O rosto inclinado
O rosto inclina-se para a luz como num filme de Wong Kar Wai e sobre ele sopram arduamente as colinas em labaredas. Os nomes das coisas enchem-se do gelo perpétuo dos altos.
Não escrevas os nomes neste dia total.
As mãos descrevem frutos e os carvalhos sopram varas com que o criador ateia o lume do pecado. As mães batem com as mãos nas palavras e delas emerge a seiva cintilante dos organismos que amam.
O tempo também ama a razão.
Por vezes os sexos fecham-se por falta da doçura da paixão.
Quando tudo dorme brilham as janelas reflectindo os jardins convulsivos.
São de granito os laços que nos unem.