Os gestos do vento
É fulgurante o teu corpo.
Fecho os olhos e aí vêm os gestos.
Expostas as mãos, incendeia-se o vento.
A água giratória emerge nos canais luminosos da verdade.
É fulgurante o medo do poder.
Mas existem palavras libertadoras. São as que surgem sem as procurarmos e por isso são leves.
Há um idioma de sedução, uma linguagem insensata, pungente, abrasadora.
O teu lugar é onde se elevam as águas, onde as raparigas se banham, entre o marulhar das ondas, onde os deuses têm sexo e os homens asas.
Não, não te falo de harmonia, porque ela queima.
Todo o teu olhar é pensamento e encerra uma beleza ameaçadora.
Não consigo escrever mais longe.
Nasceste no desgosto de uma primavera incompleta.
Aproxima os teus olhos pois quero descansar na luz que os inunda.