Poema Infinito (725): Orgasmos e etc.
Há jovens que se preocupam com a fortuna e escrevem maus versos e más histórias e romances acrobáticos onde as ninfas fodem, ou se deixam foder, por faunos faustosos e desventurados. Apesar da fortuna e do sucesso, esses jovens que se vestem de botox, continuam a escrever maus romances, cheios de borboletas mal-fodidas, e más histórias de machos prepotentes e impotentes, e maus versos com pederastas debochados e fernandos pessoas bêbados de absinto e de herbertos helderes a comerem sarrabulho com garfos feitos de vírgulas vaginais. Pondichéry é uma terra onde Adília Lopes se dobrou para escrever a sua poesia reunida em magotes. E se vestiu com dardos e sedas e damascos e se disfarçou de concubina e serviu Labão e financiou a edição dos seus poemas e parou a meio de uma passagem para pagar portagem para vir poemar para as terras do interior. Do seu e do nosso interior. Musas a fazer fortuna só se forem putas bíblicas a foderem em hotéis de luxo. A tinta no tinteiro tanto serve para escrever boa como má poesia, bons romances como narrativas espremidas como os bifes do complexo de portnoy. Louvada seja a masturbação. A obstinação de Diderot, quando bem aproveitada, serve para passar rasteiras a Sísifo. Tanto na subida, como na descida dos montes. O mau poeta a sacrificar páginas em branco. E o romancista fiduciário de Roth a torcer frases como se fosse Uri Geller a dobrar colheres com o pensamento. Tanto a boa como a má literatura tem um truque. Esse truque baseia-se sempre na distração, que é a ferramenta básica do ilusionista. Mandrake é banda-desenhada pirosa. Apesar do ajudante malaio, ele é um amante vegetariano. Apenas se alimenta de genitálias híbridas. As metáforas nascem do lado problemático dos poemas, por isso permitem aproximações sexuais vertiginosas. Os poetas de maus versos e os romancista amadores de bifes bifurcados chamam às senhoras putas digníssimas meretrizes. O que é pior a emenda que o próprio soneto. Fêmeas babilónicas, cheias de sensualidade e luxúria, desencadeiam imaginação de monstruosas cópulas por parte dos amantes insones a quem as manhãs costumam encontrar dobrados ao meio por causa das rotinas. O amor repentino é como um iglô no meio do deserto. E disso nem o amor dos maus fazedores de versos rimados conseguem salvar a literatura. E esses brilhantes manuseadores escrevem com hieróglifos obscenos histórias ainda mais parvas do que as do Walt Disney. Poetas e romancistas a estrangularem frases como se fossem sexos estrangeiros. A luxúria não admite emigrantes. Há versos que podem ser perigosos como fogo. Por isso eu trago nos bolsos sempre uma caixa de cargas de tinta permanente com que alimento a minha caneta. Eu não costumo ler os meus poemas porque lhes tenho medo. São como cartas fechadas sem selo e sem remetente. Também se podem passar muitas horas a escrever maus versos. Ninguém os sabe distinguir dos bons versos. A verdade é que os bons versos não enriquecem ninguém. Há poetas que são vítimas de entropia e outros da estupidez. Uns que são vítimas do bom sexo. E outros do mau sexo. É mais fácil distingui-lo em palavras do que no próprio ato. É difícil discorrer sobre estes assuntos sem recorrer a linguagem ordinária. Mas no amor é frequente utilizarem-se palavras obscenas sem que ninguém se surpreenda ou dê o coito por interrompido. Orgasmo. Fim. Hesitação. Perseverança. Orgasmo. Fim. Etc.