211 - Pérolas e diamantes: Sair ou não sair? Eis a questão…
Todos sabemos que os partidos políticos já não são organizações que formam a opinião pública e lhe dão corpo. São, nos tempos que correm, sobretudo agências de promoção social dos seus principais membros.
Mas existe especialmente um que apenas tem espaço, e alma, para o pensamento económico. O seu líder, em campanha eleitoral, afirmou desejar um novo tempo, protagonizado por pessoas capazes de criar valor porque possuíam valores.
É agora evidente que nem ele nem os que o rodeiam são capazes de evoluir e, muito menos, de cumprir com a palavra dada. É o triste fado dos políticos portugueses, nunca acompanham os movimentos das ideias, vão sempre atrás dos outros. E mentem descaradamente.
Ângelo Correia tem razão quando afirma que os partidos se comportam como comunidades numa sala cerrada, pois não dialogam, preferindo antes jogar em círculo fechado.
A Visão, com o título “A face oculta do PSD”, noticiou que a Procuradoria, a Judiciária e as Finanças andam a investigar uma agência que trabalhou em dezenas de campanhas eleitorais do PSD. Pela tal agência terão passado milhões de euros em faturas falsas, financiamento eleitoral proibido, concursos forjados e comissões para intermediários.
Esses dinheiros terão circulado por câmaras municipais e estruturas partidárias.
No universo dessa agência desfilaram governantes, deputados, autarcas e dirigentes partidários.
Ainda segundo a revista Visão, a agência de publicidade WeBrand fez dezenas de campanhas do PSD e por “ela terão passado milhões subtraídos ao erário público em negócios polémicos e ilícitos”. As ordens internas eram para “triplicar” os valores dos trabalhos efetuados, que os partidos pagariam depois do ato eleitoral.
A mentora da agência terá escrito a um amigo: “Estes trabalhos em Portugal não precisam de concurso… precisam de amigos para serem ganhos.”
Por isso é que a cada dia que passa todos nos sentimos um pouco como Silva Peneda. Já não são as pessoas que saem dos partidos. São antes os partidos que vão saindo das pessoas.
PS – Qualquer estudante do Secundário sabe que a teoria geral da relatividade explica as coisas maiores do universo, nesse sítio onde a matéria faz curvar o espaço e o tempo.
A teoria mais elaborada dos quanta aclara o muito pequeno, onde a matéria e a energia se dividem em ínfimos pedaços.
Mas, se tentamos usá-las juntas, as duas revelam-se absolutamente antagónicas.
Para que ao exercício do poder democrático e à respetiva transparência das contas públicas não lhes suceda o mesmo que às duas teorias citadas, mais uma vez renovamos o nosso apelo para que o senhor presidente da câmara, mais os seus distintos vereadores, aprovem uma auditoria às contas do nosso município, pois à mulher de César não lhe basta ser séria, tem de parecê-lo e quem não deve não teme.