nos é exposto pelo senhor abade. Sempre sorridente, de perna ligeiramente cruzada e de dedo divinamente em riste. Depois a poesia solta voos temerários. Depois os anjinhos abrem as suas asas e ampliam o espaço e fazem com que a manjedoura se transforme num berço de ouro. Então, os fantasmas negros vão dançar as suas danças macabras para junto das gentes grotescas e bárbaras. E, os tais anjinhos, começaram a cantar. Não há Natal sem cânticos. O Natal nasceu aldeão porque é aí que as coisas são francas, espontâneas e decididas. E simpáticas. E robustas. E belas. A superstição faz-nos encarar o ocorrido parto pelo lado maravilhoso, através da sua configuração humana. De roda da fogueira há as gargalhadas esganiçadas e estridentes das moçoilas. E lá fora ouve-se o som surdo e compassado dos tamancos dos moços que vão à missa do Galo, essa boa instituição religiosa do catolicismo. Para o bem e para o mal, a Igreja sempre gostou de criancinhas. As lembranças são sempre desfloradas. O problema é que há quem, por vias travessas, se deixe tentar pelas flores do mal. É difícil conciliar o viver íntimo com as convicções morais e religiosas. E aos padres tanto lhes falam os anjos como os demónios. E, por vezes, confundem-se e confundem-nos. As suas vozes são muito idênticas. Então começam a aparecer e a desaparecer as luzinhas. Mas vamo-nos ficar entre a probidade de uns e a virtude dos outros. E vamos todos lançar-nos à consoada. Lá fora os ventos fazem estalar os carvalhos e os fantasmas da montanha gemem. Cá dentro, o cepo-do-natal crepita e aquece. O santo lenho será feito com as melhores partes da árvore. Mas isso será para mais tarde. A Páscoa ainda vem longe.

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