Sonho-te à velocidade dos gafanhotos
Sonho-te à velocidade dos gafanhotos. És uma metáfora deslumbrante, como uma história de amor de Robert Walser. A demora que intercede através do sonho e da realidade és tu quando falas de amor. Eu sou um interstício.
A velocidade é aparente. Devemos olhar sempre para além das cores, sabes explicar quando te arrelias. Eu não consigo. Deixo que as formas intercedam a meu favor.
Quando algo se inclina para o céu sonho com a luz do entardecer em Chaves. E isso basta-me para ficar calmo. O ruído do teu cabelo inocente fica suspenso no sorriso cru das crianças. Incendeia-se a noite. Algo de sagrado acontece quando respiras o ar da manhã. Sinto que foi por amares a noite. És como uma fotografia de palavras doces pronunciadas em movimento. És a festa desconhecida que cheira a orvalho. Provo-te como uma leitura explícita da bíblia. Há gozo no acto de te sonhar à velocidade das águias brancas. Sim, é isso o que sempre aguardei: a velocidade do branco.