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Out08
A tua alma blasfemou
João Madureira
A tua alma blasfemou quando me abandonaste nos braços da luz fosca dos candeeiros do jardim. A chuva dizia que me querias entregar o corpo. A luz chovia devagarinho no meu desejo. Depois foste embora como uma luxúria provocante. Eram os tempos do imprudente pudor da mocidade. Eu apenas pretendia admirar o salto nu do desejo. Mas só consegui observar que a luz dançava por ti em voluptuosos círculos azuis.