Dedicado a Diniz Machado
Arranco-te da profundidade. És o meu sonho em progressão. A delicadeza do que diz Molero devora a infância como se fosse um sorvete. Cinematografaste os gestos essenciais. Adivinhaste a forma das árvores chegarem ao céu. A árvore da sabedoria apareceu-te em silêncio, revelando-te a sua abundância de tinta inspiradora. A notícia da tua morte fixou-se em mim como um mutismo suspenso na escuridão do dia. O pavor penetrou em absoluto pelo Outono dentro. Puseste-te a caminho doutra dimensão como um sussurro atónito. As sombras passeiam pelas ruas das palavras incessantes. A inteligência exterior começa agora a atravessar o Inferno de Dante. Imagino-te nos braços estupefactos das estrelas. As noites que se aproximam desmoronam-se. Tu, apesar de te explicarem morto, confundes-te com a paisagem da eternidade deste dia que nunca mais acaba. Sei que vais andar perpetuamente à roda para confundir a morte. És uma porta da imaginação. O teu grito extraordinário inspira os puros a não permanecerem indiferentes na luta entre a fantasia e o inferno.