Sim, eu posso…
Sim, posso ir de encontro a ti, posso ir de encontro ao teu santo protector, ao teu filme preferido, ao teu olhar desiludido, posso ir de encontro ao mecanismo simples da inércia, sim eu posso ir. E vou quando me apetecer. Nada me impede. Nada. Outra coisa é falar. Falar é fácil. Falar por falar. Outra coisa é andar. Andar é fácil. Andar por andar. Nada me impede de andar e falar. Sim, posso ir de encontro às paredes e não me magoar. Outra coisa é amar. Amar é fácil. Nada me impede de amar. Difícil é amar-te. Isso implica muito esforço. Há uma exigência lógica nesse esforço. Por isso posso ir de encontro a ti e não te ver. Há muita intenção no esforço de ir de encontro a ti. E isso não é retórica. É impulso desenfreado. O poder de ir é avassalador. Nada me impede de ir de encontro a ti. No entanto hesito quando me olhas. No entanto, volto a repetir, posso ir de encontro a ti…