As minhas mãos
Hoje as minhas mãos escrevem a idade ardente da melancolia.
As minhas mãos já rasgaram as estações brancas até ao cume, como se o silêncio fosse uma coisa larga, uma aptidão para a desordem. Hoje as minhas mãos têm nos poros aberturas luminosas. A figura cavada nas grutas queima o tempo como um alimento manobrado. Agora a agitação é curva. A tua cara é alta e as tuas mãos sumptuosas. A estreita disposição das imagens transforma a tua boca num lenço de despedida.
Hoje as minhas mãos carregam a força das tempestades. Sorris-me quando te deixo. Essa é uma lei difusa que custa a entender.