A esperança do pobre
Porque sebastianistas, os portugueses sabem o que é ter esperança.
Os portugueses, mais do que ter esperança, são a própria esperança.
A esperança é quimérica.
Proust definiu-a em forma de sentimento: “Era como um pobre que deixa cair menos lágrimas sobre o seu pão seco quando pensa que talvez não tarde que um estrangeiro qualquer lhe dê a sua fortuna”.
Quiméricos foram: D. Sebastião, a Padeira de Aljubarrota, as perdizes e a pança de D. Carlos, o cavalo de D. Fuas Roupinho, D. Inês de Castro, Salazar, o Velho do Restelo, o olho cego de Camões, o próprio Camões, Fernando Pessoa (o heterónimo de Walt Whitman), o cardeal Cerejeira, os pastorinhos de Fátima, a Senhora que por lá apareceu, Álvaro Barreirinhas Cunhal, João Villaret, a Santa da Ladeira, Mário Soares, os cravos do 25 de Abril, o Mosteiro dos Jerónimos, ao pasteis de Belém, o Benfica, Pinto da Costa, Alberto João Jardim, a pedra Bolideira, José Sócrates.
E volto outra vez a Proust: “Para tornar a realidade suportável somos todos obrigados a alimentar em nós algumas pequenas loucuras”.
Para terminar sugiro que leiam a história de baixo para cima.