Prece para quem aspira ao poder
Este mundo é tão absurdo que para se conquistar o poder é preciso espezinhar a amizade.
A conquista do poder é como um conto de Henry James: deliberadamente ambíguo.
Mas estou em crer que o exercício do poder é como um conto de Melville: não se consegue explicar.
No entanto, quando penso nestas coisas tristes, socorro-me Ataar, o místico poeta persa autor do d’A linguagem das Aves, e rezo: «Senhor, se te adoro por temor do Inferno, queima-me no Inferno, se te adoro com a esperança do Paraíso, exclui-me do Paraíso; mas se te adoro por ti mesmo, não me negues a tua imperecível formosura».