A nave navega
Geometricamente instalada no escuro a nave navega. E nem sente o vento, nem as ondas, nem o mergulhar das baleias. A nau desliza com a determinação dos mergulhadores industriosos.
Não é o círculo líquido que nos irá demover. Nem ele, nem os deuses do sal. O mar é uma muralha fluida, mas nem por isso deixa de ser terrível quando se enfurece.
No mar das palavras tudo se explica, nada se compreende.
Geometricamente instável, a palavra inquieta-se no mar das baleias.
Adjectiva-me, por favor, é que cada vez mais me aproximo do subjectivo central.
É a água.
Deixa-me navegar-te de encontro às enseadas.
A nave navega geometricamente fundeada nos teus lábios. Cada um adivinha-a no orgasmo súbito da aflição.