O pensamento junta as nuvens
Donde vem este ar? O horizonte deste vento grávido de árvores confunde-se com os pássaros que rasgam os dias. Dilatam-se os corpos na chuva dos círculos. Tu cantas e escondes o desejo na meiguice da alvorada. Os teus lábios confundem-se com a fronteira das sombras. As sombras cantam a ternura dos abismos. O pensamento junta as nuvens nas cicatrizes dos anciãos. Olho para ti e tu já não passas, foste com o vento visitar as fontes. De súbito o silêncio falha o entardecer. Lá em baixo as crianças brincam com as árvores agitadas. As fadas ouvem-nas chegar e sossegam. Os gnomos pisam a dor da erva e falam da saudade. A negação é também uma saudade. A saudade é ainda outra saudade. As ideias amam o silêncio. O receio dos sonhos torna os olhares nítidos. A eterna novidade do mundo desce junto à realidade.