Costumava deitar-me em ti
Costumava deitar-me em ti como se fosses um mês de Primavera. Havia violência nos campos rotativos que cruzavam as florestas. As manhãs absorviam as casas das encostas como se fossem bocas de pensamento. Também havia incêndios no pensamento do amor, como se de uma dor de livros se tratasse. Uma dor reveladora de um leitor afogado nas sílabas do poema. Havia ainda homens deitados sobre bocados de estrelas e o leitor afogado ardia na aproximação da noite. As palavras molhavam as aparências, as ervas movimentavam-se ao sabor da brisa na ressurreição da inocência. Mexias a boca na experiência dos dedos. Não existia arrependimento, nem corpo, nem delito. O corpo era eterno. O corpo era uma garganta enaltecida pela luminosidade dos crisântemos.