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Out08
Com o dedo mexo na dor
João Madureira
Com os dedos mexo na dor da afeição. Sem dor nada se mexe, nem a idade, nem o conhecimento da idade, nem a força do corpo. Não sei se é lentidão ou cadência, ou o campo revolucionário da paciência, mas a brutalidade da fome consome os olhares fabulosos dos famélicos. A ignomínia deita-se com a morte e acorda com o capitalismo. Por mais que se diga das razões dos pobres nada mexe no arrependimento dos infames.